Disfarce

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Eu sou o oposto do que vêem os seus olhos.

Eu sou o que sempre fui por trás desta fantasia.

Espectro da noite, imerso em meus defeitos,

Alguém que prefere lugares escuros à ter que encarar a luz do dia.


Nunca tive a atenção deles, é triste estar sozinho,

Nunca poderei ser eu mesmo e ainda ser amado.

Dediquei minhas forças, meu tempo a montar uma aparência

Apenas para conversar e sorrir com alguém, ser feliz e abandonar este quarto.


Lágrimas caíram, eu só queria a sua companhia,

Mas você quebrou o que eu confiei às suas mãos.

A noite toda foi embora, apenas para me consertar,

E eu ainda te observo, inverno após inverno, verão após verão...


Sem dizer adeus, os que conheceram quem eu sou

Desapareceram e me deixaram aqui.

Paralizei seus corações desprotegidos.

Horror em meu olhar, pavor na escuridão, foi o que os fiz sentir.


Sou um monstro por dentro... E é difícil aceitar

Que mesmo em meus maiores esforços o desastre seja inevitável.

Encontrei a única forma de viver bem neste lugar,

De ser especial, de ser companhia desejável.


Construí este "eu" para isso, me fiz amável enfim,

Fraco à ferrugem da mente e ao passado mal acabado.

Inabalável pela superficialidade que me cerca,

Mas pela maldade do tempo e do mundo, facilmente derrotado.


É a minha forma de admirar e ser admirado,

Meu canto particular em meio a isso tudo.

Capa de alegria, sorriso popular.

É meu escape da tristeza, porta de entrada para o mundo.


Trago um sorriso por debaixo da máscara sensível,

Apesar de tudo, tenho amigos de verdade.

Aos poucos, me torno reconhecido por ser assim,

Eu sou o que sempre fui, mesmo sendo ou não verdade.


O Livro Sem PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora