Capitulo 10 - "nunca fiquei tão fissurada em alguém"

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Camila não exagerou quando disse que a casa dos pais ficava na outra ponta da cidade

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Camila não exagerou quando disse que a casa dos pais ficava na outra ponta da cidade. Ficamos cerca de duas horas dentro do carro, devido ao trânsito de Seattle, e quando entramos em um dos bairros nobres da cidade, eu não me surpreendi pelo tamanho da mansão onde seus pais morava, a qual eles mesmo foram os responsáveis pelo projeto. A casa era robusta, mas rústica, com telhados triangulares enormes, assim como um portão de grades pretas gigantesco. Era a última casa da rua, e Camila disse que viveu ali toda sua vida. Nós paramos o carro na entrada do portão, e Camila desceu para cumprimentar o porteiro, que, pela idade, acredito que esteja trabalhando para a família desde que ela nasceu.
Eu permaneço dentro do carro, com o telefone na mão, conversando por texto com Ashley, a única pessoa em Nova York que eu realmente sentia falta e me fazia querer voltar.

Desde que eu me entendo por gente, sempre tive muitos amigos, sempre gostei de estar no meio de pessoas, de me socializar. Tanto aqui quanto em Nova York, não foi difícil pra mim fazer amigos, e eu estava sempre rodeada deles. Claro, perdi o contato de todos os amigos que deixei em Seattle quando me mudei, e com os de Nova York, desde que entrei no Ensino Médio, sempre soube separa-los. Eu tinha uma amiga de verdade, Ashley, nos conhecemos quando me mudei, pois ela morava na casa ao lado, e foi minha única felicidade e companhia durante os primeiros meses que me mudei. Todos os outros, eu considerava amigos, porém, amigos de festa, de passeios e baladas. Não que eles eram falsos, forçados, interesseiros ou qualquer outro adjetivo ruim que se possa dar para amigos. Eles só eram amigos de festa, e acho que, quando você sabe separar isso e não esperar nada mais deles senão companhia para beber e se divertir, você não lida com desilusões e expectativas quebradas. Nunca sofreria com a ausência deles caso eu estivesse mal e nenhum deles estivessem ali, porque eu não chamaria nenhum deles. Apenas Ashley.

A: Lucy perguntou de você ontem quando marcamos de encontrar todo mundo na Broadway, e ela ainda estava com a nova namoradinha dela do lado.

L: Ela já está namorando com outra? Ela me mandou mensagem perguntando como estava aqui em Seattle faz uns dois dias.

Lucy era minha ex-namorada. Tínhamos terminado já fazia meses, por questões de possessividade por parte dela. Lucy tinha vinte anos, também, e embora não fosse uma idade distante da minha, as circunstâncias de uma parte da minha vida me obrigou a amadurecer mais rápido, e eu não conseguia lidar com ela e seu pensamento de que o mundo tinha que girar ao seu redor. Não conseguia engolir a ideia de que ela não tinha sonhos, vontades ou objetivos. Lucy apenas queria virar noites em baladas, usar drogas e gastar o dinheiro dos pais. Ela era fútil. Claro que eu já sabia sobre isso quando começamos a namorar, mas ela não demonstrava com tanta clareza. Depois de um ou dois meses juntas, isso começou a me incomodar, principalmente quando ela reclamava que eu ficava muito tempo no meu ateliê pintando, e que eu deveria deixar isso de lado porque eu não precisava de dinheiro. Porém, éramos do mesmo grupo de amigos, e isso acabava resultando nas recaídas –quando ela não estava com seus namoros temporários. Íamos para a cama sempre que saímos para a balada com os outros, mas ter apenas aquela interação estava sendo bom. A gente transava, e eu não tinha o peso de estar namorando alguém fútil. Era apenas transas casuais. Lucy me dizia as vezes que queria voltar, que ainda "me amava", e isso aconteceu a alguns dias atrás, onde ela também disse que sentia minha falta. Não consigo entender como ontem ela já estava namorando a terceira garota do mês.

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