Quando se está casada a cinco anos, você ainda está perdidamente apaixonada, ou se acostumou com a rotina, e, no caso de Camila, filha de arquitetos e amante dos traços de um bom desenho, a rotina foi algo no qual ela se jogou. Embora o casamento nã...
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Nossa primeira parada é o bar, com bebidas à vontade, até mesmo as mais caras, e, como com Ashley, algumas pessoas a cumprimentam no caminho, perguntando o motivo do sumiço, e acho legal quando, com todas elas, Lauren não deixa de me apresentar. Não usamos rótulos, até porque repetir que éramos um caso fixo seria tosco, mas nossas mãos entrelaçadas deixava isso claro. Isso faz com que eu perceba, em alguma das vezes, que as pessoas ficavam decepcionadas, as vezes claramente por conta de Lauren, e outras, por minha causa, quando pegava o olhar da pessoa caindo sobre mim.
Isso não se torna relevante para nós, e acho que grande parte disso é que, inconscientemente, já esperávamos que isso acontecesse. Era a primeira vez que íamos a uma festa estando juntas, e era ilusão pensar que não teria ninguém dando encima de uma de nós.
Começamos a noite com uma dose de bourbon, e, a partir daí, eu já sabia que talvez não conseguiria cuidar das meninas da mesma forma que pensei. Sou o tipo de pessoa que, ao misturar uma gota de whisky com qualquer outro álcool, todas as minhas ações se tornam tudo, menos responsabilidade minha. E fazemos bem mais do que misturar apenas uma bebida. Ao decorrer da noite, viramos shots de bebidas que eu nem sabia o que era, tomamos drinks com mais álcool do que sabor, e até mesmos participamos da brincadeira de beber mais rápido e beber de cabeça para baixo.
Eu já não estava enxergando muita coisa à minha frente, mas esforcei o máximo que consegui para enxergar as horas no meu relógio de pulso, e já se passava das duas e meia da madrugada quando Lauren me arrastou para o segundo andar da festa, onde o ambiente era mais escuros e as músicas mais envolventes. Não sei em qual momento Ashley saiu de perto de nós, mas agora, ela está subindo as escadas do segundo andar com o corpo praticamente jogado na parede. Ela nos encontra rápido, de alguma maneira, e Lauren e eu paramos de dançar quando ela chega perto.
— Meninas, vamos começar a outra parte da festa – não sei se é sua voz que está embolada, ou minha capacidade de compreensão que não me permitiu entender aquilo na hora, mas sim precisar de alguns segundos para assimilar. – Tenho incentivos.
Ashley revela um saquinho, com alguns comprimidos coloridos lá dentro, e ela o balança, animada. Lauren segura meu rosto, me fazendo olhar pra ela, e seus olhos estão tão fundos, e tão vermelhos, que quase não da para enxergar o verde.
— Você vai usar?
Vejo uma expectativa em seu rosto, uma ansiedade para usar, e, embora eu nunca tenha feito isso, sou contaminada pela sua animação. Se ela estava tão entusiasmada com aquilo, é porque a sensação é boa. Quero terminar de aproveitar essa noite bem.
— Vou.
Lauren sorri, e Habits, da Tove Lo começa a tocar no mesmo segundo em que Ashley abre o saquinho, com tanto cuidado que parecia que os comprimidos iriam cair sozinhos.
Ela se aproxima de mim primeiro, até ficar tão perto, que consigo sentir sua respiração no meu rosto. Estava escuro aqui encima, senão pelas luzes de led que mudavam de cor com pausas longas, mas ainda consigo perceber o quão intimidante ela é de perto. Ashley tem a mesma altura que Lauren, então, é maior do que eu, e mesmo que ela já nem esteja usando os saltos mais, ainda fica alguns centímetros mais altas, o que a faz olhar pra baixo para me encarar nos olhos.
