Harry deixou vários currículos em várias clínicas, como tinha a experiência de trabalhar em um hospital psiquiátrico, apareceram várias ligações em celular marcando entrevistas e todas foram cordialmente aceitas. A mais recente era amanhã de manhã e esperava encarecidamente que passasse já na primeira pois odiava conversar com recrutadores.
Louis tinha acordado e Harry sabia que precisava ve-lo mas a essa hora ainda não era seguro. Então resolveu dar mais umas voltas na cidade quando parou em frente a uma loja de rosquinhas, não era muito mas pra quem comia somente a comida do hospital deveria ser a melhor coisa do mundo.
Harry não fazia ideia do sabor que Louis gostava então pegou a mais comum de açúcar e canela e uma de glace de morango e torceu para ele não ser alérgico a nenhum nem outro.
Estacionou seu carro no hospital às 17:15 em ponto, sua mãe devia estar na compra de produtos então não a veria nos corredores. Pegou apenas a caixa de rosquinha e seu casaco e entrou. Passou em seu quarto para trocar de roupa pois suspeitariam de algo se vissem ele com roupa descente pois costumava a usar roupas mais velhas no hospital.
Chegando na enfermaria se certificou de que não havia ninguém nos corredores vendo ele entrar e então seguiu seu caminho. Não viu ninguém até chegar no leito do mais baixo e encarar as cortinas.
-Toc Toc.- Harry fez o som com a boca.
-Entra.- Respondeu uma voz fraca.
Harry abriu a cortina e viu Louis, estava muito melhor do que estava quando estava na Zona vermelha mas ainda sim não estava nada do que ele era.
-Oi Louis.- Harry se aproximou da cama, apoiando a mão no lençol perto dos pés do menor.- Como está se sentindo? Soube que acordou hoje.
-Sim.- Louis não olhava nos olhos de Harry.
-Você... você quer comer rosquinhas? Passei comprar antes de vir pra cá.- Harry mostrou a caixa que continua as mesmas.
-Não sei se consigo, não comida muita coisa sólida hoje... Mas posso tentar.- Disse esticando os braços para a caixa.
Harry esperou Louis comer antes de puxar assunto novamente, o assunto era delicado e não sabia como começar a conversar mas precisava saber o que aconteceu.
Louis fingia que não estava vendo Harry o fitando enquanto comia, nunca comeu tão devagar na vida, sabia que Harry queria conversar mas com certeza era a última coisa que ele queria fazer agora.
Após meia hora Louis limpou os dedos e fechou a caixa, respirou fundo e encarou Harry pela primeira vez.
-Pergunte.- Harry o encarou também.
-Se não quiser falar sobre isso, eu entendo. Não comigo pelo menos, mas sabe que com o doutor você terá que falar.
-Eu sei, eu quero falar mas não sei se consigo.
-Esta tudo bem, quando você quiser conversamos sobre. Você ainda não me contou como está se sentindo... algum desconforto?
-Ah, nada que eu já não tenha passado.
-Não sei se isso me conforta.
Louis riu pois sabia que havia sido uma piada mórbida pelo comentário insinuar que ele já havia tentado antes. Harry o encarou.
-Louis, você leva muito na brincadeira sua saúde mental. De verdade.- Bufou Harry fazendo Louis corar.
-Minha vida sempre foi complicada, tive momentos muito ruins onde eu não sabia o que fazer a não ser tentar contra minha própria vida. Se eu não levar com fluidez eu tento de novo.
-Você olha... não sei nem o que te falar.
-Então me conta o que você fez, você não estava aqui quando acordei. Onde estava? Ou só não queria me ver?
-Lou... Louis, porque eu deixaria de te ver? Prometi estar aqui quando você acordasse e eu não estava, desculpa. Eu estava resolvendo algumas coisas em outra cidade. Aliás, quero te contar um segredo.
Louis se sentou mais na cama com dificuldade, Harry o ajudou e se sentou ao seu lado depositando sua mão na coxa do menor que estava coberta com um lençol fino.
-Amanhã tenho uma entrevista de emprego, quero sair daqui o quanto antes. Torce por mim.- Louis deu um sorriso grande.
Sabia o quanto Harry odiava aquele lugar, que queria sair dali. Ele estava tão empolgado que nem sequer se lembrou que ficaria sozinho ali, no momento não importava, a única coisa que ele sentia era alegria pelo maior.
-Irei torcer por você.
Harry sorriu e então ficou pensativo.
-Você não pode mais tentar se matar, você tem que jurar pra mim.
Louis ficou chocado com o interesse do maior.
-Harry, eu...
-Estou falando sério, mesmo que eu saia daqui, você não pode tentar nada contra você mesmo.
Louis murchou, ele realmente não havia pensado nessa situação. Ele não teria Harry ali caso ele conseguisse a vaga. Então se encolheu, suas pernas pararam próximas ao seu peito enquanto ele abraçava a mesma.
-Estou feliz por você.
-Me diz o que você está pensando, quero te ajudar a passar pelos pensamentos difíceis.
-Eu não quero falar sobre isso. Acho que está na hora da janta, vão ver você.
Harry entendeu que Louis não queria falar com ele, estava mal. Mas sabia também que ele estava certo, iriam ver ele.
-Volto mais tarde.
Louis apenas balançou a cabeça concordando. Harry deu um leve aperto em sua coxa em despedida e saiu deixando a cortina aberta para a segurança do mais velho.
Louis chorou muito até que a enfermeira lhe deu um calmante que o fez apagar novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Suicidal Love
FanficLouis sofre uma vida inteira de injustiças e decide se vingar, considerado incapaz pelo júri e então mandado para o hospital psiquiátrico em que Harry, futuro psicólogo, trabalha para passar o resto da vida.