Capítulo 06 - Dama-da-noite.

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Nós seguimos a lateral esquerda da casa, seguimos a trilha de pedras muito bem cuidada, até chegarmos na minha estufa

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Nós seguimos a lateral esquerda da casa, seguimos a trilha de pedras muito bem cuidada, até chegarmos na minha estufa. A estrutura prateada reluz a luz solar, e é possível enxergar minhas plantas lá dentro, pela transparência do material. Ela tinha um formato oval, como se você tivesse virado um pote redondo de cabeça para baixo.

— Você já deve ter vindo aqui antes, mas quero te –

— Eu não vim – Lauren me interrompe, me aguardando abrir a porta. – Digo, já passei aqui, mas não entrei aí dentro. Não sabia se você gostava de intrusos nas suas coisas.

Quero rir outra vez. Lauren parece mais filha de Clara e Mike do que Christopher, e, pelo o que ouvi, ela nem conviveu tanto com eles assim.

— Aqui é meu templo sagrado, e você tem passe livre para entrar e sair quando quiser – abro as portas, e já sinto o ar quente me atingir.

— Estou me sentindo lisonjeada – nós entramos, e o ambiente quente nos envolve.

Ela deveria se sentir lisonjeada mesmo, porque eu realmente odeio que entrem na minha estufa, tenho medo de que estraguem algum viveiro ou matem alguma planta.

Lauren observa tudo, seus olhos varrem cada canto que eles alcançam, e parecem brilhar. Se eu fosse descrever minha estufa, não teria outra forma melhor do que dizer que era um lugar infestado de plantas. Havia vários viveiros formando corredores não muito espaçados, com diferentes tipos de flores, plantas e ervas. Eu gostava de ter de tudo, menos as plantas grandes –com exceção de samambaias. Hoje em dia, tenho até mesmo um espaço na estufa apenas para cactos. Ela contava com uma quantidade de cores vivas abundantes, alterando entre o verde das plantas, e o rosa, roxo, azul, amarelo, laranja e branco das flores.

Era lindo.

— É tão reconfortante – ela diz. – Você cuida disso tudo sozinha?

— Sim – digo, orgulhosa, e pego em sua mão para a levar até onde queria, mas me arrependo no mesmo segundo. Minha barriga pareceu se revirar para cima e para baixo quando ocasionei o toque. Aqui era quente, mas parecia que era Lauren que me atingia com as ondas de calor. — É aqui.

Eu a solto, e vou em busca do meu alicate. Estamos diante ao meu viveiro de dama-da-noite, e as flores que eu me orgulho de vir admirar todos os dias se desprendem em suas raízes no suporte de estímulo, quase formando uma parede delas.

— É a dama-da-noite, as quais eu mais gosto aqui – digo, me aproximando do viveiro para, delicadamente, usar o alicate para retirar uma das flores. – E, por algum motivo que eu não saberei te explicar, eu as olho e lembro de você.

Entrego a Lauren, e ela não está olhando para a flor. Não a olha por nenhum momento enquanto estende as mãos para pegá-la. Seu olhar está em mim, e eu estou sentindo as ondas de calor novamente, e, dessa vez, bem mais intensamente, porque estamos mais perto, devido aos corredores estreitos. Não sei definir a forma que ela me olha, mas o par de esmeraldas acaba se tornando uma armadilha pra mim. Já não sei mais como reagir.

Heat WavesOnde histórias criam vida. Descubra agora