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AMÉRICA

Maddy ficou me encarando constantemente desde que Vinnie e Jordan saíram. Foi muito incômodo ter que terminar o meu lanche na companhia dela e isso me fez perceber o motivo de Vinnie dizer que as pessoas não gostam de ser encaradas. Era realmente desconfortável.

Ao terminar o meu sanduíche, eu fiquei de pé, levei o prato sujo até a pia e o lavei, ainda sentindo que mesmo eu estando de costas ela continuava a me olhar. Depois de enxugar a louça, eu me virei de frente para Maddy e a encarei de volta.

— O que você quer? — ela perguntou.

— Eu não entendi a pergunta. — fiquei confusa.

— Vamos, jogue a real comigo. O que realmente pretende estando aqui e fazendo o Vinnie acreditar que você é um ratinho assustado? — estreitou o olhar.

— Eu não pretendo nada.

— Você está em apuros? Podemos te ajudar se você disser a verdade. Não somos rancorosos.

— Eu estou dizendo a verdade. Não lembro de nada. — falei com firmeza, esperando que ela aceitasse as minhas palavras.

— Você sabe que o Vinnie vem de uma família rica? — arqueou a sobrancelha.

— Ele me contou, mas eu não sabia disso quando cheguei aqui. — deixei claro.

— Não sabia mesmo? Não conhece os Hacker's?

— O único Hacker que eu conheço é o Vinnie.

— Hum. — murmurou ao cruzar os braços e olhar-me de cima a baixo.

Senti que eu deveria tentar melhorar as coisas com a Maddy, já que ela era alguém que o Vinnie gostava e ele me garantiu que com o tempo eu iria gostar dela.

— Você sabe jogar xadrez? — perguntei.

— Sim. — assentiu.

— Quer jogar comigo?

— Você se lembra de como jogar?

— O Vinnie me ensinou.

— Ele vem te ensinando muitas coisas? — perguntou de maneira sugestiva.

— Quase tudo o que eu quero aprender.

— Está bem. — suspirou. — Xadrez. Acho que eu vou vencer já que o Vinnie não é tão bom assim. — sorriu com sinceridade pela primeira vez desde que chegou.

— Eu acho ele excelente. — sorri também.

— Não o deixe ouvir isso.

Nós fomos para o escritório e sentamos uma de cada lado da mesa, eu com as peças pretas e ela com as brancas. Maddy era tão boa quanto o Vinnie, mas eu estava me aprimorando e a consegui vencer bem rápido na primeira partida.

— Quatro movimentos... — ela entreabriu os lábios surpresa. — Você me venceu em quatro movimentos! — arfou. — Tem certeza que foi o Vinnie quem te ensinou?

— Sim. — confirmei. — Você faz diferente. Quando está fazendo um movimento, já está pensando no próximo e nos resultados dele.

— Como você poderia saber?

— Suas expressões falam por você. Quando noto isso, mudo os meus planos e acabo com os seus.

— Isso faz de você um gênio. — ela estava de fato impressionada. — Não jogo com alguém tão bom assim desde... — parou de falar e seu olhar se tornou melancólico.

— Desde a Lin? — indaguei.

— Ele te falou sobre ela?

— Sim. A morte dela é o motivo de ele ter alguns bloqueios sobre mim. E é difícil pra mim ainda entender o luto, mas eu posso aceitar a dor dele.

Survival ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora