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Evelyn ergueu-se da beirada da cama e caminhou descalça em direção à pequena varanda suspensa. O calor da região a fazia preferir dormir com as portas de vidro abertas, permitindo que as brisas frescas da madrugada quebrassem um pouco a sensação quente do dia anterior.
Espreguiçou-se, esfregando os olhos, e bocejou, satisfeita por ter tido uma boa noite de sono. As cortinas brancas dançavam com as leves brisas matutinas enquanto ela trançava os cabelos e caminhava até a cadeira na pequena sacada.
Aspirando o ar puro que emanava das gramas ainda molhadas pelo orvalho da madrugada, Evelyn parecia deliciar-se com a atmosfera. A melodia produzida pelo suave vento nas folhas das árvores, acompanhada pelos cantos dos passarinhos silvestres, formava uma perfeita sinfonia.
Mesmo vestindo apenas a velha blusa dos Ravens, ela não se importava, focada em apreciar os primeiros raios do sol. Inclinando a cabeça para trás, fechou os olhos, absorvendo a serenidade do momento.
O som agudo da porta do quarto vizinho abrindo a fez despertar e endireitar-se. Sem saber quem estava hospedado ao lado, sentiu os pelos do corpo se arrepiarem, temendo que pudesse ser Michael, o que consideraria um insulto. Esticou-se e fechou os punhos, preparada para qualquer eventualidade.
Para seu alívio, era apenas o enigmático Charles Bradbury, segurando o jornal diário com uma mão e um copo de café com a outra. Um sorriso sorrateiro curvou os lábios de Evelyn ao perceber que ele estava tão absorto com alguma notícia que nem a notara. Levantou-se e dirigiu-se até a barra de proteção.
— Bom dia, Charles! — cumprimentou-o com um largo sorriso.
Ao ouvir a voz dela, Charles deixou o copo cair, despedaçando-o em três partes. Evelyn não resistiu a uma leve risada e encurvou-se sobre a barra de proteção fria. Ele lançou um olhar rápido por sobre as lentes de seus óculos na direção da jovem, que ainda mantinha um sorriso.
— Veja o que me fez fazer — resmungou ele, sem ao menos retribuir a saudação.
Charles colocou o jornal sobre a pequena mesa de ferro próximo à barra de proteção e abaixou-se para pegar os cacos.
— Espera, te ajudo.
Ele ergueu os olhos azuis na direção dela e se espantou ao vê-la passando uma das pernas por sobre a barra de metal. Tentou dizer algo para impedi-la, mas era um pouco tarde, pois Evelyn já estava com os pés apoiados na borda de fora da varanda suspensa. A jovem estava de frente para ele, apenas com suas mãos se segurando nas barras de ferro atrás de seu corpo.
Charles levantou-se em um impulso protetor e, com apenas dois passos, alcançou a barra de proteção de sua varanda. Ela observava em silêncio com um sorriso enigmático nos lábios.
— Está ficando louca? — Repreendeu-a enquanto estendia sua mão direita para ela — Não vê que pode cair e se machucar seriamente! — Exclamou um tanto aflito.
Evelyn percebeu um pequeno sentimento de medo nele, mas não se deixou abalar. Recusou sua mão e esticou seu corpo para alcançar a barra de proteção da varanda onde ele estava. Assim que se segurou firmemente com ambas as mãos, a jovem sentiu um vento ousado adentrar sua velha camisa dos Ravens e a levantar, fazendo com que boa parte de sua coxa ficasse à mostra.
Ao erguer seu rosto, pegou um olhar atento de Charles. Em um impulso, colocou ambos os pés na borda da varanda. Naquele minuto, discreto e atrapalhado, o inglês a agarrou, protegendo-a de uma queda que não seria fatal, mas a quase dois metros e meio do chão, poderia muito bem quebrar uma das pernas.
Evelyn passou os braços pela cintura dele e sentiu o suave perfume amadeirado que desprendia da camisa branca. Charles, por sua vez, pôde sentir o aroma do xampu floral que a jovem usava e sua respiração quente contra seu peito.
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Amor Por Acaso
Storie d'amoreA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...