05. Fazendo as Regras

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Evelyn ergueu-se da beirada da cama e caminhou descalça em direção à pequena varanda suspensa. O calor da região a fazia preferir dormir com as portas de vidro abertas, permitindo que as brisas frescas da madrugada quebrassem um pouco a sensação quente do dia anterior. 

Espreguiçou-se, esfregando os olhos, e bocejou, satisfeita por ter tido uma boa noite de sono. As cortinas brancas dançavam com as leves brisas matutinas enquanto ela trançava os cabelos e caminhava até a cadeira na pequena sacada.

Aspirando o ar puro que emanava das gramas ainda molhadas pelo orvalho da madrugada, Evelyn parecia deliciar-se com a atmosfera. A melodia produzida pelo suave vento nas folhas das árvores, acompanhada pelos cantos dos passarinhos silvestres, formava uma perfeita sinfonia. 

Mesmo vestindo apenas a velha blusa dos Ravens, ela não se importava, focada em apreciar os primeiros raios do sol. Inclinando a cabeça para trás, fechou os olhos, absorvendo a serenidade do momento.

O som agudo da porta do quarto vizinho abrindo a fez despertar e endireitar-se. Sem saber quem estava hospedado ao lado, sentiu os pelos do corpo se arrepiarem, temendo que pudesse ser Michael, o que consideraria um insulto. Esticou-se e fechou os punhos, preparada para qualquer eventualidade.

Para seu alívio, era apenas o enigmático Charles Bradbury, segurando o jornal diário com uma mão e um copo de café com a outra. Um sorriso sorrateiro curvou os lábios de Evelyn ao perceber que ele estava tão absorto com alguma notícia que nem a notara. Levantou-se e dirigiu-se até a barra de proteção.

— Bom dia, Charles! — cumprimentou-o com um largo sorriso.

Ao ouvir a voz dela, Charles deixou o copo cair, despedaçando-o em três partes. Evelyn não resistiu a uma leve risada e encurvou-se sobre a barra de proteção fria. Ele lançou um olhar rápido por sobre as lentes de seus óculos na direção da jovem, que ainda mantinha um sorriso.

— Veja o que me fez fazer — resmungou ele, sem ao menos retribuir a saudação.

Charles colocou o jornal sobre a pequena mesa de ferro próximo à barra de proteção e abaixou-se para pegar os cacos.

— Espera, te ajudo.

Ele ergueu os olhos azuis na direção dela e se espantou ao vê-la passando uma das pernas por sobre a barra de metal. Tentou dizer algo para impedi-la, mas era um pouco tarde, pois Evelyn já estava com os pés apoiados na borda de fora da varanda suspensa. A jovem estava de frente para ele, apenas com suas mãos se segurando nas barras de ferro atrás de seu corpo.

Charles levantou-se em um impulso protetor e, com apenas dois passos, alcançou a barra de proteção de sua varanda. Ela observava em silêncio com um sorriso enigmático nos lábios.

— Está ficando louca? — Repreendeu-a enquanto estendia sua mão direita para ela — Não vê que pode cair e se machucar seriamente! — Exclamou um tanto aflito.

Evelyn percebeu um pequeno sentimento de medo nele, mas não se deixou abalar. Recusou sua mão e esticou seu corpo para alcançar a barra de proteção da varanda onde ele estava. Assim que se segurou firmemente com ambas as mãos, a jovem sentiu um vento ousado adentrar sua velha camisa dos Ravens e a levantar, fazendo com que boa parte de sua coxa ficasse à mostra.

Ao erguer seu rosto, pegou um olhar atento de Charles. Em um impulso, colocou ambos os pés na borda da varanda. Naquele minuto, discreto e atrapalhado, o inglês a agarrou, protegendo-a de uma queda que não seria fatal, mas a quase dois metros e meio do chão, poderia muito bem quebrar uma das pernas.

Evelyn passou os braços pela cintura dele e sentiu o suave perfume amadeirado que desprendia da camisa branca. Charles, por sua vez, pôde sentir o aroma do xampu floral que a jovem usava e sua respiração quente contra seu peito.

Amor  Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora