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Nova York (5 anos atrás)

Petrov

     Por mais que a persiana cobrisse a maior parte do sol, alguns raios infelizes persistiam em ficar diretamente em meus olhos durante a aula.

Não via a hora disso tudo acabar e eu poder, finalmente, ir para o treino. Que por sinal, está sendo muito bom para mim. Vem me tirando de tantos problemas que se alojaram em minha mente, que me sinto até grata pelos mil gritos que a treinadora da.

Um deles, sendo o maldito baile de debutante. Que por motivos de: ano passado inúmeros pais de debutantes foram investigados pela polícia, alguns até mesmo presos. Então, o evento decidiu adiar para esse ano.

Sim, bem na minha vez isso acontece.

Quando descobri, fiquei extremamente feliz por um simples motivo, Touya voltou. E dessa vez, não fiquei puta com ele por ter sumido por tanto tempo, já que descobri a razão.

Meu pai sempre foi um babaca com ele, então ele ter feito o que fez, não me surpreendeu. O motivo de minha felicidade foi cogitar que ele poderia ser meu par, mas logo lembrei que ele não poderia. Acabei deixando esse assunto quieto, meu pai que resolva.

Tudo bem que a porra do baile é amanhã e meu pai não comentou nada, mas ele vai dar um jeito, né?

Tudo que eu tenho que fazer é ficar linda, e esperar o príncipe encantado, certo? Príncipe esse que sei que provavelmente será o Deus do inferno, porque só isso que existe em nosso mundo.

Futilidade, babaquice e dinheiro. Nada mais importa.

Peguei os livros da mesa e fui para meu armário.

Sempre me impressiono com o tamanho dessa escola, e por mais que eu tente evitar, acabo divagando de mais na caminhada até o armário. Quer dizer, como vou saber quem é meu par se talvez meu pai nem estará lá? Ou melhor, fazer isso sozinha sem a minha mãe?

Ao descer as escadas, acabei esbarrando em alguém. Nada grave, apenas as costas batendo na dura parede.

— Ta tudo bem? — perguntou o menino.

— Ah, sim — sorri, sem graça — Perdão.

Continuei a descida, percebendo que esbarrei em Jaden. É, o famosinho. Descobri que as meninas piram nesse moleque, o típico badboy.

Sem sequer perceber de imediato, minhas mãos estavam tremendo. Não pelo esbarrão, mas sim por conta de com quem foi. As garotas do vôlei só sabem falar desse cara, e porra, foi no meio da escada, todo mundo viu.

Ele é meio que "proibido" até de se falar, as louras aguadas o denominam como posse. E juro, não tô afim de descobrir o que acontece quando se quebra esse pacto.

Também estou mais interessada em outro cara de qualquer forma.




Katsuki

        Respirei fundo escorado no armário, esperando Kirishima chegar para irmos para o treino. O corredor lotado me trazia a sensação de sufoco completo, ainda mais pelos cochichos entre olhares para mim.

Cruzei os braços, deixando a perna escorada. A música no fone não ajudava tanto quanto antes, no caso, quando eu não participava do time, ou pelo menos quando eu não era o capitão.

Virei o rosto para o contrário do grupinho que eu sentia estar falando de mim bem na hora que uma das meninas estavam vindo em minha direção, com sua mini-saia cortada que a escola obriga usar — não daquela forma —, com seus olhos azuis e mil acessórios de ouro.

Vi Viollet vindo com seus livros, me prontifiquei em pegar apenas para que aquela garota desse meia volta.

Não funcionou.

— Ta tudo bem? — Viollet questionou. Arregalei os olhos para ela, tentando avisar de alguma forma o que eu não queria que acontecesse.

— Bakugou? — respirei fundo, me virando para a garota com os livros de Viollet em mãos. — Podemos conversar rapidinho?

— Quem é você mesmo? — ríspido, questionei.

— Valen — seu cabelo foi passado para de trás da orelha, segurei o revirar de olhos — Filha do...

— Não me interessa de quem você é filha, Valen. — cortei. — O que quer? Tenho treino.

— Sabe o baile? — esperei que continuasse — Queria saber se você já tem par. Se não tiver, gostaria que fosse comigo.

— Não — não esperei sequer um segundo após sua fala sessar. — Já tenho par. E mesmo se não tivesse.

— Bakugou! — escutei a voz estridente de Kirishima, que provavelmente escutou a última parte — Ele está brincando, Valen! Mas ele já tem par. Sei que vários adorariam ir com você.

Sem demoras, ela saiu.

Vi Viollet completamente avulsa ali, pedi para que abrisse o armário e guardei os livros dela.

— Quem raios é o seu par, Bakugou? — perguntou ele.

Revirei os olhos, vendo novamente Viollet completamente avulsa sem entender nada. Ela pegou as coisas do treino dela, e sem dizer nada, apenas saiu.

— Ela — falei.

— A riquinha nova? Não fode.

Peguei minha mochila com a roupa do basquete e o tênis, jogando nas costas e começando a andar.

— O pai dela pediu — comentei — Eu meio que queria chamar de qualquer jeito. Conheço ela de pequeno, ela só não lembra de mim.

— Graças a Deus né, porque você virou um escroto. — virei o rosto para ele, perplexo — Pra que falar daquele jeito com a menina? Ela só queria saber se você iria ou não com ela.

— E eu neguei.

— Igual um escroto.

— Eu só não curto isso — comecei — Não quero dar trela para acharem que sou amigo deles. Não quero contato com eles.

— Mano, na moral mesmo? — o sermão iria vir, era sempre a mesma coisa — Você não precisa ser um babaca pra isso. Você tava com os livros da mina na mão, tá tentando ser legal com ela há dias e eu não sou cego. Mas e quando você surtar na frente dela de novo? Acha que ela vai gostar? Não vai, garanto. Menina nenhuma acha isso daora, Bakugou.

— Não ligo para isso. Não estou tentando ser legal.

— Sim, você está. Sempre espera ela, oi e tchau todo santo dia, mostrando as salas que ela já sabe onde são. Você não é assim, tá se moldando pra ela dar uma frase completa pra você por dia. E quando ela descobrir a sua real face? Vai fazer o quê? Pedir desculpas também? Coisa que você nunca faz.

Não queria aceitar que ele estava certo, então apenas fiquei quieto.

— Cara, ou você muda com todo mundo para ser verdade esse Bakugou que você quer que ela goste, ou para de falar com ela. Porque tá na cara que a Viollet vai se machucar.

— Viollet? — questionei, abrupto pela facilidade que ele disse o apelido que eu dei para ela.

— Petrov, amigo. Não quero sua mina, relaxa.

— Ela não é minha mina, Kirishima. Caralho, só uma amiga de infância.

— Uma amiga que não lembra de você, e você quer que seja sua mina. Não sou tão burro assim.

𝐌𝐮𝐬𝐢𝐜 𝐟𝐨𝐫 𝐦𝐲 𝐞𝐚𝐫𝐬 | ᴋᴀᴛꜱᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora