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AMÉRICA

Eu estava amando estar em Boston. A cidade era muito diferente do vilarejo, havia muitas coisas para conhecer. Achei que eu não fosse gostar tanto de ter uma terceira pessoa convivendo comigo e com o Vinnie, mas a Yolanda se tornou uma espécie de complemento que eu nem sabia que precisava e eu só precisei de dois dias para ver isso. Ela me trazia a sensação de algo que eu já conhecia, mas eu não fazia ideia do que era isso.

Era sábado de manhã e a Yolanda estava me ensinando a fazer biscoitos em formato de bonecos. Eu consegui realizar a proeza de me sujar inteira de farinha e estava com o rosto pálido, além de ter feito uma bagunça na cozinha.

— Espero que o Vinnie não se chateie comigo. — eu disse apreensiva.

— Não se preocupe, hija. Aqui quem limpa tudo sou eu. — apertou o meu ombro amigavelmente.

— O que significa hija?

— Filha. É uma mania carinhosa que eu tenho. — sorriu.

Alguma coisa se acendeu em minhas memórias.

— Muito bem, filha! Como você aprende rápido. — a voz doce dela soou ao meu lado.

Minha pequena mão segurava o lápis com um pouco de dificuldade, mas ainda assim eu consegui fazer todo o alfabeto.

— Mamãe, qual é o meu nome? — pergunto.

— Seu nome? Uh... Maria. Sim, seu nome é Maria. Mas não pode contar a ninguém, ok? É um segredo nosso. — segurou a minha mão.

Quando ergui a minha cabeça para olhar o seu rosto, a memória se desfez e eu voltei para a cozinha de Vinnie no presente.

— América, tudo bem? — Yolanda perguntou preocupada. — Não gostou de como eu te chamei?

— Imagina, Yolanda. Você pode me chamar como quiser. — eu sorri para tranquilizá-la. — Eu só lembrei de uma coisa que tenho que contar ao Vinnie. Volto em um instante.

— Mas, América...

Não esperei ela terminar de falar e corri até o escritório onde o Vinnie estava. Parei em frente e ergui a minha mão para a maçaneta, mas travei ao ouvir a voz de outro homem.

— Zyan Cooper aparentemente existe. — essa voz começou a falar. — Todas as informações que você tem são reais. Ele é conhecido por ser reservado e, sim, ele tem uma esposa e uma filha, mas faz o possível para mantê-las em sigilo absoluto pela segurança delas. Fui mais a fundo e realmente existe um boletim de ocorrência prestado pelo Daniel há poucos meses, mas eu não consegui nenhuma informação sobre o que se trata.

— Bom, então tem alguma verdade aí, mas isso não prova nada.

—Vinnie, será que agora você pode me contar os motivos de todas essas questões em cima desse homem?

— Não, desculpe. Já tem gente demais sabendo disso. E com gente demais eu quero dizer Maddy e Jordan. Consegui mantê-los longe daqui, mas eles não param de me ligar e me cobrar... — soltou um suspiro alto.

Ao invés de abrir a porta de vez como eu pretendia de início, eu bati três vezes civilizadamente.

— Pode entrar. — Vinnie disse.

Abri a porta apenas um pouco e fiquei parada na entrada. O homem sentado de frente ao Vinnie virou-se para mim e franziu o cenho, me olhando de cima a baixo em seguida.

— O que aconteceu com você? — Vinnie também me olhou com estranheza.

— Ah, isso? — baguncei meu cabelo, fazendo um pouco de farinha flutuar pelo ar. — Só um acidente enquanto eu fazia biscoitos com a Yolanda. — sorri sem jeito.

Survival ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora