Amor Por Acaso

28.E Se Tentar?

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A manhã começava como de costume para Evelyn, que tinha o hábito de levantar cedo para sua corrida diária, enfrentando os ventos gélidos do outono londrino.

Enquanto se preparava, agachada para amarrar os cadarços do tênis, o som inesperado da porta abrindo repentinamente fez com que ela desse um pulo na cama, tomada pela surpresa.

Liam, com um olhar curioso, observava-a como se estivesse prestes a desvendar um mistério. Apesar de ser homossexual, Evelyn não pôde evitar pensar que ele parecia buscar algo além.

Com os braços cruzados sobre o peito, Liam permaneceu ali, em silêncio, como se estivesse prestes a testemunhar algo extraordinário. O coração de Evelyn começou a bater mais rápido, suas mãos ficaram úmidas de suor.

Ela mal podia esperar para descobrir o que estava por vir.

— O que foi agora, Liam? — indagou ela.

Liam, com um olhar inquisitivo, questionou sobre o incidente da noite anterior. Ele não conseguia entender por que Evelyn tinha saído correndo do restaurante, chamando-o de "barulhento".

Evelyn revirou os olhos e soltou um longo suspiro. Ainda eram seis da manhã, e seu assistente já a bombardeava com perguntas. Levantando-se, ela se aproximou dele, encarando-o de perto.

— Você quer respostas, não é? — perguntou Evelyn. Liam assentiu. Ela coçou a cabeça, como se estivesse tomando coragem, e continuou. — Então vá pegar um casaco, porque estou indo fazer minha corrida matinal.

Liam ficou espantado com a proposta. Evelyn sabia que o jovem aspirante a estilista odiava correr, mas, ao mesmo tempo, ele não iria perder a oportunidade de descobrir o real motivo daquela atitude de sua amiga e companheira de trabalho.

Ele inclinou a cabeça para o lado, soltou um longo suspiro e fez um gesto com o dedo indicador para ela esperar. Em seguida, ergueu as mãos para cima e disse:

— Tudo bem, você me convenceu a sair nesse frio de Londres. Vou pegar meu casaco e já volto. Mas não tente me enganar, espertinha.

Evelyn balançou a cabeça incrédula. Ele estava realmente determinado a descobrir os motivos do seu comportamento na noite anterior. Ela soltou uma gargalhada, encostou-se na parede fria para esperá-lo, verificou as horas no visor do celular e coçou os olhos.

Por um segundo, fechou os olhos e encostou a cabeça na parede. O som agudo das solas de borracha sobre o piso a tirou daquele transe. Rapidamente, a jovem endireitou-se e deu uma boa e demorada olhada no look exótico dele.

— Você está brincando que vai usar isso? — perguntou enquanto apontava para o casaco de couro legítimo.

Liam, com uma expressão de incerteza estampada em seu rosto, ergueu as sobrancelhas e balançou serenamente a cabeça.

— Qual é?! Esse é o único que tenho! E outra querida, está nas passarelas de Milão deste ano para sua informação — respondeu encarando-a.

Evelyn balançou a cabeça e abriu a porta. Caminharam pelas calçadas de pedras da bela e sofisticada capital londrina. Liam tagarelou praticamente o caminho todo até chegarem próximo à beira do rio Tâmisa, um belo lugar para fazer sua corrida matinal.

No entanto, os comentários de Liam a fizeram perder o ritmo da caminhada, mas ela se forçou a continuar andando. Ambos caminharam cerca de meia hora. Assim que avistou o primeiro banco, Liam correu em sua direção como um cachorro faminto ao ver um prato de ração.

— Se me forçar a dar mais um passo que for, irei enfartar. — grunhiu Liam enquanto desmoronava sobre o banco de madeira.

Evelyn não conteve uma longa risada. Estava tão acostumada a correr todas as manhãs que nem sentia, mas o cansaço a atingiu. A jovem encostou sua cabeça contra o descanso do banco e soltou um longo suspiro.