19. Entre Conselhos

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O som abafado do celular interrompeu a tranquilidade do quarto de Evelyn, ecoando suavemente pelas paredes suavemente iluminadas. Ela se revirou na cama, enroscando-se nos lençóis macios e escondendo o rosto sob um travesseiro, buscando refúgio na escuridão momentânea.

Cada toque parecia penetrar ainda mais na sua relutância em responder, criando uma atmosfera de hesitação e incômodo crescentes.

Finalmente, o som cessou, trazendo um alívio momentâneo para Evelyn. Ela permaneceu de olhos fechados, o travesseiro pressionado contra o rosto. Sua cabeça latejava; estava ciente de que havia exagerado na noite anterior.

Retirando o travesseiro, rolou até a beirada da cama, estendendo a mão para o criado-mudo. Seus dedos esbarraram na garrafa de champanhe vazia, que deslizou e caiu no carpete, produzindo um barulho alto.

— Droga! — ela praguejou, erguendo um pouco o rosto para verificar o estrago. Suspirando, fechou novamente os olhos e deixou a cabeça cair contra o travesseiro macio. Felizmente, as cortinas pesadas bloqueavam a luz do sol. Não demorou muito para que seu celular começasse a tocar novamente.

Esticando o braço, Evelyn tateou o criado-mudo até encontrar o aparelho. Sentiu um alívio ao perceber que não era ele que havia caído no chão. Espreguiçou-se, abriu os olhos e deparou-se com o nome de sua irmã na tela.

— Anna, o que quer a essa hora da manhã? — Evelyn respondeu, com um tom sonolento.

— Faltam dez minutos para o meio-dia. Não me diga que esqueceu do almoço. Você sabe que é importante para mim, não sabe? — retrucou Anna impaciente do outro lado da linha.

Evelyn conferiu os números azuis no relógio digital: "11h50min". Coçou os olhos, ainda sonolenta, e emitiu um pequeno murmúrio. A ideia de participar daquele almoço não lhe agradava. Era evidente que Anna havia partido sem sequer avisá-la, mas isso não a perturbava.

— Não estarei lá para o almoço — resmungou Evelyn, enquanto seus olhos fitavam o teto escuro do quarto.

Um breve silêncio tomou conta da ligação, e Evelyn pôde perceber a respiração alterada de sua irmã do outro lado da linha, sinalizando sua reprovação. Era sempre assim; Anna esperava que todos se curvassem às suas vontades. Mas Evelyn não se deixava dominar por esse comportamento mesquinho de sua irmã.

— Não posso acreditar que vai me abandonar, Evelyn? — disse Anna, com um tom de desapontamento evidente em sua voz.

Uma expressão sádica contorceu os lábios de Evelyn, delineando seu rosto com um ar sombrio. Uma risada de deboche escapou dos seus lábios, ecoando pelo ambiente com um tom gélido e desdenhoso.

— Vou! E sabe de uma coisa? Planejei sua festa de despedida e você nem me agradeceu. Só ficou com a cara fechada, deixando claro que estava odiando tudo. Sem contar que foi embora sem me avisar.

— Não seja imatura, Evelyn. Você sabe que não gosto de lugares com som alto. E sabe de uma coisa? Esquece — rebateu Anna, antes de desligar abruptamente.

Evelyn deixou o celular cair em algum lugar da cama bagunçada e soltou um grito de frustração. Como assim chamá-la de "imatura"? Estava começando a se arrepender seriamente de estar ali.

Rolou na cama e sentou-se na beirada, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo antes de se levantar. Sentiu um suspiro reprimido escapar enquanto se erguia, finalmente caminhando pelo quarto ainda mergulhado na escuridão em direção ao banheiro.

Ao abrir a porta, a claridade repentina fez seus olhos e cabeça latejarem ainda mais. Resmungou enquanto tentava se proteger da luz intensa. O banheiro era amplo, e Evelyn se aproximou da pia, apoiando as mãos no mármore frio. Estava completamente nua e sem se lembrar de quando adormecera. Mas uma lembrança veio à tona: o encontro com Michael no corredor.

Amor  Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora