10. Movendo-se

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Evelyn desceu os degraus com nervosismo e determinação, sentindo os olhares fixos sobre ela enquanto atravessava o hall de entrada. Cada passo ecoava no ambiente silencioso, aumentando a tensão que pairava no ar. Seus sapatos produziam um leve ruído sobre o piso de madeira polida.

Ao abrir a porta da sala de jantar, a conversa cessou abruptamente e todos os olhares curiosos se voltaram para ela. A luz suave destacava os rostos dos familiares, criando sombras suaves nos móveis e nas expressões expectantes.

Evelyn manteve a compostura diante do silêncio momentâneo, seu olhar percorrendo o ambiente com calma enquanto acenava em cumprimento. Seus lábios curvaram-se levemente em um sorriso contido, revelando um misto de alívio por finalmente chegar e ansiedade pelo que viria a seguir.

Determinada, dirigiu-se ao seu lugar habitual ao lado de Suzanne. O arrastar suave da cadeira no piso quebrou o silêncio, marcando sua presença na mesa.

— Achamos que não iria nos presentear com sua presença — provocou Thomas, sentado na ponta da mesa.

Evelyn se acomodou na cadeira com um leve movimento, buscando manter a postura diante da tensão palpável na sala de jantar.

Com um gesto delicado, abanou o guardanapo antes de colocá-lo sobre o colo. Seus olhos castanhos, carregados de emoção contida, encontraram os dele em um instante de conexão silenciosa.

Um meio sorriso brincou em seus lábios, não por alegria genuína, mas com um toque de ironia e desafio em meio à atmosfera carregada de expectativa e conflito.

Seu olhar transmitia determinação serena, como se estivesse preparada para enfrentar o que viesse a seguir.

— Francamente, não tinha notado que estava aí.

Thomas permaneceu inabalável diante das palavras ásperas da jovem, um vislumbre de indiferença atravessando seu semblante. Com um gesto deliberado, abandonou os talheres sobre o prato e inclinou-se sobre a mesa, apoiando ambos os cotovelos com firmeza. Sua postura revelava uma calma calculada.

— Está começando a aprender, mas deveria pensar antes de falar qualquer bobagem, querida.

O clima tenso foi interrompido pela voz suave de Charlotte, que começou a contar histórias sobre as aventuras de Anna na infância, omitindo detalhes desnecessários.

Evelyn ergueu o canto da boca, escondendo sua raiva de Thomas por baixo de uma fachada tranquila. Thomas, por sua vez, manteve um sorriso arrogante, como se tivesse vencido.

Ela sequer tocou na comida do prato, perdendo o apetite. Foi a primeira a deixar a sala de jantar, farta de se comportar como uma boa moça, e caminhou em direção à varanda de entrada.

Encostada no pilar de proteção da varanda, Evelyn fitava o horizonte verde à sua frente. Gotas de chuva fina ainda caíam do céu cinza-escuro. Seus nervos estavam agitados, à beira de um surto, sentindo a necessidade de confrontar a situação antes que algo irreparável acontecesse.

Ela soltou um suspiro de aflição e fechou os olhos por um momento.

— Sra. Collins! — chamou Byron, a voz inconfundível, fazendo Evelyn virar-se na direção dele.

— Sim?

— A jovem Anna me avisou que irão ao centro da cidade, e como a vi parada aqui, vim avisá-la que o veículo já está pronto — disse ele, de maneira formal.

Evelyn balançou a cabeça, mantendo seu olhar fixo nele por alguns segundos, transmitindo uma mistura de determinação e cautela ao avaliar cada movimento e palavra.

Amor  Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora