capítulo 47

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(Alicia)

Chego ao restaurante e de longe e imediato vejo o senhor Fernando Forttineli.

Não acredito que eu sou filha dele, não é como se eu o odiasse, mas eu não sinto nada quando o vejo,  para mim meu pai sempre será Otávio Drummond.

Ao me aproximar da mesa percebo que seus olhos fixam em mim com muito entusiasmo. Consigo perceber o quão feliz ele está mesmo se controlando para não demostrar.

-Oi senhor Fernando._ estendo minha mão.

-Oi Alicia! Tudo bem?_ Seu  sorriso se torna muito feliz ao tocar minha mão.

-Estou bem bem, e o senhor?

-Isso é bom._ Seu sorriso é gentil._ Eu estou bem, muito bem.

-Hum...

-Vamos nos sentar._ Ele vem até minha cadeira a puxando e por alguns segundos lembro do meu pai fazendo o mesmo.

-Obrigada._ Sento-me a cadeira percebendo ele fazer o mesmo.

Ele e eu ficamos em silêncio pois nenhum sabia o que falar, que estranho né? 17 anos e não temos nada para conversar.

-Você se parece muito com Olivia.

-Muitos já me disseram isso, mas meu pai insiste em dizer que minha personalidade é toda sua.

-Isso é ruim?

-Não, gosto da minha personalidade, me sinto diferente das demais meninas da máfia.

-É claro que é diferente. Otávio me contou que sabe muito bem como se defender sozinha. Que usa armas e controlar facas muito bem.

-Papai exagera as vezes.

-Prefiro acreditar que ele esteja certo._ E mais um sorriso se faz presente.

-Você sorrir tão facilmente, soube que era tão sério ao ponto  de ser temido sem ao menos falar.

-Isso  também é estranho para mim, já fazem 17 anos que não sei o que era sorrir, mas tê-la aqui é motivo para que meu sorriso surja a cada instante.

-Minha presença o deixa feliz?

-Sim, não sabe o quanto seus olhos são tão felizes _ Algo errado?_ Ele me pergunta quando lhe observo em silêncio.

-Não._ Como esse homem pode ser um estranho para mim se é meu pai biológico?

-Eu lhe trouxe um presente. Espero que goste._ Uma caixinha de joia é posta a mesa.

Não abro ou faço menção de toca-la .

-Não me entenda mal senhor Fernando, mas não é com jóias ou presentes que ira me fazer  querer ama-lo como pai.

-Sinto que está tentando fazer seu melhor, mas só estou aqui por causa do meu pai.

-Eu não queria me aproximar, não preciso de um outro pai quando tenho Otávio, mas vim aqui por que ele pediu._ Seu olhar se retém com minhas palavras e o brilho que o fazia feliz se torna vazio.

-Eu entendo._ O mesmo força um sorriso tímido estendendo sua mão para pegar a caixinha de joia.

-Eu não o odeio pelo passado senhor Fernando, mas eu não quero ninguém ocupado o lugar do meu pai quando ele se for.

-Eu acho que me entendeu errado.

-Creio que não.

-Não quero ocupar o lugar de pai do Otávio, sei que isso nunca conseguirei e nem quero.

-Eu só queria poder me aproximar da minha filha, a qual eu não sabia da existência até dias atrás.

-Sei que não serei o melhor, mas queria  poder tentar ganhar sua confiança, quero que conte comigo quando precisar, quero ser seu porto seguro.

-Esta falando isso porque sabe que meu pai  morrerá? Saiba que sou muito forte apesar de pouca idade, e também agora tenho minha mãe.

-Sei que é forte, mas se até às montanhas se redem ao vento, as pessoas mais fortes também precisam de ajuda.

-Mas eu nunca precisarei, eu afirmo.

Ele tem um breve sorriso e um olhar satisfeito.

-Fico feliz por saber que é tão forte. Otávio fez um grande trabalho ao criar você.

-Ele fez o seu melhor quando ninguém mais faria por mim.

-Eu sei Alícia, eu sei disso._ Suas mãos mexem na caixinha  ao olhar para o horizonte como se pensasse em algo e logo tem em seus lábios um leve sorriso.

-Obrigada por vim, conversar com você foi muito bom. Mas vi que não me quer por perto e por mais que isso doa, eu irei respeitar.

Ele fica de pé e logo observa Gustavo ao longe me observando.

-Ele é um bom rapaz, parece  ama-la muito só pela forma que a observa._ O observo no silêncio._ Fale a seu pai sobre vocês antes que posso ser tarde, garanto que ele ficará muito feliz.

Mas um vez ele olha para Gustavo e depois para mim quando fico de pé.

-Espero que seja muito feliz minha filha, saiba que quando estiver feliz eu também estarei, e no dia que precisar de ajuda eu estarei lá.

-Eu serei feliz, obrigada._ Seus olhos cansados me observam em silêncio como se quisesse gritar por algo.

-Sei que não é obrigada, mas poderia me dar um abraço?

É só um abraço Alicia, o que custa abraçar senhor Fernando, não é como se eu fosse ama-lo por isso.

Me aproximo para abraça-lo e ao sentir seu abraço consigo perceber o quanto isso lhe deixou feliz.

-Obrigada, obrigada Alicia._Sua voz se torna embargada ao falar.

Felicidade, alegria e euforia é sentindo por Fernanda ao me abraçar  com um grande sorriso.

Ao afastar sinto ele deixar um beijo em minha testa, me deixando surpresa por tal ato.

-Adeus filha._ Seu olhar trás consigo a dor e a tristeza ao me olhar lacrimejando.

Antes de se afastar sinto algo pesar em minha mão, e quando abro a caixinha de jóias vejo que há dentro uma flor  de lírios em um delicado pingente.

-"A passagem do tempo não foi generosa conosco , mas espero que  um dia você  me permita ter a  chance de recomeçar"_A frase no pingente me deixa com uma sensação diferente.

-A flor da renovação._ Toco o lindo colar que não é exagerado e sim  muito delicado.

O senhor Forttineli (MÁFIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora