Capítulo 14

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Louis continuou o relato do dia do massacre.

-Eu comecei a me bater, beliscava minha perna e meus braços. Sempre tentei controlar meus surtos dessa forma e algumas vezes ajudava outras não e aquele dia foi um não. Pedi pra Niall ir buscar uma coisa para mim no closet e tranquei a porta com uma penteadeira. Fui atrás da arma que meu pai deixou quando foi embora.

Harry observava atentamente o menor falar, não anotava nada pois queria mostrar o interesse dele por cada palavra que saia da boca do mesmo. Harry aos poucos percebia que talvez Louis não devesse estar ali. Ele foi julgado como incapaz de viver em sociedade devido a psicopatia porém sem nem mesmo ficar muito com ele da para ver claramente que é um transtorno de personalidade junto com uma clara falta de amor na infância. Talvez, só talvez ele não deva estar aqui.

Harry voltou a prestar atenção nas palavras do moreno.

-E então fui até a escola e atirei respectivamente nas pessoas que faziam bullying com Niall. A polícia chegou logo, acredito que machuquei mais que matei mas eles realmente mereceram isso. Eu acho... As vezes me pergunto e se eu só tivesse me matado, o que teria acontecido.

-Não é uma boa ideia, da mesma forma que matar alguém não foi.

-Mas eu não estaria aqui.

-Mas Niall teria perdido um amigo.

-E ele não perdeu?- Indagou Louis.

-Você está vivo então não.- Harry encarou Louis, que suspirou.

-Ele não me tem mais Harry. Eu não posso sair daqui, ele vai me esquecer e seguir a vida dele.

-Louis eu preciso falar com o doutor que te acompanha. Eu volto depois tudo bem?- Louis arqueou a sobrancelha e concordou com a cabeça.

Harry se levantou e adentrou o prédio, sumiu da visão de Louis que não entendeu a repentina saída do maior. Não tinha o que fazer, então continuou do lado de fora observando as pessoas que passavam.

Sabe lá deus quanto tempo Harry levou para voltar mas assim que apareceu na porta e Louis cruzou o olhar com o dele, Harry sorriu acenou para Louis entrar e o mesmo levantou-se e pôs a andar em direção do cacheado.

-Oi gato, vem sempre aqui?- Louis falou e Harry riu.

-Cara você tem muitos problemas.-Harry riu também.- Preciso escrever meu TCC, mas aqui não tem lugar calmo. Já te fiz perguntas o suficiente para conseguir fazer o trabalho. Posso fazer no seu quarto? Caso tenha mais coisas para perguntar?

-Ai Harry, não pode. Eu tenho coisas mais importantes para fazer, como sei lá, olhar a ninfomaníaca dar em cima do Fill e ver ele gostando.- Harry o encarou confuso. -Que? Você nunca percebeu?- Louis perguntou incrédulo.

-Não, isso acontece mesmo?

-Sim Harry. - Louis ri. Harry estava chocado. - Vamos Harry.

Louis saiu andando em direção ao quarto e Harry foi atrás dele, ainda chocado com a informação que acabara de receber. Ao chegar no quarto do menor, Louis estava deitado na cama com os braços atrás da cabeça, com as pernas esticadas.

-Senta aí, sinta se em casa.

Harry riu e se sentou. Começou a escrever em seu notebook seu trabalho de pesquisa que realizará com o mais velho, Louis apenas observava o cacheado concentrado. Ambos ficaram em silêncio por um bom tempo até que Louis ouviu a barriga de Harry roncas mas o mesmo nem se mexeu então Louis resolveu ir buscar algo na copa pro maior comer. Pediu licença, calçou seu chinelo e avisou que já voltava, Harry concordou com a cabeça mas sem tirar os olhos da tela.

Louis desceu até o refeitório, era comum eles terem livre demanda no período da tarde, caso alguém tivesse fome antes da janta. Louis pegou uma bandeja e pegou dois sucos, bolacha maisena e pão, no pão colocou ovo e passou manteiga, não sabia muito bem do que o outro gostava de comer mas como ele vivia ali, devia comer o que tinha né. Terminou de pegar as coisas e se pôs a subir novamente, esbarrou em algumas pessoas com a bandeja mas não parou para dar atenção aos loucos que reclamavam.

Chegou no seu quarto e Harry estava na mesma posição de quando ele saiu do quarto a 5 minutos. Louis pigarreou o que chamou atenção do maior.

-Louis, você sabe que não pode sair da cozinha com as bandejas né?- Disse colocando o notebook na cama e se endireitando.

-Bom, não sabia, agora sei.- Louis caminhou até o maior.- Seu estômago estava roncando, resolvi pegar comida pra você. Pra nós na verdade.

-Obrigado Louis.- Disse rindo. Pegou a bandeja e permitiu que Louis se sentasse ao seu lado. -Hm bolacha maisena, que delícia.- Harry debochou com graça.

-É a única coisa que tem pra comer aqui Harry. Não fode. - Harry riu.

-Não estou reclamando. Vem pega aqui também. Você quer o suco de uva ou o de maracujá?

-Maracujá, já vi você tomando o de uva, acredito que você goste então peguei pra você.

-Sim, obrigado.- Começaram a comer.

-Então, como está o andamento do trabalho?

-Falta muita coisa ainda pra ser escrita, mas já estou finalizando a parte inicial, vou mandar pro meu orientador.

-Entendi, que bom Harry. Espero que dê certo, que minha história possa ajudar de alguma forma.

-Louis, falando nisso.- Harry coçou a cabeça.- Falei com seu psicólogo sobre algumas coisas que você me contou.

-Por que? Falei algo que não devia?

-Pelo contrário. Eu acredito que você tenha transtorno intermitente explosivo, se for isso, não quero que crie expectativas, mas você pode viver em sociedade tomando medicação e fazendo acompanhamento. Não precisa viver aqui.

Louis deu um salto na cama.

-Harry... Como assim?

-Louis você não pode ser considerado psicopata pois não foram casos isolados, você foi mandados como incapaz para cá. Você não é incapaz, você tem um transtorno que gerou em você esses surtos e normalmente esse surto surge devido a coisas traumáticas em sua vida não tratadas, o que seria provavelmente o bullying que sua mãe não ligava. O que acaba sendo, para mim, uma forma de negligência com você. Se eu conseguir que o seu psicólogo me ajude, podemos conversar com seu amigo, dar as provas e estudos para ele e ele entrar na justiça para tentar reverter seu julgamento.

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