Survival ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

9

AMÉRICA

No dia seguinte, ele resolveu que me ensinaria a jogar xadrez. Vi em seus olhos que algo o perturbava quando ele pegou o tabuleiro e o colocou entre nós na mesa do escritório. Aquilo era difícil, mas era uma coisa que Vinnie precisava enfrentar.

— Esses são os peões. — indicou as peças menores. — Eles só se movem para a frente, cada um pode ser movido duas casas no primeiro movimento, mas apenas uma no andamento do jogo. — ao dizer isso, ele mudou a posição de uma das peças, mostrando visualmente como era.

— Entendi.

— Esses são os cavalos.

— Isso é óbvio. — eu disse, o fazendo rir.

— Os cavalos fazem movimentos em L, duas casas em um sentido e uma casa em sentido perpendicular àquele, em qualquer direção.

— Entendi.

— O bispo. — pegou outra peça. — Pode andar quantas casas você quiser, mas apenas na diagonal. A rainha não tem restrições, pode movimentá-la por todo o jogo na horizontal, vertical e diagonal. A torre também não tem restrições e pode ir para a frente, atrás, esquerda e direita.

— E esse? — apontei para a última peça.

— O rei. Pode ir para qualquer direção, mas apenas uma casa por vez.

— Entendi.

— Tem certeza? Eu posso anotar pra você.

— Tenho certeza. Peões para a frente, duas casas no movimento inicial cada um, uma casa no restante do jogo. Cavalo em L. Bispo diagonal. Rainha horizontal, vertical, diagonal. Torre frente, atrás, dos lados. Rei para qualquer direção apenas uma casa por vez.

— Uau! — piscou, impressionado. — Como você consegue gravar as coisas com tanta facilidade?

— Eu só consigo. — dei de ombros.

— Isso é incrível. Talvez você seja algum tipo de gênio.

— Gênio? — franzi o cenho.

— Alguém extremamente inteligente. — explicou. — A minha irmã era um gênio, por isso ela era tão boa nesse jogo. — sorriu fraco.

— E qual é o objetivo?

— Em resumo, o jogo acaba quando um dos reis é capturado. Você precisa proteger o seu rei a qualquer custo. Se ele ficar exposto a uma das peças do adversário, estará em xeque. Se for capturado, será um xeque-mate. As demais regras eu explico enquanto jogarmos.

Começamos a jogar e eu perdi as três primeiras partidas. Na quarta, Vinnie se viu com um pouco mais de dificuldade, mas ainda assim conseguiu vencer. Entretanto, na quinta partida eu fui a vitoriosa.

— Xeque-mate. — declarei derrubando o seu rei.

— Como...? — pareceu confuso.

— Seus movimentos até que são bem previsíveis. Você sempre olha para a peça que vai mover e para a direção em que ela irá antes de realizar o movimento. Isso me dá mais tempo para pensar sobre a minha próxima estratégia.

— É sério, você é um gênio! — ele estava impressionado.

De repente, uma frase surgiu em minha cabeça.

— O xadrez é como uma guerra. — falei. — Guerras terminam quando um dos governantes é derrubado.

— É uma das maneiras de se acabar com uma guerra, mas onde você viu isso?