33. A Oportunidade

147 9 0
                                    


Charles permanecia absorto, contemplando a paisagem deslumbrante além da janela. Seus dedos deslizavam pelo encosto da cadeira enquanto as últimas folhas teimosas resistiam ao vento, agarrando-se aos galhos secos. O vento gelado soprava vigoroso, desafiando a quietude da noite londrina, sob o manto negro do céu, que encobria a cidade com mistério e encanto.

Imerso em seus pensamentos, Charles acomodou-se mais na cadeira, buscando inspiração na quietude. O relógio indicava que faltavam cinco minutos para às dez horas daquela terça-feira. Uma sensação de peso nos ombros e agitação na mente acompanhava-o, lembrando-lhe do ritmo frenético da vida urbana.

Londres, envolta na penumbra, pulsava com vida própria. Charles observava as luzes distantes pontuando o horizonte, cada rua, edifício e sombra trazendo histórias e segredos consigo.

― Vejo que precisa de uma boa dose de uísque após um dia exaustivo ― pronunciou Jael, imóvel junto à porta. ― Não há nada como uma boa bebida para relaxar e recarregar as energias.

Charles concordou com um aceno de cabeça, pensando que um uísque seria perfeito para aliviar o estresse do dia. Ele sabia que uma bebida bem feita traria bem-estar e tranquilidade.

― Concordo plenamente. Um uísque será ótimo para nós dois ― respondeu, movendo a cabeça em concordância.

Jael sugeriu o Roosevelt, uma taberna irlandesa recentemente inaugurada no centro da cidade, recomendada por McGregor, um conhecido de confiança.

― Está bem, nos encontramos lá em uma hora. Vou fazer alguns telefonemas antes de sair ― disse Charles, observando-se no espelho enquanto segurava o queixo com a mão direita.

― Perfeito. A taberna fica na Rua Hyatt Regency Bellevue, 56D ― informou Jael antes de sair.

Charles recostou a cabeça no encosto macio e fechou os olhos. Seu dia fora cheio, mas ele não conseguia tirar da mente o sorriso e a voz suave de Evelyn. Cobriu o rosto com ambas as mãos e suspirou.

Charles pegou o telefone e discou para o grupo de executivos da HL Grous Telemarketing. Conversou por quase meia hora com o executivo sênior Seth, fechando todos os contratos de telemarketing empresarial necessários. Esses seriam renovados na próxima segunda-feira, mas ele gostava de deixar tudo adiantado, como seu falecido pai sempre fizera.

Ao terminar a ligação, seus olhos se fixaram no relógio de pulso. Estava quase atrasado para o encontro com os rapazes. Levantou-se, caminhou até a porta e pegou seu casaco preto pendurado. Com passos lentos, dirigiu-se à recepção. Ao abrir a porta de correr, deparou-se com a recepcionista ainda sentada, terminando de anotar algumas informações. Despediu-se e caminhou até a entrada.

Aproximando-se do sedã, retirou a chave do bolso da calça e desligou o alarme; dispensara o motorista naquela noite. Charles recostou a cabeça no assento e tentou esfriar a mente após um dia cheio de reuniões. Sentiu cada nervo do corpo estalar, moveu a cabeça e deu a partida no potente motor, colocando as rodas para girar e seguindo em direção à Rua Hyatt Regency Bellevue 56D.

Felizmente, o local não ficava longe do escritório e o trânsito fluía normalmente, sem engarrafamentos, apenas carros barulhentos com suas buzinas irritantes. Fez uma conversão à esquerda, entrando em uma das ruas residenciais, estacionando o veículo na porta de entrada e entregando a chave ao manobrista.

Caminhou rapidamente até a taberna, cumprimentando o rapaz atrás do balcão, Jael, que sempre deixava o nome com o recepcionista. Ajeitou sua gravata e deu uma olhada em si mesmo na parede espelhada.

― Sr. Bradbury, os rapazes estão esperando por você na mesa trinta ― informou o rapaz com um sorriso.

Era uma noite de terça-feira e o local estava surpreendentemente vazio. Charles percorreu o estabelecimento, passando pelas mesas ocupadas até chegar ao fundo do lugar. A decoração e as cores remetiam à cultura da Irlanda do Norte, proporcionando uma atmosfera única.

Amor  Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora