Ética utilitarista

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Para lidarmos, não somente com o estresse diário, e sim com todos os problemas sociais que vivenciamos ao longo da vida, primeiro devemos entender qual o nosso papel aqui. Passar um tempo sozinho é importante e permite o autoconhecimento. Nesse aspecto, entra um campo fundamental; a Filosofia.

Ao longo dos séculos, a relação entre Filosofia e Psicologia foi complexa e diversificada. No começo, a Psicologia era considerada uma parte da Filosofia, e muitos dos primeiros pensadores que contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia eram filósofos. Por exemplo, os antigos filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, discutiram temas relacionados à mente e ao comportamento humano.

Durante o Renascimento e a Era Moderna, a Filosofia Natural começou a se separar da Filosofia como disciplina independente, levando ao surgimento da Psicologia como uma ciência distinta. A partir do século XVII, houve um movimento natural em direção a métodos empíricos e experimentais, causando a separação dessas duas áreas. À medida que a investigação científica se desenvolveu, a Fisiologia e a Medicina também se separaram e a Psicologia seguiu o mesmo caminho, adotando métodos mais científicos para estudar a mente humana.

Porém, muitos dos debates e questões filosóficas permaneciam dentro do campo da Psicologia. No século XIX, figuras como Wilhelm Wundt, o pai da Psicologia Experimental, e William James foram fundamentais na formalização da Psicologia como disciplina científica. Mas suas abordagens e métodos continuavam sendo influenciados por visões filosóficas. Wundt se inspirava no estruturalismo, uma perspectiva filosófica que dá ênfase à análise dos elementos básicos da mente. Por outro lado, James era mais pragmático em sua abordagem, buscando compreender como a mente se adapta ao ambiente.

Ao longo do século XX, a Psicologia continuou sua evolução, ainda tendo interseções significativas com a Filosofia, especialmente em áreas da mente, epistemologia e ética. Filósofos como Ludwig Wittgenstein, Gilbert Ryle e Thomas Nagel contribuíram para debates valorosos sobre questões fundamentais da natureza, da consciência, da relação entre mente e cérebro, e do conhecimento psicológico. Hoje, a relação entre Filosofia e Psicologia ainda existe. Filósofos e psicólogos frequentemente colaboram e dialogam uns com os outros sobre a teoria e a prática.

— Você vai gostar do meu pai — disse Giulia.

— Ele é bravo? — Perguntei.

— Um pouco.

— Ótimo.

Giulia me apresentou ao seu pai às pressas, porque ela precisava participar de uma palestra em outra cidade. Naquele domingo, choveu muito e acabei pegando a torrente. O sr. Amorim brincou com a minha capa de chuva. Era um professor de filosofia bem-humorado, alto e de cabelos brancos. Nós conversamos por quase duas horas sobre vida pessoal, trânsito e futebol. Quando eu disse que estava escrevendo um livro, ele me mostrou alguns de seus livros favoritos e me deu uma aula sobre Hobbes.

— Quem estava certo, Rousseau ou Hobbes? — Perguntei.

— Eu gosto mais de Hobbes — disse o sr. Amorim.

Para Thomas Hobbes, os seres humanos possuem uma tendência ao mal. Daí, a sua célebre frase: "O homem é o lobo do homem". Em contrapartida, Jean-Jaques Rousseau afirmava que o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe.

— Se o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe, logo ele não é tão bom assim — afirmei.

— Nesse caso, o homem está contido na sociedade, então seria o lobo de si mesmo? — Giulia me olhou com um semblante de riso.

— Talvez.

Coincidência ou não, o debate dos pensamentos de Hobbes e Rousseau existe há séculos na história da Filosofia e do pensamento racional. Em termos de ciência, as visões deles não são cem por cento científicas. Porém, alguns estudos em psicologia, sociologia e neurociência sugerem que os seres humanos têm tendências tanto egoístas quanto altruístas, e que elas podem ser influenciadas por uma variedade de fatores, incluindo contextos sociais, culturais e individuais. Dessa forma, é mais correto dizer que as perspectivas dos dois autores são abstratas.

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