Harry logo deixou Louis em seu quarto sozinho, tinha muita coisa para se preparar para o dia seguinte. Harry se sentia idiota em chamar Louis para fazer parte do trabalho da faculdade dele sendo que até semanas atrás estava sem conseguir olhar na cara dele sem querer socar seu rosto angelical mas sabia que não havia ninguém lúcido o suficiente para ajudar ele ali dentro. Na manhã seguinte, Harry acordou com os pensamentos claros, sabia o que deveria fazer.
Levantou da cama e colocou sua camisa azul do uniforme e uma calça jeans escura, vestia um moletom com a estampa da banda ac/dc, deu uma leve arrumada nos cachos e desceu até o refeitório para tomar café. Estava de folga, porém como morava no hospital junto com sua mãe, nunca realmente tirava folga.
Pegou uma bandeja com suco, colocou suas duas fatias de pães com ovo, um bolinho e foi até a mesa dos funcionários. Louis estava a duas mesas de distância, comia seu bolinho e tomava seu suco. Harry sabia que o menor lhe chamava atenção, sempre foi difícil desde o início ficar perto dele, era bonito, tinha olhos azuis como o mar, o cabelo era liso e rebelde, suas curvas eram perfeitas como alguém como ele para num lugar como esse?
Harry levantou-se e caminhou em direção à mesa do menor, sentou ao lado do mesmo.
-Como alguém como você para em um lugar como esse? - Louis foi pego de surpresa com a pergunta, encarou o maior por uns segundos antes de suspirar.
-Bom dia, Harry. - Voltou a atenção para a bandeja
-Bom dia Lou. Ainda gostaria que respondesse minha pergunta.
-Porque eu matei 12 pessoas?
-Ta, mas porque?
-Olha Harry, podemos fazer isso, mas não no meu horário de café, sinceramente. Homicídio e café não combinam.
-Credo Louis, você é estranho.
Louis apenas assentiu e continuou comendo. Harry então pegou seu bolinho e deu uma mordida, maçã, credo. Deixou de lado e partiu para o pão, terminou seu café e Louis já havia saído do seu lado, o mesmo tinha suas obrigações e ele entendia. Observou Louis tomando seus remédios e subir pro quarto. Harry soltou um suspiro lento, levantou e tirou sua bandeja da mesa. Pegou o corredor da direita e procurou a enfermaria, pegou a ficha do mais baixo e leu tudo novamente.
"Anotações do trabalho
*Surtos de raiva
*Tristeza incontrolável
*Apagões
*Vozes
*Automutilação
*Mãe
*Pai
*Amigos
*Hospício
*Paciente do ônibus
*Zayn
*HarryEra a lista do que precisava abordar com Louis. Fechou seu caderno, buscou um momento de paz na solidão que estava na enfermaria e quando criou coragem saiu da sala de Fran e fechou a porta. Se dirigiu as escadas, cada passo era mais difícil de dar.
-Eu quero mesmo fazer isso?- Harry perguntou mais para ele mesmo do que para qualquer outra pessoa.
Parou em frente a porta de Louis, deus duas batidas e aguardou.
-Oi. Você é muito enrolado.- Louis disse abrindo a porta. Harry sorriu.
-Você que é apressado demais, tinha anotações para fazer e sua ficha pra analisar de novo. - Entrou no quarto com seu caderno nas mãos.
-Você está ficando obcecado por mim e minha ficha, tá me assustando já.- Louis brincou mas Harry levou a sério, seu sorriso sumiu lentamente.
-Eu posso começar a perguntar?- Louis assentiu. Harry sentou na cama e Louis também. -Como era seu relacionamento com seus pais?
Louis estava claramente desconfortável com a pergunta, olhava para baixo e suspirava.
-Meus pais... Bom, minha mãe e meu pai se separaram quando eu era pequeno, uns 4 ou 5 anos. Eu era muito amigo do meu pai, costumávamos sair eu e ele, ir no parque ou cinema, ele nunca estava ocupado pra mim diferente da minha mãe que sempre estava trabalhando, quando não estava trabalhando estava procurando algo para fazer fora de casa e longe de mim.
-Entendi, e porque eles se separaram? -Harry anotava falas que ele achava importante para o trabalho.
-Bom, minha mãe nunca estava em casa e eu acho que meu pai cansou. Não sei o motivo, minha mãe sempre disse que ele não me amava mais e tinha ido embora pois tinha vergonha do que eu era, que eu aprontava muito e ele não queria mais estar perto por eu não ser um bom menino e ele ser um péssimo pai. Eu discordava dela, ele era um bom pai, ela vivia falando que ele arrumou outra família, que ele amava mais eles e não queria saber de mim.
Harry olhou para Louis, viu o menor suspirar, anotou "Alienação parental" e seguiu com as perguntas.
-E como você se sentia com o que ela falava sobre ele?
-Eu sabia que não era verdade, ao menos no início, eu imaginava que ele estaria ali comigo ainda independente de não estar mais com ela, mas nunca mais ele apareceu.
-Sua mãe, como era seu relacionamento com ela? -Seguiu anotando "sumiço do pai"
-Bom, eu só tinha ela. Meu afeto era apenas para ela mas como já disse, ela não tinha tempo para nada e nem ninguém que não fosse o trabalho. Com 7 anos eu caí e quebrei o braço, ela disse que eu era um péssimo filho por fazer ela sair do trabalho para ficar comigo no hospital.
"Mãe narcisista"
-E você ficou até quando necessitando dessa atenção dela? Até vir para cá ou isso passou com o tempo?
-Ah, me acostumei a não ter a atenção dela mas eu acabava fazendo algumas coisas para ela me notar.
-Como o que? - "Buscava por atenção familiar"
-Eu comecei cortando o cabelo em casa, depois as roupas, pintando meu quarto, as unhas... Tentei maquiagem, já cometi um roubo. Detenção. Nada funcionou, apenas ficava de castigo.
"Delitos leves"
-Você tinha mais alguém? Avó, avô, amigos, animal de estimação?
-Um amigo, Niall. Conheci ele no ensino fundamental quando ele caiu do escorregador porque foi empurrado pelo menino que fazia bullying comigo, ajudei ele e viramos amigos. Ele se manteve comigo até o último momento. Estava comigo quando eu decidi fazer o que fiz. Sinto falta dele, eu vivia mais com ele do que com qualquer outra pessoa.
-E ele sabia que você ia fazer isso? O que ele disse a respeito? - "Um amigo, família para ele"
-Eu tranquei ele para ele não me impedir. Ele deve me odiar. -Louis começou a chorar, Harry ofereceu uma água, um lenço e achou melhor dar uma pausa.
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Suicidal Love
FanfictionLouis sofre uma vida inteira de injustiças e decide se vingar, considerado incapaz pelo júri e então mandado para o hospital psiquiátrico em que Harry, futuro psicólogo, trabalha para passar o resto da vida.