15

197 25 16
                                    

Nova York

Petrov

Desde a noite passada simplesmente não consigo dormir. Com um pouco de raiva — muita — e também pela frustração.

Katsuki sempre soube me tirar do sério, mas dessa vez eu cansei. Por muito tempo me corroía pensando que se eu desse o primeiro passo nós poderíamos ter algo novamente. Iludida.

Com esses primeiros passos que dei, adquiri apenas mais raiva e desgosto pelo homem que ele se tornou.

Não sou a melhor mulher do mundo, muito longe disso, mas eu tentei. Ele não quis tentar comigo.

Sei que Katsuki nunca virá atrás, e meu orgulho se fere por isso, porque eu fui.

Me sinto como na adolescência, jogada na cama com Touya sentado na cadeira em frente ao meu computador, sem falar nada, apenas me olhando e cada um pensando na própria vida.

Na verdade, estávamos esperando Olívia. Segundo ele, ela teria uma proposta para mim. Porém, minha cabeça não saia da noite anterior.

Acabei passando a madrugada toda olhando os sites de fofoca, e em um deles, descobri que Katsuki foi embora de carro. Horas e horas de viajem... Tomara que tenha passado tanto tédio que desistiu e abandonou aquela merda de porshe no meio da estrada.

— O que foi? — questionei para Touya. — Esse olhar de apaixonado ai não engana ninguém.

— E esse seu de ódio é mais nítido que o meu.

— É para ser nítido mesmo, por mim aquele loiro aguado pode ir pra casa do caralho — rolei na cama, ficando de lado para Touya. — Vocês conversaram?

— Você conhece ela, sempre a madura... Conversamos a noite toda. Ela não me deu nem um beijo!

— Deus, você ama mesmo essa mulher.

— Eu amo — Touya desviou o olhar — Mas odeio que ela sempre me perdoe. As vezes, penso que eu deveria deixar ela viver a vida dela, sem mim.

— Ou — comecei — você poderia simplesmente parar de fazer merda. Ela gosta de você, mas nós dois sabemos que ela nunca corre atrás, e te perdoa sempre com um pé atrás. Bom, pelo menos ela confia em você — comentei, pensando mais no meu "relacionamento" do que no dele.

— Para de ser amargurada, Viollet. Katsuki é um merda traumatizado, e você não é hospício pra ficar tratando daquele maluco.

— E a Olívia deve ser, né? Porque a maconha tu não larga nunca, nem as suas maluquices.

As batidas na porta fizeram Touya pular da cadeira, indo direto para a escada e vendo a empregada guiar Olívia para cima.

Por mais que em alguns momentos eu tenha que ser profissional, nesse, eu estou acabada de mais. Apenas pedi para que ela entrasse e se sentasse na cama.

Batemos um pouco de papo furado, até que ela suspirasse com força e com a insistência de Touya para que ela falasse logo.

— Petrov — começou — Sabe quando você está em um mundo que não é esse, e você escreve uma coisa tão profunda e que você adora, mas não tem nada haver com o seu estilo? Você imagina aquela música de uma forma completamente diferente que não cabe a você cantar?

— Sei exatamente como é — falei baixo, me lembrando de uma letra exatamente assim que engavetei há anos.

— Eu fiz isso — disse ela — Não consigo imaginar na minha voz, no meu instrumental, no meu estilo. Mas imagino na sua. Com Shigaraki na bateria, Toga no baixo, Touya na guitarra e você dando a vida no microfone. Eu sonhei com isso noite passada, por conta do seu passado com... Com ele.

𝐌𝐮𝐬𝐢𝐜 𝐟𝐨𝐫 𝐦𝐲 𝐞𝐚𝐫𝐬 | ᴋᴀᴛꜱᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora