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O céu estava encoberto por nuvens cinzentas, indicando que a chuva estava prestes a começar. Evelyn atravessou a rua rapidamente, enquanto um dos rapazes da portaria do estacionamento lhe pediu o comprovante dado na noite anterior.
Após pagar, ela caminhou cuidadosamente pelas pequenas pedras. Pegou a chave da bolsa, desligou o alarme e entrou no carro. Era crucial chegar em casa antes que alguém notasse sua ausência. Decidiu pegar um atalho para evitar o trânsito do horário de pico de quinta-feira, prevendo avenidas congestionadas e pessoas irritadas buzinando.
Dirigiu em direção à autoestrada e virou levemente à esquerda antes de entrar em uma estrada secundária levando às casas de veraneio. Os campos estavam verdes, com pequenas flores coloridas espalhadas pela extensão.
Um trovão ecoou ao longe, fazendo Evelyn olhar para o céu, rezando para que a chuva não caísse antes de chegar à casa de campo. Ao adentrar um túnel cercado por árvores altas, viu o vento balançando as folhas das copas.
Sinalizou que iria virar à direita para um caminho curto de cascalho. Chegando aos enormes portões brancos, apertou o botão do controle e esperou que se abrissem.
Estacionou o Jeep ao lado de uma bela Mercedes, saiu do carro e o contornou pela frente. Ajeitou o vestido e os óculos escuros, soltou um suspiro e tomou coragem para entrar. Caminhou rapidamente pelo caminho de pedras, que quase engolia seus saltos finos.
Ao adentrar à varanda de entrada, vislumbrou uma das empregadas e a saudou com um gesto simples antes de abrir a imponente porta da frente.
Felizmente, o hall de entrada estava deserto. Uma sensação de alívio tomou conta dela enquanto fechava a porta e subia os degraus apressadamente. Porém, ao chegar ao topo, deparou-se com a tia Suzanne.
— Céus! Parece que viu um fantasma — resmungou Suzanne, com a mão ainda sobre o coração.
Evelyn balançou a cabeça, tentando se controlar, e mordeu os lábios.
— Todos já almoçaram?
Suzanne fez uma careta.
— Já almoçamos há quase meia hora. Sua mãe está furiosa com a sua ausência e também preocupada.
Evelyn franziu a testa.
— Ela não deveria estar tão preocupada, já que sabia que eu estava no hotel Tre Mont Royal. Bastava ter ligado para lá ou para o meu celular — respondeu Evelyn com desprezo.
— Você conhece a sua mãe, mas vá se trocar, pois o tal bispo já chegou.
Evelyn apenas concordou com um aceno de cabeça e ficou parada, observando Suzanne se afastar em direção aos degraus. Francamente, ela não estava animada para participar daquela palestra sobre casamento. Afinal, ela nem sequer acreditava naquela tolice. Evelyn mordeu os lábios, soltou um suspiro angustiado e coçou a lateral da cabeça.
Preocupada com o que tinha acontecido no hotel, mas sem se lembrar claramente se algo realmente tinha acontecido, Evelyn moveu a cabeça, tentando afastar os pensamentos incômodos. Seguiu em direção ao corredor, precisando trocar de roupa e encontrar uma desculpa para não participar da palestra.
Ao se deparar com Michael, sua expressão carregada de ironia a fez parar. Uma mistura de raiva e remorso tomou conta dela, mas conteve o impulso de socá-lo. Michael ameaçou se aproximar, mas Eve riu nervosamente.
— Olha quem decidiu aparecer — advertiu Michael, com ironia na voz.
Evelyn sentiu as pernas ficarem rígidas e o encarou por um longo momento.
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Amor Por Acaso
RomantizmA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...