Amor Por Acaso

27.Deveria Esquecer

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UM MÊS DEPOIS, EM LONDRES...

As últimas folhas começaram a se desprender dos galhos secos. Evelyn estava com a cabeça encostada na janela do táxi, perdida na paisagem cinzenta de Londres, enquanto seu assistente tagarelava ao seu lado. Ela não havia compartilhado com ninguém os problemas que estavam afetando sua vida e seus projetos.

Apesar dos contratempos, Evelyn sabia que podia transformar os pontos negativos em oportunidades de crescimento. Enquanto o táxi seguia pelas ruas movimentadas da cidade, ela planejava meticulosamente como tornar seus projetos de outono/inverno um sucesso, observando as luzes urbanas passarem rapidamente pela janela.

Os galhos secos, já desprovidos de vida, continuavam a se desprender das árvores. Evelyn estava determinada a deixar para trás as lembranças dolorosas de Boston e focar no encontro com os estilistas em Londres.

— Não acredito que a Loren teve a ousadia de usar esse vestidinho brega! Santa mãe, como essa cor a desvalorizou completamente, um pecado contra a moda — resmungou Liam, absorto em seu celular. Evelyn, distraída, foi despertada por ele cutucando-a levemente.

Evelyn suspirou, ajustou seu sobretudo e o encarou. Não tinha tempo para pensar em bobagens; estava preocupada com os relatórios que precisava apresentar aos diretores da revista.

Liam franziu o cenho, balançou a cabeça e voltou sua atenção para a tela do celular.

— Afinal, o que aqueles caipiras de Boston fizeram com minha alegre diva? Até parece que foi a um funeral — resmungou com desdém.

Evelyn pensou que talvez teria sido melhor assim, enquanto mordia o lábio. Assim que o táxi parou em frente ao elegante restaurante Foster Ville, ela fechou os olhos por um momento, antes de tomar coragem para sair.

Sentindo uma leve brisa gelada adentrar seu sobretudo preto, Evelyn o fechou enquanto Liam pagava o táxi.

— Definitivamente, Londres é bem caidinha — comentou Liam, provocando uma reação da jovem.

Evelyn balançou a cabeça e virou o rosto na direção de Liam, sorrindo. Ele estava apenas sendo ele mesmo: reclamando.

— Agora, sim, ao menos uma risada, estou gostando de ver — Liam disse, piscando o olho esquerdo.

Evelyn desdenhou com um gesto de cabeça. Não estava com vontade de estar ali, mas era trabalho, e ela não podia inventar desculpas. Além disso, era a oportunidade que esperava desde que ingressou no mundo da moda. Ela soltou um leve suspiro.

— Fique quieto e se comporte — respondeu Evelyn, encarando-o. — Esses estilistas são duros na queda. Poxa, o Gaillard não poderia esperar eles voltarem para Manhattan, mas não tinha que ser justamente quando estão na semana de apresentação de novos designers na capital londrina.

Liam suspirou, colocou a mão livre sobre o peito, arrancando outra risada de Evelyn. Não adiantava tentar ficar séria ao lado de um rapaz do Brooklyn que tinha mais vocação para comediante do que estilista.

— Qual é? Nasci no Brooklyn, querida. Eles têm que ter medo de mim. E afinal, deveria estar feliz, pois Gaillard não costuma bancar viagens para fora do país, só quando é do extremo interesse dele.

Evelyn não resistiu a outra risada espontânea, movendo a cabeça lentamente em concordância.

Ambos caminharam na direção da imensa porta de vidro. Um rapaz de altura mediana abriu a porta para eles, e Evelyn agradeceu com um gesto de cabeça. Seguiram em direção à recepção do local, onde uma mulher ruiva, alta, trajando um elegante vestido neutro que contrastava com a pele, os recebeu com um sorriso automatizado, típico da cortesia britânica.