Capítulo 13

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Depois de se recompor, Louis avisou que poderiam continuar. Harry quis dar mais um tempo para ele e decidiu ir almoçar.

-Posso ir com você ou você não pode ser visto com paciente?

-Ué.- Riu. -Nada a ver. Pode ir comigo, até porque almoçamos no mesmo refeitório, vivemos no mesmo lugar. -Louis riu.

-Olha Harry, deve ser uma merda viver no trabalho. -Os dois se levantaram da cama e se puseram a caminhar lado a lado.

-Acostuma mas não é legal, ainda mais quando você vive em um manicômio. Acorda com essas pessoas, almoça, janta, toma banho, dorme, sei lá. Odeio.

-Não querendo dizer nada não, mas eu sou uma dessas pessoas que você convive.- Louis deu uma leve risada.

-Ah Louis, foi mal.- Harry ficou completamente sem jeito e começou a corar.

Louis soltou uma gargalhada e Harry parou, olhou para cena. Louis com a cabeça voltada pra cima, mão na barriga, um combo de olhos fechados e ruguinhas ao redor dos mesmos. Era a cena mais linda e verdadeira que Harry havia visto nos últimos anos, aquilo encantou o maior de uma forma que ele jamais havia vivido.

-Lou... Louis.- O de olhos azuis lentamente parou de rir, limpou uma lágrima que se formava no canto dos olhos.

-Eu estava brincando amigo, não leva tão a sério as coisas. Precisava ver sua cara. Muito bom, sério.

-Louis. -Harry chamou novamente, Louis parou por completo de rir e encarou o maior. Estavam no meio do corredor que agora se encontrava vazio pois estava no ápice do almoço.

-Oi. -Louis estava sério, pensava se tinha feito algo de errado, não queria estragar tudo de novo.

Harry lhe puxou para um abraço e Louis foi pego de surpresa. Os braços do cacheado estavam na altura do tórax do menor, que aos poucos foi relaxando e entendendo que era um abraço e não tinha feito nada de errado, então passou seus braços pela cintura do maior e ficaram assim por uns segundos até que Harry separou o abraço, encarou Louis e se virou em direção ao refeitório, fez um gesto com a cabeça e seguiu seu caminho. Louis estava assimilando o que havia acontecido, estava parado no corredor ainda quando um funcionário lhe cutucou o ombro e perguntou se ele estava bem, concordou com a cabeça e começou a caminhar até a cozinha.

Ao chegar lá nada estava diferente, os pacientes, os funcionários, a comida. Tudo igual, mas algo nele havia mudado. Seus olhos buscaram pelo lugar e encontraram Harry na fila da comida, então se encaminhou para a mesma. Pegou sua bandeja e foi pegando um pouco de cada coisa quando finalizou seu prato, buscou novamente Harry que estava sentado numa mesa sozinho. Pensou mil e uma vez se deveria se sentar com ele enquanto caminhava até a mesa, parou do lado do cacheado e esperou alguma reação do mesmo.

-Senta Louis.- Falou sem levantar o olhar do prato. Louis então se sentou, olhou o maior a comer e encarou sua comida.

-A gente vai continuar as perguntas hoje? 

-Por que não continuaria? 

-Não sabia que você abraçava todos seus pacientes. - Louis ergueu uma sobrancelha enquanto encarava Harry que parou de comer e encarou o menor de volta.

-Olha.- Soltou a colher que ainda estava em sua mão.- Fazia anos que eu não via alguém rir de forma tão espontânea como você fez hoje, e acredito também que faz tempo que você não ri assim. Não sei o que deu em mim mas a emoção falou mais alto e eu sou bem expressivo quando precisa, acho que ja deva ter reparado nisso. Provavelmente quando eu for formado eu vá abraçar meus pacientes sim pois gosto de abraços e acho que eles representam melhor o que sentimos mas, se de alguma forma te incomodou, não se preocupa que não acontecerá novamente.- Soltou um suspiro e voltou a comer. 

O silêncio reinou no almoço dos dois, quando os dois pratos estavam finalizados Harry perguntou se eles poderiam continuar e Louis concordou. Foram até a área de lazer na parte externa do prédio, estava um dia morno e sem muito sol, o que não deixava o clima insuportável. Se sentaram na grama e Harry pegou seu caderno de anotações novamente. 

-Me fale sobre como você se sentia quando estava com Niall. 

-Eu me sentia amado. Ele era minha família.

-Sei e ele entendia suas necessidades?

-Que necessidades?

-O que você fez, antes de vir pra cá, ele entendia? 

-Ele nunca concordou comigo sobre vingança, ele falava pra deixar pra lá. Por um tempo eu até tentei mas as coisas só pioravam e começaram a fazer bullying com Niall por andar comigo e um dia eu vi que ele se cortava e isso acabou comigo. Ele se machucava por minha culpa. 

"Se culpa pelo amigo sofrer"

-E então você resolveu se vingar deles por causa disso? do Niall?

-Sim. 

-Não por você, não pelo que seus pais fizeram você passar?

-Não, eles nunca se importaram comigo e Niall sim, não merecia passar por isso por minha causa. 

-Como você se sentia quando sofria o bullying? 

-Eu tinha ódio, eu começava com tristeza e depois se transformava em raiva. 

-E como era essa raiva? 

-Como assim?

-Era uma raiva que ia crescendo ou uma raiva que explodia? 

-Explodia, eu tava triste e do nada tava surtando, gritando com alguém, batendo em alguma coisa, jogando algo na parede.

-E dai passava? 

-Depois de um tempo, sim passava. Mas muitas vezes eu não lembrava o que havia acontecido no surto, só via o estrago depois de ja ter feito e falado. 

-E foi assim com o paciente do ônibus?

-Sim, exatamente assim. Ele estava fazendo barulho, se mexendo muito, eu não estava raciocinando direito o que tinha acontecido comigo ainda, estar aqui com todos eles. Eu tinha medo, não sei do que são capazes. 

-E ai você explodiu.

-Isso.

-E com...- Harry deu uma pausa. Mesmo que ja tivesse se passado semanas, meses, ele ainda sentia uma falta do que Zayn trazia para ele ali dentro. Era difícil falar dele.

-Zayn? Sim eu surtei também. Fique chateado com uma coisa que você falou naquele dia e simplesmente sai do quarto surtando, quando alguém esbarrou em mim e eu acordei cheio de sangue com alguém me segurando e depois fui mandado pro quarto branco das almofadas e nem sabia quem era. Quando soube que era Zayn me senti muito culpado, todos os minutos naquele lugar eu pensava no que eu tinha feito, no que eu me tornei. Pensei na família dele, em como lidaram com isso, pensei em você, nos outros funcionários. Tudo.

-Zayn não tinha família, ele não via eles a muito tempo porque foi expulso, ele era uma pessoa bem complicada então não tinha muitos amigos, ele tinha a gente. Todos sentimos por ele. Fico feliz em saber que você se arrepende do que fez.

"Arrependimento"

-Você se arrepende do tiroteio?

-Sim e não.

-Explique por favor.

-Sim pois eu sei que o andamento das coisas não é esse. Não se sofre bullying e sai matando, a lei natural é se matar e eu não tive forças pra isso. E não pois acredito que pagaram pelo que fizeram comigo.

-Mas as pessoas tinham família e amigos.

-Mas eu também tinha e ninguém se importou comigo.

-Foi premeditado?

-Não, eu só cansei aquele dia, eu ia me matar. Eu estava muito mal, muito triste... -Deu uma pausa, suspirou.- Eu surtei.

Suicidal LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora