12. Há um Lugar

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Um breve silêncio se instalou entre eles, permitindo que os sons da natureza fluíssem ao redor. O vento soprava suavemente nas folhas das árvores, criando uma melodia reconfortante que se misturava ao murmúrio sereno da cachoeira próxima.

Os pássaros entoavam seus cânticos nos galhos, preenchendo o ar com uma sinfonia harmoniosa que contribuía para a serenidade do ambiente.

Evelyn inclinou a cabeça, seus cabelos balançando com a brisa suave, até encontrar os olhos castanhos de Charles que a observavam em silêncio. Ela notou seu desconforto momentâneo quando ele rapidamente desviou o olhar para as rochas próximas.

— Seria melhor sentar um pouco — sugeriu ela, quebrando o silêncio. — Suas pernas vão doer se ficar muito tempo em pé. E não se preocupe, não vou te morder.

Charles reprimiu um suspiro e, seguindo sua sugestão, aproximou-se da beira do riacho, sentando-se ao lado dela, mantendo uma distância considerável entre eles. Evelyn percebeu a ironia dessa separação e riu suavemente.

— Diga algo, seu silêncio está me assustando — provocou ela, buscando aliviar a tensão entre eles.

Ele suspirou, relaxando os ombros um pouco com o alívio de se sentir menos tenso.

— Em certas ocasiões, é melhor ser um bom ouvinte do que falar palavras sem sentido — respondeu ele, desviando o olhar para a água corrente do riacho.

Evelyn franziu a testa, ponderando sobre a resposta de Charles. Ele era um enigma intrigante para ela, fazendo-a questionar quais pensamentos ele guardava para si mesmo.

— Acho que você poderia me contar um pouco sobre você — sugeriu ela, buscando descobrir mais sobre a pessoa ao seu lado. — Sobre sua infância, juventude, ou inventar algo para que não pareçamos dois estranhos aqui.

Com um sorriso nos lábios, Evelyn se dirigiu a ele, tentando criar um ambiente mais descontraído.

— E por favor, me chame apenas de Evelyn — acrescentou, com um leve aceno de cabeça. — Essa coisa de 'senhorita' é tão antiquada, parece que estamos em um romance do século passado.

Charles concordou com um aceno de cabeça e voltou seu olhar para o riacho, mergulhando em suas próprias memórias enquanto considerava o que compartilhar.

— Acho que não me encaixo nesse padrão, pois sou o que chamam de 'pessoa sem graça' — disse ele, com um tom auto-depreciativo.

Evelyn não conteve uma risada e deu um leve soco no braço de Charles, surpreendendo-o com sua reação.

— Pessoa sem graça? — repetiu ela, incrédula, balançando a cabeça. — Acho que você estava se referindo a ser um nerd.

Por um momento, Charles fixou o olhar nela antes de admitir com um leve sorriso.

— Também.

Evelyn sentiu uma conexão momentânea com Charles quando ele compartilhou esse aspecto de sua personalidade. Descobrir que tinham experiências semelhantes foi reconfortante para ela.

— Sabe, eu também não era popular na escola — começou ela, sua voz carregada de lembranças. — Nem sequer fui convidada para o baile de formatura, acredita?

Ela virou-se para encará-lo, ansiosa para compartilhar mais sobre sua vida.

— Quando recebi a carta de admissão da Universidade de Yale, tudo mudou — continuou ela, seu sorriso suavizando-se com uma leve onda de nostalgia. — Deixei de ser insegura, mesmo que Yale não seja tão reconhecida no país. Não tive outra opção, já que as outras não me aceitaram. Ao contrário de Anna, que foi admitida em Harvard logo de cara. — Evelyn fez uma pausa, seu semblante adquirindo uma gravidade sutil enquanto mergulhava em memórias dolorosas. — Meu pai morreu em um acidente de carro uma semana antes do meu aniversário de dezoito anos — revelou ela, suas palavras carregadas de pesar. — Eu nem cheguei a falar sobre a carta de admissão. Menos de um ano depois, minha mãe se casou com Thomas Dickens, e minha vida se tornou um inferno. Eu não aceitava o relacionamento, ao contrário de Anna, que estava longe na universidade e só se importava com seu sonho. Tudo aconteceu muito rápido.

Amor  Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora