Quando se está casada a cinco anos, você ainda está perdidamente apaixonada, ou se acostumou com a rotina, e, no caso de Camila, filha de arquitetos e amante dos traços de um bom desenho, a rotina foi algo no qual ela se jogou. Embora o casamento nã...
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— Eu não acredito que estou me deixando ser levada pra dentro de um avião sem nem ver a minha passagem e conferir se estou indo para Roma mesmo – Lauren resmunga, pela terceira ou quarta vez desde que chamamos um táxi de seu apartamento.
Passamos o dia inteiro ontem apresentando Seattle e os pontos turísticos interessantes dela para Ashley, com direito a um bar no final da noite na companhia de Dinah e Normani, que, no fim, acabamos não ficando muito, já que precisaríamos estar no aeroporto pela manhã. Ashley se deu bem com todas, e na verdade, fiquei me perguntando se ela não era uma daquelas pessoas sociáveis que se dá bem com qualquer pessoa na terra. Durante o dia, também percebi algumas diferenças notórias entre Lauren e Ashley, que não faziam delas as melhores amigas que se parecem em tudo, ou que tem os mesmos gostos. Lauren gostava da calmaria, de estar cercada de plantas, no meio do nada, como sua casa que também fomos visitar está sendo feita. Ashley deixou bem claro que não gostava de mato, insetos e qualquer coisa que tinha a ver com morar sozinha no meio de um bosque, mas disse que faria esse esforço pela amiga. Lauren optava por roupas mais escuras, e Ashley pela paleta mais clara. Lauren não era a pessoa mais saudável e atleta que eu conhecia, Ashley nos fez reservar o restante da parte da manhã para correr. Lauren não sabia cozinhar. Ashley dominava o fogão, e dizia que era meio que um hobbie. Lauren não gostava de câmeras. Ashley trabalhava em frente a uma e gravava vários story por onde passávamos. Dentre outras coisas.
Mas elas se davam incrível e surpreendentemente bem.
— Pra onde você acha que vamos te levar? – Ashley pergunta, enquanto arruma o cabelo pelo reflexo da tela do celular.
Estávamos indo a caminho da recepção da primeira classe do aeroporto, e Lauren e eu estávamos de mãos dadas, enquanto puxávamos nossas respectivas malas com a mão livre. Era libertador andar com ela dessa forma, mesmo que ainda estivéssemos em Seattle. Na verdade, sinto que, mesmo que tivéssemos conversado sobre deixarmos claro depois, quando a poeira já estivesse baixa, começamos a levar o que tínhamos sem muito medo de realimente alguém descobrir. E eu gostava disso, porque de todos os namorados ou namoradas que tive, ela é a que eu menos quis esconder.
Irônico.
— Não sei, posso estar entrando em um avião direto para Dubai, prometida a algum árabe – eu rio automaticamente de sua resposta, enquanto Ashley a olha de cara feia.
— Ele te mataria nos primeiros minutos, e depois viria atrás de mim por ter vendido uma esposa "defeituosa" – Lauren solta minha mão para dar um tapa no ombro de Ashley, que ri, antes da tela de seu telefone brilhar com um número chamando. – Meu Deus, é a Vero!
Quando Ashley atende, percebo que é chamada de vídeo, e através da tela aparece uma mulher de cabelos negros e longos, e pele um pouco mais clara que a minha. Ela usava um biquíni, mas seu background era o que parecia um quarto.
— Faz dois dias que sai de Nova York e você já está com saudades? – Ashley pergunta, com um sorriso enorme no rosto, e a mulher do outro lado ri.
