Tifla

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Em meio ao infinito oceano,

Entre as ondas sangrentas,

Me encontro a contemplar as estrelas.

Sobre a maldosa ventania eu a vi.

Há uma fagulha de vida!

Eu clamei sua presença sem saber.

Desejei mantê-la a salvo.

Não a compreendo. Por que ela está ali?


Nas tardes, quando a chuva cessa,

O céu transforma-se em dourado,

Eu observo as nuvens, tinjidas pela emoção.

Sobre a silenciosa tristeza, eu a vi.

Há um fio de esperança!

Eu me tornei feliz sem saber.

Quis mantê-la em meu coração.

Mas ainda não entendo, por quê ela está aqui?


À noite, depois dos risos e das lágrimas alegres,

Sobre um quadro etéreo há um semblante esculpido.

Penso nas palavras ditas pela voz de um coração enigmático.

Na harmonia e calmaria noturna, eu a vi.

Como me sinto feliz!

Quis tocá-la uma vez.

Meus braços não puderam o fazer..

Minha alma pensou em silêncio

Por quê ela permanece ali?


Desde o alvorecer até a aurora do fim,

Senti a distância fazer-se presente

Enquanto admirava a crueldade do silêncio.

Onde o sol se põe, onde as aves desaparecem, eu a vi.

Há incerteza em seu olhar...

Quis devolvê-la ao seu mundo.

Senti-me incapaz e exausto.

Meus sentidos são confusos,

Ela ainda está ali?


Sonhei enquanto o sol se erguia,

Vislumbrei um sorriso nos raios luminosos.

Do outro lado onde estive, na luz da manhã prematura,

Nas gotas frescas da chuva, eu a vi!

Há um sentimento guardado.

Senti-me feliz novamente.

A luz apenas se disfarçou enquanto afastava-se de mim.

Lembrei da voz doce em meu silêncio,

Ela nunca partiu, sempre esteve aqui.


Estava frio, o horizonte enegrecido pela dúvida e indiferença.

Ela desaparecia do meu olhar outra vez.

Na dor de uma lágrima, eu a vi.

Fechei os olhos neste instante.

Suas ações estavam guiando somente seu próprio caminho.

Retornei a mim, sóbrio, sozinho.

Ela ainda voltará? Esperarei aqui.


As luzes se apagaram

E onde havia sorrisos, restou insensatez.

Cada vez mais distante, apesar de tão perto, eu a vi.

Quebrei outra vez, da mesma forma...

Contornos cinzentos, trilhas perigosas durante o dia e pesadelos ao entardecer,

Foi o que restou para mim.

E embora perdido e desnorteado, ainda estou aqui.

O Livro Sem PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora