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Charles permanecia absorto, contemplando a paisagem deslumbrante além da janela. Seus dedos deslizavam pelo encosto da cadeira enquanto as últimas folhas teimosas resistiam ao vento, agarrando-se aos galhos secos. O vento gelado soprava vigoroso, desafiando a quietude da noite londrina, sob o manto negro do céu, que encobria a cidade com mistério e encanto.
Imerso em seus pensamentos, Charles acomodou-se mais na cadeira, buscando inspiração na quietude. O relógio indicava que faltavam cinco minutos para às dez horas daquela terça-feira. Uma sensação de peso nos ombros e agitação na mente acompanhava-o, lembrando-lhe do ritmo frenético da vida urbana.
Londres, envolta na penumbra, pulsava com vida própria. Charles observava as luzes distantes pontuando o horizonte, cada rua, edifício e sombra trazendo histórias e segredos consigo.
― Vejo que precisa de uma boa dose de uísque após um dia exaustivo ― pronunciou Jael, imóvel junto à porta. ― Não há nada como uma boa bebida para relaxar e recarregar as energias.
Charles concordou com um aceno de cabeça, pensando que um uísque seria perfeito para aliviar o estresse do dia. Ele sabia que uma bebida bem feita traria bem-estar e tranquilidade.
― Concordo plenamente. Um uísque será ótimo para nós dois ― respondeu, movendo a cabeça em concordância.
Jael sugeriu o Roosevelt, uma taberna irlandesa recentemente inaugurada no centro da cidade, recomendada por McGregor, um conhecido de confiança.
― Está bem, nos encontramos lá em uma hora. Vou fazer alguns telefonemas antes de sair ― disse Charles, observando-se no espelho enquanto segurava o queixo com a mão direita.
― Perfeito. A taberna fica na Rua Hyatt Regency Bellevue, 56D ― informou Jael antes de sair.
Charles recostou a cabeça no encosto macio e fechou os olhos. Seu dia fora cheio, mas ele não conseguia tirar da mente o sorriso e a voz suave de Evelyn. Cobriu o rosto com ambas as mãos e suspirou.
Charles pegou o telefone e discou para o grupo de executivos da HL Grous Telemarketing. Conversou por quase meia hora com o executivo sênior Seth, fechando todos os contratos de telemarketing empresarial necessários. Esses seriam renovados na próxima segunda-feira, mas ele gostava de deixar tudo adiantado, como seu falecido pai sempre fizera.
Ao terminar a ligação, seus olhos se fixaram no relógio de pulso. Estava quase atrasado para o encontro com os rapazes. Levantou-se, caminhou até a porta e pegou seu casaco preto pendurado. Com passos lentos, dirigiu-se à recepção. Ao abrir a porta de correr, deparou-se com a recepcionista ainda sentada, terminando de anotar algumas informações. Despediu-se e caminhou até a entrada.
Aproximando-se do sedã, retirou a chave do bolso da calça e desligou o alarme; dispensara o motorista naquela noite. Charles recostou a cabeça no assento e tentou esfriar a mente após um dia cheio de reuniões. Sentiu cada nervo do corpo estalar, moveu a cabeça e deu a partida no potente motor, colocando as rodas para girar e seguindo em direção à Rua Hyatt Regency Bellevue 56D.
Felizmente, o local não ficava longe do escritório e o trânsito fluía normalmente, sem engarrafamentos, apenas carros barulhentos com suas buzinas irritantes. Fez uma conversão à esquerda, entrando em uma das ruas residenciais, estacionando o veículo na porta de entrada e entregando a chave ao manobrista.
Caminhou rapidamente até a taberna, cumprimentando o rapaz atrás do balcão, Jael, que sempre deixava o nome com o recepcionista. Ajeitou sua gravata e deu uma olhada em si mesmo na parede espelhada.
― Sr. Bradbury, os rapazes estão esperando por você na mesa trinta ― informou o rapaz com um sorriso.
Era uma noite de terça-feira e o local estava surpreendentemente vazio. Charles percorreu o estabelecimento, passando pelas mesas ocupadas até chegar ao fundo do lugar. A decoração e as cores remetiam à cultura da Irlanda do Norte, proporcionando uma atmosfera única.
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Amor Por Acaso
RomanceA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...