Quando se está casada a cinco anos, você ainda está perdidamente apaixonada, ou se acostumou com a rotina, e, no caso de Camila, filha de arquitetos e amante dos traços de um bom desenho, a rotina foi algo no qual ela se jogou. Embora o casamento nã...
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Eu não sei o que pensar. Na verdade, eu nem tenho tempo de pensar nada, porque Lauren já está partindo para cima de Christopher, com tapas e socos, e ele, por sua vez, não deixa passar, ou apenas se defende, ele parte pra cima dela, como se eles fossem dois irmãos com seis anos que não sabiam que aquilo era errado. Aumentando ainda mais a situação, Ashley saí em defesa de Lauren, e simplesmente começa a ajudar ela a bater em Christopher, isso tudo em menos de três segundos.
Michael é rápido em tentar separar, mas os três estão determinados, e Clara precisa sair do choque para ajudar Michael que estava recebendo socos de tabela, por estar no meio. Eu não me movo, primeiro porque sei que vou mais atrapalhar do que ajudar, e segundo porque as duas estão batendo mais nele do que ele está conseguindo bater nelas, e embora eu seja totalmente contra qualquer tipo de violência, minha falha de caráter –a segunda– vem com eu achando minimamente merecido aqueles tapas, socos e arranhões que Christopher estava levando. Lauren finalmente estava reagindo depois de todos esses anos, e só ela deve entender como deve ser um alívio finalmente poder punir ele por algo que a atormentou por dez anos. E, por fim, só Ashley deve entender o alívio de fazer o mesmo com quem acabou com a vida de sua melhor amiga, mesmo que quando você a conheceu, ela já estava quebrada.
Os gritos são constantes, principalmente os de Clara e Michael os mandando parar, até que, depois de longos minutos, Michael consegue puxar Lauren pela cintura, e isso da abertura para Clara trazer Ashley pra trás. Os cabelos delas estavam desgrenhados agora, como se elas realmente tivessem saído de uma briga.
— Meu Deus! O que vocês estão fazendo? – Michael grita, mas nenhum de seus filhos estão dando ouvidos. Ashley já se livrou dos braços de Clara, mas não parecia ter a intenção de avançar sem que Christopher faça isso primeiro. Mas Lauren ainda estava com seus braços enganchados para trás, sendo presa a Michael.
— Eu demorei muito tempo para finalmente começar a me sentir feliz de verdade de novo pela primeira vez em dez anos, e você não vai estragar isso de novo – eu consigo ouvir o ódio no tom de voz de Lauren. – Eu não matei Taylor, ela caiu! Foi um acidente! Eu cai junto com ela. Você tem noção de quanto tempo eu precisei para aceitar isso depois de implorar pra minha irmã morta que eu não aguentei segurar para acordar? Enquanto você estava naquele maldito quarto depois de me oferecer dinheiro pra sair logo da sua frente e ir com Taylor pro bosque.
— O quê? – Clara pergunta, boquiaberta.
— Ah, isso você não tinha contado? – Lauren solta uma risada. — Pois é, mãe. Quando Taylor me chamou eu me lembro muito bem de ter ido no quarto de Christopher e pedido pra ele ir com a gente porque eu estava com medo de não conseguir cuidar dela.
Lauren se força a se soltar dos braços de Michael, fazendo um sinal pra ele de que não iria avançar novamente.
— Diferente desse idiota, eu sei que isso não foi culpa dele, nós tínhamos uma babá, e se tem alguém que precisa ser culpada é ela, por ter dormido – Lauren continua –, mas a questão é que se você enfiou tanto na sua e na minha cabeça que eu fui a culpada de tudo, você também tem que assumir sua culpa. Se você tivesse ido com a gente, talvez isso não teria acontecido, não é? Você não perdeu uma irmã sozinha, Christopher, e eu estou cansada de te dar palco para agir como se fosse. Eu perdi minha irmã também, eu vi ela morta, eu também não consegui lidar com a morte dela.
