Passarinhos

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É madrugada lá fora.

Ao invés de dormir, ouço o canto dos passarinhos,

Aprecio o contraste cruel entre a calmaria noturna,

E o tumulto em minha mente;

É frio, corpo em transe, alma correndo.


É madrugada lá fora.

Por um momento tive paz,

Abandonado, olhos inchados, sozinho.

Mas não estou de fato só,

Há os pássaros e a luz fraca da lua,

Não os vejo, mas sei que estão presentes

Eu os vejo, apenas em pensamento.


É madrugada lá fora.

Aguardo o dia novo com incerteza,

Um dia me livrarei desta dor que persiste em meu caminho?

Mesmo problema, por vez nova me saúda,

Acabaram as lágrimas, resta para mim e para minha mente

Os pássaros, a lua e alguém em meu coração, ainda vivendo.


É madrugada lá fora.

Abri as janelas uma vez, rapidinho,

Deixei entrar emoções, sorrisos e um toque de púrpura,

E tudo era um mar alegre, poesia crua.

Noite estrelada, já não queria mais nada,

Até as cores desaparecerem, e alguém deixar um vazio escuro

Onde hoje, nesta madrugada, me encontro ainda presente.


É madrugada lá fora.

Não houveram sonhos esta noite, lamentável suspiro, desespero.

Que o sol apareça em minha vida, sem demora.

Quero que a maldade leve embora, esses malditos passarinhos.

Já não sinto nada, queimando no frio, entorpecido.

Tenho medo do passado, do futuro, do agora.

Sangue jorra da alma, há caos aqui dentro

E é madrugada lá fora.

O Livro Sem PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora