𝐌𝐮𝐬𝐢𝐜 𝐟𝐨𝐫 𝐦𝐲 𝐞𝐚𝐫𝐬 | ᴋᴀᴛꜱᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜ

07

Petrov

   Meus batimentos cardíacos estavam extremamente fora de compasso. A cada instante que os minutos se passavam enquanto Dabi pegava a música na bateria, eu sabia que estávamos mais próximos de entrar em palco. Não consegui permanecer no camarim com toda aquela pressão angustiante, correndo para as asas de Touya atrás de uma bateria para ver ele ensaiar e dar pitacos desnecessários. Não era importante minha presença aqui, mas lá junto com os dois loiros era simplesmente inadmissível.

De segundos em segundos alguém importante da organização do evento passava pelo corredor, afinal de contas, estávamos no território deles, não no nosso. O som estava uma merda, muito barulho, sem ter onde conectar tudo para ter um som mais limpo, simplesmente uma porra completa. E claro, Touya queria me matar por ter enfiado ele nisso.

Pensando melhor, eu também queria. Não sei onde estava com a cabeça ao aceitar isso.

— Você conhece Angels and Demons, né? — questionei, recebendo um olhar matador. O desconcentrei.

— Viollet — as baquetas foram soltas, e eu me escorei ainda mais na parede suja — Eu quem escrevi essa música.

Senti meu mundo caindo aos meus pés. Acho que foi o tiro mais certeiro que eu dei em minha vida, e estava completamente vendada, pois não fazia a menor ideia disso.

— Oi? — puxei o banco que estava ao canto, me sentando, perplexa — Como?

— Escrevi ela tem uns anos, não consegui fazer o instrumental nem achei que tinha muito futuro. Vendi para uma produtora qualquer, aparentemente, Bakugou viu bastante futuro nela.

— Me diga que vendeu por um valor bom, pelo menos.

— Não, foi uma mixaria. Se eu soubesse que daria toda essa repercussão, teria feito um preço muito mais alto. — Touya pegou as baquetas, desviando de meu olhar e as rodando nos dedos — Valeu por devolver ela pra mim, por uma noite.

— Touya — quase sussurrei, puxando o banco para o lado dele — Não sei se consigo performar Bad Romance. É muito complexo, muito amor e ódio envolvido... Muita coisa para passar tanto na expressão quanto na voz. Sinceramente, não sinto nada disso por Katsuki para fazer ao lado dele.

— E toda aquela raiva acumulada, Viollet? — senti seus olhos em mim, mesmo que os meus estivessem voltados para o chão — Você sabe que pode e que consegue. Foda-se ele, esqueça quem é que estará ao seu lado, apenas faça. Você é boa no que faz, trás vida para tantas letras, tanto cantando quanto performando. E caso com ele não flua, ande entre ele e mim. Tem o Denki também, não precisa focar só em um.

— Você quer que eu traga a ideia de que tenho 3 caras? Tá maluco? Hoje mesmo irão me chamar de puta. — sorri quase em escárnio — E outra, o Denki namora. Não vou fazer isso.

— Ainda tem dois.

Antes que eu pudesse sequer olhar para Touya, senti uma presença atrás de mim, me fazendo virar abruptamente e ver a "loirinha", como disse Lexa.

— Petrov — disse Thamires — precisamos conversar.

Me levantei, endireitando a postura.

— Faltam 10 minutos para entrarmos, Thamires. Preciso de me preparar.

Arrumei o cabelo, tentando me fazer o mais sem interesse possível nela. Puxei um pouco o cropped vermelho para cima e a saia jeans escura para baixo.

— Venha, se não quiser que eu fale na frente de Dabi — senti seu tom mudar, uma pitada de vergonha, talvez.

Respirei fundo, dizendo a Touya que já voltaria.

Caminhei um pouco atrás da mulher, para um local um pouco menos movimentado. Isso não estava me cheirando bem, e o pouco que eu estava me sentindo melhor, já havia desaparecido.