Eu Sou a Namorada...

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Eu verifico a mim mesma no espelho. Que diferença um dia pode fazer. Eu
tenho mais cor nas minhas bochechas, e meus olhos estão brilhando. É o efeito Marília Mendonça. O que uma pequena disputa de e-mails com ela, pode fazer com uma garota. Eu sorrio para o espelho e endireito a minha camisa, a azul pálido que Taylor comprou-me. Hoje eu estou vestindo meu jeans favorito, também. A maioria das mulheres no escritório quer usar jeans ou saias vaporosas. Vou precisar investir em uma ou duas saia esvoaçantes. Talvez eu deva fazer isso este fim de semana, com o dinheiro que está no banco, do cheque que Marília me deu por Wanda, o meu Fusca. Quando eu ponho a cabeça para fora do prédio, ouço o meu nome ser chamado.— Srta. Carla? Viro-me com expectativa, e uma mulher jovem e pálida se aproxima de mim com cautela. Ela parece um fantasma, tão pálida e estranhamente vazia. Senhorita Maiara Carla? — Ela repete, e suas características ficam estáticas, mesmo quando ela está falando.
— Sim? Ela para, olhando para mim de cerca de três metros de distância, na calçada, e eu olho para trás, imobilizada. Quem é ela? O que ela quer?— Posso ajudar? — Eu pergunto. Como ela sabe meu nome?— Não... Eu só queria olhar para você. — Sua voz é estranhamente macia. Como eu, ela tem o cabelo ruivo, que contrasta fortemente com sua pele clara. Seus olhos são castanhos, como bourbon, mas vazios. Não há vida neles. Seu belo rosto está pálido, e marcado pela tristeza.—Desculpe, você me tem em desvantagem,— eu digo educadamente, tentando ignorar o aviso, o formigando pela minha espinha. Em uma inspeção mais próxima, ela parece estranha, desalinhada e descuidada. Suas roupas são dois tamanhos maiores, incluindo o seu casaco de designer.
Ela ri, um som estranho e discordante que só alimenta a minha ansiedade.
— O que você tem que eu não tenho? — Ela pergunta, com tristeza.Minha ansiedade se transforma em medo. —Sinto muito, quem é você?— Eu? Eu não sou ninguém. — Ela levanta o braço a arrastar a mão pelos cabelos, na altura dos ombros, e como ela faz, a manga de seu casaco levanta, revelando uma bandagem suja em volta do pulso.Puta merda.— Bom dia, Srta. Carla. — Virando-se, ela caminha até a rua enquanto eu estou enraizada no local. Eu vejo como seu corpo leve desaparece de vista, perdido entre os trabalhadores sendo despejados de seus vários escritórios.O que foi aquilo?Confusa, eu atravesso a rua para o bar, tentando assimilar o que
aconteceu, enquanto o meu subconsciente eleva sua cabeça feia e assobia para mim, ela tem algo a ver com Marília.Cinquenta é um bar, cavernoso, impessoal, com bandeirolas e cartazes de beisebol pendurados na parede. Fernando está no bar com Elizabeth, Courtney e outro Coordenador Editorial, dois caras das finanças, e Claire da recepção. Ela está usando seus brincos de prata da marca Hooped.
— Oi, Mai! — Fernando me dá uma garrafa de Bud.— Saúde... obrigada, — eu murmuro, ainda abalada pelo meu encontro com a Garota Fantasma.
— Saúde. — Nós batemos as garrafas, e ele continua sua conversa com
Elizabeth. Claire sorri docemente para mim.— Então, como tem sido sua primeira semana? — Ela pergunta.
— Boa, obrigada. Todo mundo parece muito amigável.— Você parece muito mais feliz hoje.Eu ruborizo. —É sexta-feira, — Eu murmuru rapidamente. —Então, você
tem algum plano para este fim de semana? Minha técnica de distração patenteada funciona e eu estou salva. Claire,uma de sete filhos, está indo para uma grande reunião de família em Tacoma. Ela está bastante animada, e eu percebo que não tenho falado com todas as mulheres
da minha idade desde que Maraisa foi para Barbados.Distraidamente eu me pergunto como está Maraisa... e Elliot. Devo lembrar de perguntar a Marília se ela ouviu falar deles. Ah, e seu irmão Ethan estará de volta na próxima terça, ele vai ficar no nosso apartamento. Eu não posso imaginar Marília ficando feliz com isso. Meu encontro mais cedo com a estranha Garota Fantasma desliza mais da minha mente.Durante minha conversa com Claire, Elizabeth me dá outra cerveja.— Obrigada, — eu sorri para ela.Claire é muito fácil de se conversar, ela gosta de falar e antes que eu perceba, estou na minha terceira cerveja de cortesia, de um dos caras das finanças.Quando Elizabeth e Courtney saem, Fernando se junta a Claire e eu. Onde é Marília? Um dos caras das finanças envolve Claire em uma conversa.— Mai, acha que você tomou a decisão certa em vir aqui? — A voz de Fernando é macia, e ele está de pé um pouco perto demais. Mas eu notei que ele tem uma tendência a fazer isso com todos, até mesmo no escritório. Meu subconsciente estreita os olhos. Você está vendo demais, ela me aconselha.
— Eu me diverti muito esta semana, graças a você, Fernando. Sim, acho que tomei a decisão certa.— Você é uma menina muito inteligente, Mai. Você vai longe.Eu coro. — Obrigada, — eu murmuro, porque eu não sei mais o que dizer.— Você mora longe? — Na Pike Market, distrito.— Não muito longe de mim. — Sorrindo, ele se move e se inclina ainda mais
contra o bar, efetivamente prendendo-me. —Você tem planos neste fim de semana? — Bem... um...
Eu a senti antes mesmo de vê-la. É como se meu corpo todo estivesse
altamente sintonizado com a sua presença. Ele relaxa e inflama ao mesmo tempo, é uma sensação estranha e eu sinto uma eletricidade pulsante me percorrer. Como uma cortina o braço de Marília está em volta do meu ombro em uma exibição aparentemente casual de afeto, mas eu a conheço de forma diferente.
Ela está me reivindicando, e nesta ocasião, é muito bem-vindo. Suavemente beija meu cabelo.— Olá, querida, — ela murmura.Eu não posso ajudar, mas me sinto aliviada, segura e animada com o seu braço em volta de mim. Ela atrai-me para seu lado, e eu olho para ela enquanto ela
olha para Fernando, sua expressão é impassível. Voltando sua atenção para mim, ela me dá um breve sorriso torto seguido por um beijo rápido. Ela está vestindo seu casaco listrado marinho, sobre jeans e uma camisa branca aberta. Ela parece comestível.
Fernando se mexe no assento, desconfortável.— Fernando, esta é Marília, — eu murmuro desculpando-me. Por que eu
estou pedindo desculpas? — Marília, Fernando.— Eu sou a namorada, — Marília diz com um sorriso pequeno e frio, que não atinge os olhos,enquanto ela aperta a mão de Fernando. Olho para Fernando, que está mentalmente avaliando a bela exemplar de feminilidade na frente dele.
—Eu sou o chefe, — Fernando responde com arrogância. —Mai mencionou uma ex-namorada.
Oh, merda. Você não quer jogar este jogo com Cinquenta Tons.— Bem, não mais ex, — Marília responde calmamente. — Vamos lá,
querida, temos que ir.— Por favor, fique e se junte a nós para uma bebida,— diz Fernando suavemente.
Eu não acho que isso é uma boa ideia. Por isso é tão desconfortável? Olho
para Claire, que está, obviamente, olhando de boca aberta e francamente com apreciação carnal para Marília. Quando eu vou parar de me preocupar com o efeito que ela tem sobre as outras mulheres?
— Nós temos planos, — Marília responde com seu sorriso enigmático.Nós temos? E um frisson de antecipação percorre meu corpo.
— Outra vez, talvez, — ela acrescenta. — Venha, — ela diz para mim, enquanto pega a minha mão.
— Vejo vocês segunda-feira. — Eu sorrio para Fernando, Claire, e os caras das finanças, tentando ignorar a expressão de Fernando, menos do que satisfeito, e sigo Marília para a porta.
Taylor está ao volante do Audi, esperando na calçada.— Por que estou com essa sensação de um concurso de mijadas? — Pergunto a
Marília quando ela abre a porta do carro para mim.— Porque era, — ela murmura e me dá um sorriso enigmático, em seguida, fecha minha porta.— Olá, Taylor, — eu digo e nossos olhos se encontram no espelho retrovisor.— Senhorita Carla, — Taylor me recompensa com um sorriso genial.Marília desliza ao meu lado, aperta minha mão,e gentilmente beija meus dedos. — Oi, — ela diz baixinho.Minhas bochechas ficam rosa, sabendo que Taylor pode nos ouvir, estou grata que ele não pode ver o escaldante olhar de molha calcinha que Marília está me dando. Uso todo o meu auto-controle para não saltar sobre ela aqui mesmo, no
banco de trás do carro. Oh, o banco de trás do carro. . . hmm. Minha deusa interior afaga o queixo delicadamente em contemplação silenciosa.— Oi, — eu respiro, minha boca esta seca.
— O que você gostaria de fazer esta noite? — Eu pensei ter ouvido  você dizer que nós tínhamos planos.
— Oh, eu sei o que eu gostaria de fazer, Maiara. Estou perguntando o
que você quer fazer.Eu olho para ela.
— Eu vejo, — diz ela com um sorriso perversamente obsceno. —Então...
você está implorando. Você quer implorar na minha casa ou na sua? — Ela inclina a cabeça para um lado e sorri, seu sorriso é tão sexy para mim.—Eu acho que você está sendo muito presunçosa, Sra. Mendonça. Mas para uma mudança, nós poderíamos ir ao meu apartamento. —Eu mordo meu lábio deliberadamente, e ela escurece sua expressão.—Taylor, casa da Srta. Carla, por favor.— Senhora, — Taylor reconhece e ele dirige-se para o tráfego.— Então, como foi o seu dia? — Ela pergunta.— Ótimo. E o seu?
— Bom, muito obrigada.Seu sorriso ridiculamente amplo reflete o meu, e ela beija minha mão de novo.— Você está linda, — diz ela.— Como você.
— O seu chefe, Fernando Zor, ele é bom em seu trabalho? Uau! Isso é uma mudança brusca de assunto? Eu franzo a testa. — Por quê? Isto não é sobre o seu concurso de mijada? — Marília sorri. — Esse homem quer a sua calcinha, Maiara, — diz ela secamente.Eu fico carmesim, enquanto a minha boca cai, e eu olho nervosamente para Taylor. Meu subconsciente inala rapidamente, chocado.— Bem, ele pode querer tudo o que ele quiser... por que estamos tendo essa conversa? Você sabe que eu não tenho interesse nele. Ele é só meu chefe.— Esse é o ponto. Ele quer o que é meu. Eu preciso saber se ele é bom em seu trabalho.Eu dou de ombros. — Eu acho que sim. — Onde ela está querendo ir com isso?— Bem, é melhor ele te deixar em paz, ou ele vai se encontrar com a sua bunda na calçada.— Oh, Marília, do que você está falando? Ele não fez nada de errado. —...ainda. Ele só fica perto demais.— Se ele fizer um movimento, você me diz.Isso é chamado de assédio sexual ou torpeza moral.
— Foi apenas uma bebida depois do trabalho.— Eu quero dizer isso. Um movimento e ele estará fora.
— Você não tem esse tipo de poder. — Honestamente! E antes de eu virar
meus olhos para ela, a realização atinge-me com a força de um caminhão de carga em alta velocidade. —Você, Marília?
Marília dá-me o seu sorriso enigmático.— Você está comprando a empresa, — eu sussurro horrorizada.
Seu sorriso desliza em resposta ao pânico na minha voz.— Não exatamente, — diz ela.— Você já comprou. SIP. Ela pisca para mim, cautelosamente.Possivelmente.
— Você comprou ou você não comprou? — Comprei.Que diabos?
— Por quê? — Eu suspiro, chocada. Oh, isso é demais.

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