Crepúsculo.......

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Puxa, eu gostaria de saber como usar maquiagem. Eu aplico algum rímel,
delineador e aperto as minhas bochechas, na esperança de trazer um pouco de cor a sua maneira. Arrumo o cabelo para que ele caia artisticamente pelas minhas costas, eu respiro profundamente. Isto é tudo o que posso fazer. Nervosa, eu ando pelo hall de entrada com um sorriso e uma aceno para Claire, na recepção. Eu acho que eu e ela poderíamos nos tornar amigas. Fernando está falando com Elizabeth quando eu saio pelas portas. Com um largo sorriso, ele se apressa em abri-las para mim.Depois de você, Mai,— ele murmura. Obrigada. — Eu sorrio, envergonhada. Lá fora, no meio-fio, Taylor está esperando. Ele abre a porta traseira do carro. Olho hesitante para Fernando que me seguiu. Ele está olhando para o SUV Audi com desânimo. Eu viro e subo na parte de trás, e lá está Marília Mendonça sentada, vestindo seu terno cinnza camisa branca aberta no colarinho. Seus olhos cinzentos estão brilhando. Minha boca esta seca. Ela parece gloriosa, exceto que ela está olhando para mim com cara feia. Oh não! — Quando foi a última vez que você comeu? — Ela dispara, enquanto
Taylor fecha a porta atrás de mim.
Droga. — Olá Marília. Sim, é bom ver você também.— Eu não quero sua boca inteligente agora. Responda-me. — Seus olhos ardem. Puta merda....
— Um... Eu tomei um iogurte na hora do almoço. Oh, e uma banana.
— Quando foi a última vez que comeu uma boa refeição? — Pergunta ela, com azedume. Taylor desliza para o banco do motorista, liga o carro, e puxa para o tráfego. Olho para cima e Fernando está acenando para mim, como se pudesse me ver através do vidro escuro, bem não sei. Aceno de volta.— Quem é esse? — Marília dispara.— Meu chefe. — Eu olho para a bela mulher ao meu lado, e sua boca está apertada.— Bem? Sua última refeição?— Marília, realmente isso não é da sua conta, — Eu murmuro, sentindo-me extraordinariamente corajosa.— Aconteça o que acontecer, sempre será da minha conta. Diga-me. Não, não é. Eu gemo de frustração, desvio meu olhar para o céu enquanto Marília aperta os olhos. E pela primeira vez em muito tempo, eu quero rir. Eu sofro para sufocar o riso que ameaça borbulhar. O rosto de Marília amolece enquanto eu me esforço para manter uma cara séria, e vejo um traço de um sorriso atravessar seus lábios maravilhosamente esculpidos.— Bem? — Pergunta ela, com sua voz suave.— Pasta Alla Vongole, sexta-feira passada, — eu sussurro. Ela fecha os olhos enquanto a fúria e, eventualmente, o arrependimento, varrem todo o seu rosto. — Eu vejo, — diz ela, com sua voz inexpressiva. —Parece que você perdeu pelo menos cinco quilos, possivelmente mais, desde então. Por favor, coma, Maiara, — ela me repreende. Olho para baixo, para os dedos entrelaçados no meu colo. Por que ela sempre me faz sentir como uma criança errante? Ela muda de posição e se dirige em minha direção. — Como vai você? pergunta ela, sua voz bem suave.Bem, eu estou realmente na merda... Eu engulo. —Se eu te dissesse que eu estou bem, eu estaria mentindo.Ela inala drasticamente. — Eu também, — ela murmura. Estende o braço e aperta minha mão. — Eu sinto sua falta, — acrescenta.Ah, não. Pele contra pele.
— Marília, Eu...— Mai, por favor. Nós precisamos conversar. Eu vou chorar. Não. — Marília, eu... por favor... Eu chorei muito, — eu sussurro,tentando manter minhas emoções sob controle, — Oh, querida, não. — Ela puxa a minha mão, e antes que eu perceba que estou em seu colo. Ela tem seus braços em volta de mim, e seu nariz está no meu cabelo. —Eu senti sua falta demais, Maiara, — ela respira.
Eu quero lutar para sair dos seus domínios, para manter alguma distância, mas seus braços estão ao meu redor. Ela está me pressionando contra o peito. Eu derreto. Oh, este é o lugar onde eu quero estar. Eu descanso minha cabeça contra ela, e ela beija meus cabelos repetidamente. Este é o meu lar. Ela tem cheiro de linho, amaciante de roupas, corpo limpo e o meu favorito, cheiro de Marília Mendonça. Por um momento, permito-me a ilusão de que tudo ficará bem, e isso alivia a minha alma devastada. Poucos minutos depois, Taylor conduz o carro para uma parada na calçada, mesmo que ainda estejamos na cidade.— Vem, — Marília me tira de seu colo — nós ficamos aqui. O quê? — O heliponto é no topo deste edifício. — Marília olha em direção ao prédio como meio de explicação. Claro. Charlie Tango. Taylor abre a porta e eu deslizo para fora. Ele me dá um sorriso quente e paternal que me faz sentir segura. Eu sorrio de volta.— Eu deveria lhe devolver seu lenço.— Mantenha-o, Srta. Carla, com os meus melhores cumprimentos. Eu ruborizo, enquanto Marília vem ao redor do carro e pega a minha mão. Ela olha intrigada para Taylor que olha impassível de volta para ela, não revelando nada.— Às nove? — Marília diz-lhe.—Sim, senhora. Marilia, acena, enquanto se vira e me leva pelas portas duplas para o hall de entrada grandioso. Eu me deleito com a sensação de sua mão grande, seus
dedos longos e hábeis enrolados em torno de mim. Eu sinto aquela pressão familiar. Estou atraída como Ícaro indo para o seu sol. Eu já fui queimada e aqui estou eu novamente. Alcançando os elevadores, ela aperta o botão de chamada. Eu olho para ela, e ela está usando seu meio sorriso enigmático. Quando as portas abrem, ela solta minha mão e me convida para entrar. As portas se fecham e eu arrisco uma segunda olhada. Ela olha para mim, com seus olhos cinzentos vivos, e a eletricidade está lá, no ar, entre nós. É Palpável. Eu quase posso tocá-la, pulsando entre nós, atraindo-nos uma para a outra. — Oh meu Deus, — eu ofego enquanto me deleito brevemente na intensidade desta atração primitiva.— Eu sinto isso também, — diz ela, seus olhos estão nublados e intensos. O desejo pulsa de forma obscura e mortal em minha virilha. Ela aperta a minha mão e roça meus dedos com o polegar, todos os meus músculos se apertam, deliciosamente, dentro de mim.Nossa senhora. Como ela ainda pode fazer isso comigo? — Por favor, não morda o lábio, Maiara, — ela sussurra. Eu olho para ela, liberando o meu lábio. Eu a quero. Aqui, agora, no elevador. Como eu não poderia querer. Quer? — Você sabe o que isso faz comigo, — ela murmura. Oh, eu ainda a afeto. Minha deusa interior desperta de seu mau humor de cinco dias. De repente, as portas se abrem,quebrando o feitiço, e estamos no telhado. Esta ventando, e apesar de usar a minha jaqueta preta, eu estou com frio. Marília coloca o braço em volta de mim, me puxando para o seu lado, e nos apressamos para onde está Charlie Tango, no centro do heliponto, com as pás do rotor girando lentamente.Um homem alto, loiro, de queixo quadrado, vestindo um terno escuro salta e, abaixando-se, corre em direção a nós. Troca um aperto de mão com Marília e ele grita por cima do ruído dos rotores.— Pronto para ir, senhora. Ela é toda sua!— Toda a checagem foi feita? — Sim, senhora.
— Você vem buscá-la em torno de oito e meia? — Sim, senhora.— Taylor está esperando por você lá na frente.
— Obrigado, Sra. Mendonça. Tenha um voo seguro para Portland. Senhora. — Ele me saúda. Sem soltar-me, Marília acena, se abaixa e leva-me à porta do helicóptero. Uma vez lá dentro, ela me afivela firmemente no meu acento e aperta com força os cintos. Ela me joga um olhar astuto e um sorriso secreto.
—Isso deve mantê-la em seu lugar, — ela murmura. —Devo dizer que gosto deste cinto em você. Não toque em nada.Eu fico totalmente corada, e ela corre o dedo indicador na minha bochecha, antes de me entregar os fones de ouvido. Eu gostaria de tocar em você, também, mas você não vai me deixar. Eu faço uma carranca para ela. Além disso, ela pôs as tiras tão apertadas que eu mal consigo me mover. Ela senta em sua cadeira e afivela a si mesmo, em seguida, começa a executar a checagem de pré-vôo. Ela é tão competente. É muito sedutora. Ela coloca seus fones de ouvido e aciona um interruptor e a velocidade dos rotores aumenta, ensurdece-me. Virando-se, ela olha para mim. — Pronta, querida? — Sua voz ecoa através dos fones. — Sim.
Ela sorri com seu sorriso de menina. Uau. Faz tanto tempo que eu não vejo isso. — Sea-Tac torre, este é Charlie Tango-Tango Echo Hotel, liberado para decolagem para Portland via PDX. Por favor, confirme, confirme. A voz da controladora de tráfego responde, ela dá as instruções necessárias. — Confirmo, torre, Charlie Tango posição, confirmo e fim.— Marília vira dois interruptores, agarra o controle, e o helicóptero sobe lenta e suavemente para o céu da noite.Seattle e meu estômago caem para longe de nós, e há tanta coisa para ver.— Nós perseguimos o amanhece Maiara,agora o crepúsculo, — sua voz vem através dos fones de ouvido. Viro-me para olhá-la surpreendida. O que isso significa? Como ela pode dizer essas coisas tão românticas? Ela sorri, e eu não posso deixar de sorrir timidamente para ela. — Assim, com o sol da tarde, há mais para se ver neste momento, — ela diz. A última vez que viajei para Seattle estava escuro, mas esta noite a vista é espetacular, literalmente fora deste mundo. Estamos no meio dos edifícios mais altos, indo mais e mais alto.
— O Escala é ali. — Ela aponta para o edifício. — O Boeing está lá, e você pode ver o Obelisco Espacial1.Eu viro a minha cabeça. — Eu nunca estive lá. — Vou levar você, podemos comer lá.O quê? — Marília, nós terminamos.— Eu sei. Mas eu ainda posso levar você lá e alimentá-la. —Ela olha pra mim. Eu sacudo a cabeça e ruborizo, antes de tomar uma abordagem menos agressiva. — É muito bonito aqui, obrigada.— Impressionante, não é?— Impressionante que você possa fazer isso. — Você me lisonjeia, Srta. Carla? Mas eu sou uma mulher de muitos talentos.— Estou plenamente consciente disso, Sra. Mendonça. Ela se vira e dá um sorriso forçado para mim, e pela primeira vez em cinco dias, eu relaxo um pouco. Talvez isso não vá ser tão ruim.— Como está o novo emprego?— Bem, obrigada. É interessante.— Como é o seu novo chefe? — Oh, ele está bem. — Como posso dizer a Marília que Fernando me deixa desconfortável? Marília volta a olhar para mim. — O que há de errado? — Pergunta ela. — Além do óbvio, nada.— O óbvio? — Oh, Marília, você às vezes é realmente muito obtusa. — Obtusa? Eu? Eu não tenho certeza se aprecio o seu tom, Srta. Carla. — Bem, então não aprecie.Seus lábios se contorcem em um sorriso. — Eu senti falta da sua boca inteligente.Eu suspiro e eu quero gritar, eu senti falta de você, de você toda, e não apenas de sua boca! Mas eu continuo calma e olho para fora do aquário de vidro que é o para-brisa do Charlie Tango, enquanto continuamos para o sul. O crepúsculo está a nossa direita, o sol está baixando no horizonte, em chamas de fogo laranja e eu sou Ícaro novamente, voando muito perto. O crepúsculo tem nos seguido de Seattle, e o céu está repleto de opalas, rosas, e águas marinhas, tecidos perfeitamente em conjunto, como só a Mãe Natureza sabe fazer. É uma noite clara e nítida, e as luzes de Portland cintilam e piscam nos acolhendo, enquanto Marília maneja o helicóptero para baixo no heliponto. Estamos no topo de um edifício com uma estranha construção de tijolos marrons em Portland, de onde saímos a menos de três semanas atrás. Jesus, nós nos conhecemos há tão pouco tempo. No entanto, eu sinto como se a conhecesse por toda a vida. Ela desliga o Charlie Tango, apertando vários botões para parar os rotores e, finalmente, tudo o que ouço é a minha própria respiração através dos fones. Hmm. Isto me recorda minha breve experiência em Thomas Tallis. Eu empalideço. Eu não quero ir para lá agora. Marília desafivelou seus cintos e se inclina para desfazer os meus.
— Boa viagem, Srta. Carla? — Ela pergunta, sua voz suave, seus olhos cinzentos brilhando.— Sim, obrigada, Sra. Mendonça, — eu respondo educadamente.— Bem, vamos ver as fotos da menina. — Ela estende a sua mão para mim e eu a pego para sair do Charlie Tango.Um homem de cabelos grisalhos, com uma barba, caminha ao nosso encontro, com um largo sorriso, e eu reconheço-o como o senhor da última vez que estivemos aqui.— Joe. — Marília sorri e solta minha mão, para apertar a de Joe calorosamente.— Mantenha-a segura para Stephan. Ele vai estar aqui em torno de oito ou nove. — Vou fazer, Sra. Mendonça. Senhora, — diz ele, acenando para mim. —No andar de baixo seu carro a espera, senhora. Oh, e o elevador está na manutenção, você vai ter que usar as escadas.
— Obrigado, Joe. Marília pega a minha mão, e vamos para as escadas de emergência. — É bom para você que só são três andares, com estes saltos, — ela resmunga para mim, com desaprovação.Não é brincadeira. — Você não gosta das botas? — Eu gosto muito delas, Maiara. — Seu olhar escurece e acredito que ia dizer outra coisa, mas ela se detém. —Venha. Vamos com calma. Eu não quero que você caia e quebre seu pescoço.Nós sentamos em silêncio, enquanto nosso motorista nos leva para a galeria. Minha ansiedade voltou com força total, e eu percebo que o nosso tempo no Charlie Tango foi o olho da tempestade. Marília está bem quieta, pensativa... apreensiva inclusive, o nosso bom humor, de antes, se dissipou. Há tanta coisa que eu quero dizer, mas esta viagem é muito curta. Marília olha pensativa para fora da janela.
— Japinha é apenas uma amiga, — eu murmuro. Marilia se volta e olha para mim, seus olhos estão escuros e alertas, não transparecendo nada. Sua boca, ah, sua boca é uma distração espontânea. Lembro-me dela em mim, em todos os lugares. Minha pele aquece. Ela se move em seu acento e franze a testa.— Esses olhos tão lindos estão muito grandes em seu rosto, Maiara. Por favor, diga que você vai comer.— Sim, Marília, eu vou comer, — eu respondo automaticamente, em um chavão. — Estou falando sério.
— Você está? — Eu não posso manter o desprezo da minha voz. Honestamente, a audácia desta mulher, esta mulher que me colocou no inferno ao longo dos últimos dias. Não, isso está errado. Eu me coloquei no inferno. Não. Foi ela. Sacudo a cabeça, confusa.— Eu não quero brigar com você, Maiara. Eu quero você de volta, e eu quero você saudável, — diz ela em voz baixa.
O quê? O que significa isso?
— Mas nada mudou. — Você ainda tem Cinquenta Tons Escuro.
— Vamos falar sobre isso no caminho de volta. Nós chegamos. O carro estaciona na frente da galeria, e Marília sai, deixando-me sem palavras. Ela abre a porta do carro para mim, e eu saio.— Por que você faz isso? — Minha voz é mais alta do que eu esperava. — Fazer o quê? — Marília diz surpreendida.— Dizer algo como isso e depois parar.— Maiara, nós chegamos. Você não queria estar aqui. Vamos fazer isso e depois falamos. Eu particularmente não quero uma cena na rua. Eu fico passada e olho ao redor. Ela está certa. É muito público. Eu pressiono os meus lábios e ela olha para mim.— Ok, — eu resmungo de mau humor. Pegando minha mão, ela me leva
para dentro do prédio. Estamos em um armazém convertido, com paredes de tijolos, piso de madeira escura, teto branco e pilastras brancas. É moderno e arejado, e há várias pessoas que andam por todo o salão da galeria, bebendo vinho e admirando o trabalho de Japinha. Por um momento, meus problemas desaparecem, quando eu entendo que Japinha realizou o seu sonho. Um caminho a percorrer, Japinha! — Boa noite e bem vindo a amostra de Japinha Rodriguez. — Uma jovem mulher, vestida de preto, com cabelo castanho muito curto, batom vermelho brilhante e grandes brincos de argola, nos cumprimenta. Ela olha rapidamente para mim. Então ela observa Marília, muito mais tempo do que é estritamente necessário, então ela se vira para mim, piscando enquanto cora. Minha testa enruga. Ela é minha ou era. Tento não fazer uma cara feia para ela. Quando seus olhos recuperam seu foco, ela pisca novamente.— Oh, é você, Mai. Nós queremos a sua opinião sobre tudo isto, também. —Sorrindo, ela me entrega um folheto e me dirige a uma mesa com bebidas e lanches. Como ela sabe meu nome?— Você a conhece? — Marília faz uma carranca.Sacudo a cabeça, igualmente intrigada. Ela dá de ombros, distraída. — O que você gostaria de beber? — Eu vou tomar um copo de vinho branco, obrigado. Sua testa enruga, mas ela mantém sua língua e vai para o bar.— Mai!!! Japinha aparece através de uma multidão de pessoas. Caramba! Ela está usando um terno. Ela parece estar bem e está sorrindo para mim. Ela envolve-me em seus braços, abraçando-me com força. E é tudo que eu posso fazer para não chorar. Minha amiga, minha única amiga, enquanto Maraisa está fora. Lágrimas dançam em meus olhos.— Mai, eu estou tão feliz que você veio, — ela sussurra em meu ouvido, em seguida, faz uma pausa e de repente me segura no comprimento do braço, me encara. — O quê? — Ei, você está bem? Você parece, assim, estranha. Deus meu, você perdeu peso? Eu pisco afastando as lágrimas.
— Japinha, eu estou bem. Estou tão feliz por você. — Droga, não ela, também. —Parabéns pela exposição. — Minha voz oscila enquanto vejo a sua preocupação em seu, oh - rosto tão familiar, mas eu tenho que me segurar. — Como você chegou aqui? — Ela pergunta.— Marília me trouxe, — digo, de repente, fico apreensiva. — Oh. — O rosto de Japinha muda e ela me libera. —Onde ela está? — Sua expressão escurece.— Ali, foi buscar bebidas. — Aceno com a cabeça na direção de Marília e vejo que ela troca gentilezas com alguém que está esperando na fila. Nossos
olhares, o meu e de Marília, se cruzam, quando eu olho o seu caminho e os nossos olhos se fixam um no outro. E naquele breve momento, estou paralisada, olhando para uma mulher incrivelmente bonita, que olha para mim com alguma emoção insondável. Seu olhar quente, queimando em mim, e estamos perdidos por um momento, olhando uma para a outra. Macacos me mordam... Esta bela mulher me quer de volta,e no fundo,dentro de mim, uma doce alegria se desenrola lentamente como uma gloriosa manhã no início da madrugada.
— Ana! — Japinha distrai-me, e eu sou arrastada de volta ao aqui e agora. —
Estou tão feliz que você veio a exposição, devo avisá-la... De repente, a ‘Senhorita de cabelo muito curto e batom vermelho’ corta-a. —Japinha, o jornalista do Portland Printz está aqui para vê-la.Vamos. — Ela me dá um sorriso educado.— Como isso é legal? A fama. — Ela sorri, e eu não posso deixar de sorrir de volta, ela está tão feliz. — Vejo-a mais tarde, Mai. — Ela beija minha bochecha, e eu a vejo sair com uma jovem mulher, ao lado de um fotógrafo alto e magro.As fotografias de Japinha estão em toda parte, e em alguns casos, explodindo
em telas enormes. Há fotos em preto e branco; e coloridas. Há uma beleza etérea em muitas das paisagens. Em uma tela está o lago de Vancouver, retratando oinício da noite e as nuvens cor de rosa são refletidas na quietude da água. Resumidamente, eu estou transportada pela tranquilidade e paz. É impressionante. Marilia se junta a mim, e eu respiro fundo e engulo, tentando recuperar um pouco do meu equilíbrio anterior. Ela me dá meu copo de vinho branco. — Sera que está a altura? — Minha voz soa mais que normal. Ela olha intrigada para mim. — O vinho.— Não. Raramente o fazem nestes tipos de eventos. A menina é muito talentosa, não é? — Marília está admirando a foto do lago. — Por que outra razão você acha que eu lhe pedi para tirar seu retrato? —Eu não posso disfarçar o orgulho em minha voz. Seus olhos deslizam impassíveis da fotografia para mim.— Marília Mendonça? — O fotógrafo de Portland Printz se aproxima de Marília. — Posso tirar uma foto sua, senhora? — Claro.— Marília esconde sua cara de desagrado. Eu passo para trás, mas ela pega minha mão e me puxa para o seu lado. O fotógrafo olha para nós duas
e não pode esconder sua surpresa.
— Sra. Mendonça, obrigado. — Ele tira um par de fotos. —Senhorita...? — Ele pergunta.— Carla,— eu respondo.
— Obrigado, Srta. Carla. — Ele vai embora.— Eu procurei por fotos suas com garotas, na Internet. Não há ninguém. É por isso que Maraisa achou que você era gay. Os músculos da boca de Marília se contraíram e mostram um sorriso. —Isso explica a sua pergunta imprópria. Não, eu não tenho encontros, Maiara somente com você. Mas você sabe disso. — Seus olhos ardem com sinceridade.
— Então, você nunca teve um... — Olho em volta nervosamente para verificar que ninguém pode ouvir-nos — encontro com suas submissas? — Às vezes. Não eram encontros. Compras, você sabe. — Ela encolhe os ombros, seus olhos não deixam os meus. Oh, então é só no quarto de jogos, o Quarto Vermelho da Dor, em seu apartamento. Eu não sei o que sinto sobre isso.— Só você, Maiara, — ela sussurra.Eu coro e olho para os meus dedos. À sua maneira, ela se importa comigo.— Sua amiga aqui parece mais uma mulher de paisagens, não de retratos. Vamos olhar em volta. — Ela estende sua mão para mim e eu aceito.Passeamos, observando outras fotos, eu percebo um casal acenando para mim, sorrindo como se eles me conhecessem. Deve ser porque eu estou com Marília, mas um jovem está olhando descaradamente. Estranho.
Nós viramos a esquina, e eu descubro porque eu recebi olhares estranhos.
Pendurados na parede agora, estão sete retratos enormes de mim. Olho fixamente para eles, estupefata,o sangue escorrendo do meu rosto. Eu fazendo: beicinho, rindo, carrancuda, séria, divertida. Tudo em super close-up, tudo em preto e branco.
Oh Droga! Lembro-me de Japinha mexer com a câmera em um par de ocasiões em que ela estava me visitando e quando eu estive com ela como motorista e assistente de fotógrafo. Ela estava apenas tirando fotos, bem, eu pensava deste jeito. Mas ela tirou fotos minhas ao estilo de paparazzi. Olho para Marília, que está olhando, paralisada, em cada uma das fotos, por sua vez. — Parece que eu não sou a única, — ela resmunga enigmaticamente, sua boca se aperta em uma linha dura.Eu acho que ela está com raiva. Ah, não. — Com licença, — diz ela, prendendo-me com seu olhar brilhante e cinza, por um momento. Ela se vira e se dirige ao balcão da recepção. Qual é o problema agora? Eu assisto hipnotizada quando ela fala animadamente com a ‘Senhorita cabelo muito curto e batom vermelho’. Ela pega a sua carteira e entrega o seu cartão de crédito. Merda. Ela deve esta comprando uma destas fotos. — Ei. Então, você é a musa. Estas fotografias são ótimas. — Um jovem com uma madeixa de cabelo loiro brilhante me assusta. Eu sinto uma mão no meu cotovelo e Marília está de volta.— Você é uma mulher de sorte. — O louro sorriu forçado em choque para Marília, que lhe dá um olhar frio.— Sim, eu sou, — ela resmunga de forma enigmática, enquanto ela me puxa para um lado. — Você acabou de comprar um desses? — Um desses? — Ela bufa, sem tirar os olhos deles. — Você comprou mais de um? Ela revira os olhos. — Eu comprei todos eles, Maiara. Não quero nenhum olhar estranho e convidativo para você na privacidade de sua casa. Minha primeira inclinação foi rir. — Você prefere que seja você? — Eu zombo. Ela olha para mim, pego de surpresa pela minha ousadia, eu acho, mas ela está tentando esconder sua diversão.—Francamente, sim.— Pervertida, — eu olho para ela e mordo meu lábio inferior para evitar um sorriso.
Sua boca está aberta e, agora, sua diversão é óbvia. Ela acaricia o queixo, pensativa. — Não é possível argumentar com essa afirmação, Maiara. — Ela balança a cabeça, e seus olhos suavizam com humor. — Eu discutiria mais com você, mas eu assinei um NDA. Ela suspira, olhando para mim, com seus olhos escuros. — O que eu gostaria de fazer com a sua boca inteligente, — ela murmura.

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