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Katsuki Bakugou

Los Angeles, 2019.

Ver plateias cheias, sempre foi um sonho meu. Nunca digo isso, mas sou grato por pessoas que querem o mesmo que eu trabalharem comigo. Ainda não sei dizer ao certo o significado de amizade, mas eles dizem que somos amigos, então os chamarei igual, mesmo não sabendo muito bem o que isso quer dizer.

Ainda é de manhã e eu já estou pensando na noite, nos shows que nos aguardam, nos fans, na plateia, nas músicas, em tudo. Gosto de tudo do meu jeito, e sinceramente não acho que exista um melhor do que o meu.

Como de costume, estou fazendo a corrida matinal, sempre alguns quilômetros à mais do que o necessário. Além de considerar físico algo extremamente importante para um artista, eu gosto de ter um corpo foda.

Musculação, corrida, esportes no geral. Algo para gastar energia e não focar apenas nas noites de shows.

Normalmente, mesmo escutando músicas nos fones, sempre acabo me perdendo nos pensamentos e indo parar em músicas novas. Formas de alavancar a banda, pensando nos contratos, em dinheiro, na fama. Posts legais, storys, filmagens dos clipes, tudo.

E também, nos fans.

Corro de manhã por terem menos pessoas, menos pausas. Claro, se não fossem os fans eu não seria nada, mas sinto falta de um pouco de privacidade, embora ame pra caralho toda a fama que eles me proporcionam. Estar sempre nas capas de revistas, jornais, fofocas idiotas e fúteis.

Estava um pouco preocupado, essa semana estava lotada de shows, o que era foda, mas no domingo, teríamos um dos shows mais importantes das nossas vidas. Com muito público, e para o meu desgosto, aqueles demônios também tocariam. Precisávamos ser impecáveis, tudo que eu queria era ofuscar eles.

Há esquerda avistei alguns reporters, aqueles das famosas fofocas de internet. Essas porras vivem me perseguindo, por mais que eu goste da atenção, uma hora cansa. Não ter um segundo de paz nem para correr é exaustivo.

O homem com o microfone em mãos correu atrás de mim, eu poderia aumentar o rotimo e fingir que não estava escutando ele gritando o meu nome, mas já fiz tanto isso essa semana que os fans estavam começando me chamar de ignorante. E eu precisava de fans, infelizmente.

Diminui o ritmo, secando o rosto com a regata branca em meus ombros. Retirei os fones, guardando-os em sua caixa.

— Bakugou! Podemos fazer algumas perguntas?

Eu achava graça, eles chagavam perguntando se poderiam fazer perguntas mas já com a câmera enfiada na minha cara.

— Só tem que ser rápido, estou com pressa — afirmei, olhando para ele.

— Ouvimos dizer que este final de semana vocês participarão de um dos shows mais esperados por Los Angeles, estou certo?

— Não posso passar muitas informações nem horários, mas sim, participaremos.

— Como está diante a situação de que Atlants irá encerrar o show, Bakugou? Todos sabemos que vocês não se batem, como está sendo participar de algo que seus rivais serão a atração principal?

Cerrei os dentes, travando a mandíbula. Aqueles demônios.

— Não me importo com gente insignificante.

— Tenho certeza que o público está maluco para ver vocês! Como estão os preparativos para autógrafos? Bom, imagino eu que muitas pessoas que passam pano para suas atitudes grosseiras ainda irão.

— Como é?

— Quer dizer, você se considera egocêntrico?

— Eu não sou egocêntrico, sou apenas um artista foda pra caralho. E você é quem mesmo? — coloquei meus fones, e voltei a correr.

Merda. Já estava pronto para ver daqui algumas horas as páginas postando essa entrevista podre.

Esse jornalista parece que me odeia, sempre ele que me persegue, faz de tudo para me tirar do sério e sempre consegue. Saio como um babaca do caralho nas redes sociais, além de mal educado.

As pessoas estão me apedrejando tem dias, tudo por conta das perguntas de merda que ele me faz toda vez. Não importa onde, ele me persegue. E eu insisto em parar e responder para fazer melhor, tentar melhorar a minha imagem, mas parece que ele simplesmente pensa em algo pior todas as vezes.

Minha gestora de marketing já me xingou inúmeras vezes só nos últimos três dias, dizendo que preciso de terapia para aprender lidar com as pessoas. Eu não preciso dessa merda, preciso que esses paus no cu parem de ser cuzões. A culpa não é minha se eles provocam.

Mas como ela mesma disse, quem se fode com as minhas respostas, não sou apenas eu. É a banda.

Corri por mais dez minutos e já recebi uma ligação. Era ela, para variar.

— Fala, Lily — respirei fundo, caminhando.

— Mas que porra, Katsuki! — bradou, inspirei e expirei. — Você não consegue fechar a porra da boca quando te alfinetam?! Sabe que fazem de propósito e você vai lá e da corda! Tem noção de que já está na internet? De que as pessoas estão vendo a sua má educação?!

— Ele provocou, escutou o que merecia. E que porra de história é essa de que aqueles demônios vão fechar o show?

— Ninguém sabe os horários ainda, caralho! Era mentira! Você consegue ser enganado até por mentiras! Sabem seu ponto fraco e você só deixa ele mais evidente ainda!

Lily era a única pessoa que eu evitava xingar, porque ela fazia dez vezes pior. Mesmo que eu pagasse ela para trabalhar para mim, eu que respeitava ela e não o contrário. Ela é foda, admito isso. Mas os sermões são um saco.

— Nem a minha mãe fala assim comigo, caralho! Não sou criança.

— Não fala? Pois deveria ter era te batido! Porque você é uma criança sem controle emocional nenhum! Cresce, Bakugou! Cresce! Porque se continuar assim, você vai afundar sua própria criação! Não adianta ser bom e ser um babaca com todo o resto!

Ela me humilhava, mas sempre entrava por um ouvido e saia pelo outro.

— Tá bom, Lily. Ta bom. — desliguei.

Novamente, ela tinha um pouco de razão. Mas não quer dizer que aquele cara não era um merda. Cai no joguinho dele. Filho da puta do caralho.

𝐌𝐮𝐬𝐢𝐜 𝐟𝐨𝐫 𝐦𝐲 𝐞𝐚𝐫𝐬 | ᴋᴀᴛꜱᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora