Ontem, li minhas palavras de infância,
Descobri um velho eu, o novo eu de um tempo atrás.
Poemas mal feitos de uma criança
Que acreditava no amor, que era feliz, anseava a paz.
Sempre questionando a mim mesmo,
Sempre duvidava do mundo.
Havia construído o início do eu atual,
Era um prelúdio, recado ao futuro.
Lendo as velhas frases, lembrei de um sorriso que esteve sempre por perto
Era e ainda é inspiração, oásis quando a vida se torna deserto
Nas memórias que o pequeno poeta havia mantido, de certo
Eram outros sonhos, mas os mesmos versos.
Aquele sorriso me lembra o pôr do sol, final de tarde carmesin,
Ao longo do rio, a linha sem fim,
Horizonte que jamais entendi.
Era uma terra fértil e seria um lindo jardim.
Semeamos dentes-de-leão, rosas e jasmim,
O tempo uniria a um só coração, porém reguei pouco, as sementes plantadas ali.
E por vingança, o tempo a tirou de mim.
Não pude manter os passos precisos e fui tentado pela minha ignorância.
Não creio mais no amor, não há paz e nem tenho esperança.
Culpo o tempo pela minha hipocrisia, uma leve ironia, triste criança.
Oh não! Outra decepção, outra preocupação, covardia,
Adeus infância.
Mas não são apenas espinhos que assombram esta história,
Em minhas palavras, havia alegria,
Se converteu em poesia nas minhas memórias,
Por a perder, restou solidão para os últimos dias, escuridão para a alma.
Tenho o silêncio da noite em resposta, resta enfim, retornar às antigas palavras.
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O Livro Sem Palavras
PoetryLivro de que reúne alguns de meus melhores poemas noturnos. Cada capítulo, um sentimento, uma experiência ou um vislumbre de tudo aquilo que pode ser tornar poesia.