Eliza parece ser uma garota normal com uma vida perfeita, uma família perfeita, a casa perfeita, a cidade perfeita.
Algo que quase ninguém sabe é que a nossa pequena garotinha adora fazer as noites das pessoas da França um verdadeiro caos. Assombrar...
Estou ficando cansado e preciso de algum lugar para começar E se você tiver um minuto, por que não vamos Falar sobre isso em algum lugar que só nós conhecemos? Isto pode ser o fim de tudo
~somewhere only we know -Keane
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França, Paris 4 de abril de 2019
Depois de ler e pesquisar tudo aquilo sobre os irmãos Besta Fera não consegui relaxar, sentia meu corpo tenso a todo instante.
Minha cabeça martelava e martelava a cada segundo, perguntas sem parar apareciam em minha mente. As vozes resolveram ficar caladas, pareciam já saber sobre o que acabei de descobrir, ou apenas queriam me deixar sozinha para me torturar.
Relaxo meus músculos doloridos na água quente da banheira, a temperatura era tanta que queimava e ardia cada uma de minhas células. A fumaça tomava conta da minha visão, embaçando a superfície lisa do espelho.
A meia luz que iluminava o ambiente deixava tudo mais calmo, ou era isso que eu queria transparecer para mim mesma.
Falem alguma coisa, qualquer coisa!- imploro apertando os olhos, já não aguentando mais o silêncio ensurdecedor.
Com o corpo submerso, fico de joelho para alcançar as roupas usadas que estão jogadas no chão.
Vasculho os bolsos até achar o maço de cigarros, ascendendo um e tragando logo em seguida.
Logos minutos se passam até que alguma das vozes se pronuncie.
Em nenhum momento consegui parar de pensar no segundo mundo, era insano.
Querida, já não temos o que falar, nossa missão jáestá quase concluída...
Sim, quase, eles não vão nos deixar com você durante muito mais tempo.
Acham que somos boas influências para você, minha garotinha cruel.
Abro os olhos confusa e atordoada, não fazendo a menor ideia das coisas que dizem.
-Mas do que vocês estão falando? Eles quem?
E nenhuma resposta.
Silêncio completo, de novo.
Apago a pequena bituca de cigarro que estava prestes a queimar meus dedos quando escuto um barulho.
Cérbero passa pela porta, adentrando o banheiro com calma, caminhando vagarosamente até onde eu estava.
Ponho minha mão para fora da banheira e ele a cheira, se esfregando nela logo em seguida para pedir carinho.
É um cachorro manhoso e manso com quem merece, gosto de o comparar com uma criança. Fofo, dócil e carinhoso, mas quando se estressa, ou não consegue o que quer, faz o que for para transformar sua vida em um verdadeiro inferno. Inferno, ele realmente existe? O segundo mundo é o submundo?
