Suicidal Love

Capítulo 4

Harry levantou do chão e passou a me encarar, estava sério e com a cara inferruscada.

-Louis, por que você fez isso? .- Harry disse.

-Namora com aquilo da cozinha? Sério mesmo?- Ri sarcasticamente.- Um louco?

-Que louco o que Louis. É Zayn, outro funcionário.

-Nossa.- Rio.- Melhorou tanto a situação, sua mãe vai amar isso né. E quão melhor vocês são da gente mesmo?

Cansei dele achando que é melhor que alguém aqui, porra ele é um babaca. Se dentro de uma sala tiver mil homens bons e um ruim, eu tenho certeza que vu me apaixonar pelo que não presta. Viro as costa, dou uma bufada e vou até meu quarto. Será que da tempo de tomar um banho? Peguei minhas coisas e por sorte o banheiro estava aberto ainda. Comecei a tirar a roupa, coloquei a água para começar a esquentar, observei meu reflexo e que calamidade. Meu cabelo esta enorme e estou com olheiras mais fundas que nunca. O banheiro começou a ficar embaçado então com certeza já está na temperatura certa para tomar banho. O kit higiene que eles disponibilizam não é ruim mas também não é nenhum L'oreal.  Não é difícil se acostumar com as coisas aqui, você recebe atenção o dia todo, as pessoas se responsabilizam pelos seus atos e tem Harry. Por mais babaca que ele seja, sua beleza é incomparável. Terminei  meu banho e voltei para o quarto, muitos pensamentos me rondavam mas os remédios que o rapaz do corredor me deu para dormir já estava começando a fazer efeito. Apaguei. Acordei na manhã seguinte com o soar da música que toca todas as manhãs, olhei no relógio que tinha na parede, eles estavam nos acordando mais cedo que o normal, coço os olhos, me direciono para fora do quarto. Estava parado em frente a porta quando ele apareceu no corredor com um carrinho, ele estava entregando uma roupa meio acinzentada, um uniforme. 

-Harry.- Chamei.

-O que foi ?- Ele veio em direção a minha porta e parou de braços cruzados na minha frente de volta.

-Por que disso mesmo?- Disse puxando o tecido do macacão do uniforme.

-Identificação para o passeio.- 

-Que passeio? - O maior revirou os lindos olhos verdes.

-Se me permite...-Disse virando as costas.

-Harry.- Chamei.

-O que é?- Disse virando para a minha direção novamente, ainda com os braços cruzados.

-Gostou do beijo ? - Sorri com malicia.

-Louis escuta aqui.- Ele disse chegando muito perto do meu ouvido, o que me fez suspirar - Você não vai contar isso pra ninguém, não vai falar de mim e do Zayn, nada sobre mim entendeu?

-Me de um motivo para isso

-Não começa.

-Eu não perderia nada com isso. Não me afetaria em nada se eu contasse não é? 

-Você pode foder a minha vida, mas eu posso fazer ela te matar ou mandar para solitária.

-Se mandar me matar eu agradeço, não vou sair perdendo. Quem sai perdendo é você meu amor, porque dai eu não vou poder te foder.- Harry se afastou. 

-Nem parece que matou vários por sofrer um mero bullying. - Disse tirando sarro da cara de Louis que foi pego totalmente de surpresa. 

-Que? Como você sabe o que eu fiz? 

-Sua ficha fala isso.- Ele disse em um tom calmo.- E passou em todos os jornais locais.- Fez uma pausa.- Conseguiu a fama. 

Louis estava bem confuso com toda informação que recebeu. Então ele era famoso? Será que contaram os motivos? Será que eu ainda sou considerado o pior dessa história? Mas mesmo com tudo isso, o que chamou sua atenção foi a primeira frase que o maior falou.

-E por que olhou minha ficha ? - Disse arqueando uma das sobrancelhas.

-Você é do corredor que eu cuido, eu posso olhar.- Ele disse nervoso.- Você é o pior paciente do mundo, Louis, meu deus.- Disse se virando de costas, Harry estava prestes a sair quando eu parei ele o segurando pelo braço.

-Espera.

-Que foi inferno?

-Vocês tem aqui psicólogos né?

-Sim... Temos. 

-Onde coloca o nome pra ser atendido por um?

-Quando a gente voltar do passeio eu coloco seu nome e te aviso. Leva de 3 a 5 dias pro protocolo ser aberto e você atendido.

-Obrigado.

-Posso ir ou quer mais algo ?- Soltei seu braço e ele saiu pela porta deixando-a aberta.

Esperei que nos chamassem para ir até o refeitório tomar o café da manhã para podermos ir ao passeio que eu não estava com vontade nenhuma de ir. Cheguei no refeitório e peguei um pão com manteiga rala e rançosa, um café preto e três biscoitos de maisena, me sentei em uma mesa que estava vazia e comi meu café da manhã tranquilo. Quando deu exatos trinta minutos que a gente estava comendo os funcionários chamaram a gente para formar uma fila única para ir até o ônibus do passeio. Eram dois ônibus azuis, um deles já estava cheio então nós entramos no ultimo e os pacientes estavam gritando e me irritando, a unica coisa que salvava esse ônibus era Ele, ele estava lá, "ficamos" cantando a viagem toda, menos eu e mais algumas pessoas. Na metade do caminho, o doente que estava do meu lado começou a bater a cabeça na janela e isso começou a fazer meu sangue ferver, meus punhos já estavam serrados e eu estava prestes a socar a cara dele naquela janela até ela explodir. Eu comecei a bater meu pé no chão para tentar amenizar a minha raiva mas não deu certo, me arranhei, me mordi mas não funcionou. Nada funcionou. Eu juro que eu não sei como mas quando eu dei por mim eu estava socando a cara dele e Harry havia corrido para me segurar.  

-Qual o seu problema Louis ?

-Acha que eu sei? Eu apenas estava me irritando com ele batendo a cabeça na janela e eu o ajudei.- Sorri sarcasticamente mas claramente Harry viu meu semblante triste. Eu odiava quando eu estourava.

-Sabe que agora por sua causa nem eu e nem você podemos sair desse ônibus?

-Por que você não pode?

-Tenho que cuidar de você.

-Ah sim. Sinto muito.-  Realmente sentia.

-Tudo bem, sinto muito por você.- Disse ele sentando.

-Por que?

-Passeios assim são raros.

-Eu não queria vir para esse passeio.

-Vai começar a gostar quando passar o ano todo trancado naquele lugar.

-É o que vai acontecer né? Eu nunca vou sair de lá. Nunca ninguém vai entrar na justiça por mim.- Disse

-Também não é assim, tenta ser positivo, alguém vai te tirar de lá.

-Não sou esses doidos que você esta acostumado Harry, eu sei que ninguém vai ser louco de entrar na justiça pra tirar um cara que invadiu uma escola daquele lugar.

-Ou vão. Já vi gente sair de lá.

-Muitas pessoas? - Fiquei realmente interessado porque se mais gente saiu eu posso sair também.

-Yeah, bastantinhas. E bem cruéis.

-Obrigado.- Olhei para ele e sorri e ele retribuiu.

-Pelo que?

-Você me deu um pouco de esperança de sair daquele lugar.

-Isso é bom.- Ele sorriu.

Eu comecei olhar para a boca dele e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser beijar aquela boca rosada, ele começou a me encarar e eu olhei no fundo dos seus olhos. Harry engoliu em seco e se afastou um pouco, eu sabia o que ele tava fazendo e ele estava com medo e relutante mas eu me aproximei mais dele até nós estarmos a poucos centímetros de distância um do outro. Resolvi acabar com o pouco de espaço que tem entre nós e puxei Harry para mais um beijo falho, ele se afastou.