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VINNIE H

Achei que não fosse saber o que fazer se a beijasse em algum momento. E apesar de aquilo ter sido uma grande coisa e de ter me deixado inerte por alguns segundos, nós conseguimos começar o dia normalmente como se aquela experiência tivesse sido apenas uma das coisas novas que América estava aprendendo. E realmente era, então eu deveria tratar assim. Não podia ficar beijando ela pelos cantos, isso seria me aproveitar e essa era a última coisa que eu queria fazer com a América. Não sei o que ela passou antes de chegar ali e temia agir de uma maneira que fizesse parecer que eu estava tirando proveito de sua vulnerabilidade.

Praticamos a leitura e eu fiquei impressionado em como ela era rápida em aprender. America conseguiu ler um texto inteiro sem gaguejar ou atropelar as sílabas e entendeu perfeitamente cada palavra. Parecia que ela nem precisava mais de mim para treinar.

— Como se escreve Hacker? — perguntou.

— H-A-C-K-E-R — ditei letra por letra e vi ela escrever. — Acho que você está pronta para ler um livro.

— Eu adoraria. — sorriu.

— Vem comigo.

Saímos da cozinha e fomos até o escritório, no qual eu ainda não havia entrado desde que cheguei ali. Não havia motivos para estar naquele cômodo e eu não tinha vontade de revisitá-lo. Agora os livros que eram guardados ali pareciam ser muito úteis.

— Quem é aquele? — América perguntou apontando para a pintura na parede que era vista assim que se abria a porta.

— Meu tataravô Alfred Hacker. — quando ela pareceu não entender, eu tive que explicar. — Ele é avô do meu avô.

— Nossa, então ele deve ser muito velho. — ergueu as sobrancelhas em uma expressão de surpresa.

— Ele já morreu há muitos anos. — eu ri. — Tem uma pintura dele em todas as propriedades da família. É como um lembrete sobre de onde viemos. Ele foi a raiz da fortuna de todos os Hacker.

— Fortuna? Como dinheiro?

— Sim. — assenti.

— Você tem muito dinheiro?

— De acordo com o meu imposto de renda sim. — fui até a estante de livros e comecei a procurar por um que ela poderia gostar.

— Onde a sua família está agora?

— Em Boston. — peguei um livro de aventura que eu costumava gostar muito na adolescência.

— E por que você não está em Boston?

— Eu te disse uma vez. Estou aqui para descansar.

— Tem trabalhado demais na sua empresa?

— Sim. — assenti. — E isso me fez perder muitos momentos importantes.

— Sua família está em Boston. Por que não está vivendo momentos importantes com eles?

— Por que de repente você ficou tão afiada? — franzi a testa. — Aqui. — ofereci o livro para ela. — Comece por esse.

Nós fomos para a parte externa da casa e América sentou em uma das cadeiras da varanda enquanto eu fui cuidar do jardim. A chuva havia alagado alguns lugares, ariscando estragar algumas flores que começariam a germinar. America estava lendo e parecia ter ficado concentrada com a história. Eu ficaria feliz se ela tomasse gosto pela leitura.

Segui trabalhando na jardinagem enquanto olhava para ela vez ou outra. Nossos olhares de cruzaram em um momento e eu vi ela abrir um pequeno sorriso de canto, desviando sua atenção para o livro em seguida.

Survival ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora