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[Nome] Laviollet Petrov, Nova York.
6 anos antes.
2 de fevereiro de 2013.

Era inverno, e eu estava tão congelada quanto a neve que estava em minha calçada. Mesmo trancada no quarto, debaixo das cobertas, me sentia extremamente fria.

A Netflix seguia com o filme clichê que passava, a tv em meu quarto não me tirava da angústia que sentia.

Faltei mais um dia de aula, não tinha forças para ir. De qualquer forma, eu passaria. Algumas vezes eu queria ter o problema de ser obrigada a ir para passar, por precisar de nota. E não porque meus pais doam dinheiro e eu nunca vou ficar de recuperação.

Ano que vem começo o High School, o que não irá mudar muito, já que todos os alunos da minha escola vão para a mesma que eu ano que vem. Ricos são assim, seguem em manadas. Os pais nos criam para andarmos com os filhos de seus amigos, mauricinhos como costumo chamar.

Mentes pequenas, sem sonhos, sem vontades. Apenas pequenos protótipos robóticos do que os pais querem que eles sejam.

Por isso, tenho repúdio de todos os filhos dos amigos de meus pais que eles tentam enfiar como meu colegas. Nunca recebi nenhum deles em meu quarto, por mais que meus pais insistam.

Odeio seus carros caros. Odeio suas falas misóginas. Odeio suas aulas de francês semanais. Odeio seus cães caros. Odeio seus motoristas. Odeio suas empregadas.

Odeio ser uma dessas pessoas.

Não suporto o fato de que pessoas da minha idade não falem comigo por pensarem que sou igual todos esses mauricinhos.

Que só me importo com quanto foi meu corte de cabelo, quantas roupas comprei essa semana, quantos bailes beneficentes fui esse mês. Não sou, e odeio ter que participar de locais que apenas tem pessoas hipócritas.

Muitas vezes, queria sair para uma noitada. Sem que ninguém me conhecesse, conhecesse minha família. Que eu tivesse amigos comuns, fins de semanas tediosos e dias monótonos.

Ou, pelo menos, pais compreensivos.

Faltei à aula de francês hoje, e fui tratada como uma ninguém por conta de uma porra de aula de uma língua que eu nunca vou usar, porque eu nunca quis ir para a bosta da França. E de qualquer forma, inglês é uma língua universal.

Sou proibida se ver meus amigos por que eles não os aprovam. E juro, nunca fiz nada errado para que me colocassem tantas proibições e tantas imposições.

Touya sumiu tem cerca de 3 meses (que sumiu de fato, pois sua frequência em me mandar mensagens diminuíram desde o ano passado quando resolveu ir atrás dela), não sabia o por que até ver uma postagem dele com a Olívia. Ou D'orlean. Tanto faz, seja o primeiro nome, ou o segundo — Olívia — ou o sobrenome. É a mesma pessoa, a mesma pela qual ele me trocou. Nunca irei entender Touya, penso que ele apenas não sabe lidar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Mas sinto sua falta. Porque ele é a única pessoa que eu preciso por perto, e ele não está. Ano retrasado ele simplesmente sumiu da vida dela, e agora, da minha. Sempre dizia para ele conversar com ela, voltar para ela, porque ela era ótima para ele. Mas não para me esquecer, e também nunca para esquecê-la.

Não sinto ciúme, sinto um pouco de raiva. Dele, não dela. Mas na verdade, sei que isso é apenas saudade.

Nunca a conheci, mas acompanho seus lançamentos. Suas músicas me descrevem mais do que ela deve imaginar que alguém possa se identificar, e me sinto até feliz em saber que ela tem Touya ao seu lado. Mas eu também queria tê-lo por perto. Não é tão difícil assim conciliar atenção, porra.

Sei que fui infantil em muitos momentos e que isso afetou o que eles tinham, mas pelo o que ele me dizia dela, não acho que fui eu quem estragou tudo. Foi apenas o sumiço dele.

Touya é imaturo para muitas coisas, e eu sei disso. Ela também deve saber. Entretanto, é determinado em muitas outras.

Apenas... sinto saudade. Saudade do meu melhor amigo. 15 anos para muitas garotas é a sua melhor fase, para outras é a pior idade. E eu sou a segunda. Daqui um mês e meio é meu aniversário, no mesmo dia que acontece o baile de debutante. E meu melhor amigo não será o meu par, porque ele sumiu.

Sei que 3 anos atrás, no dela, ele foi o príncipe dela. Porque eu estava lá para assistir. Sonhei que daqui três anos seria eu, sem pensamentos errados, apenas eu e meu melhor amigo. Me frustrei com minha própria imaginação.

Estou passando por uma das minhas maiores crises familiares e não tenho ninguém para contar, tenho medo de me abrir com os outros, apenas guardo meus sentimentos e algumas vezes escrevo eles. Porra, sou só uma adolescente que achava que poderia contar com um amigo, e ele sumiu.

O que mais me dói nessa história, é que sempre pedi para que Touya não sumisse do nada. Sempre pedi para que me dissesse tudo, para que não fosse igual minha mãe. Infelizmente, ele sempre foi inconstante.

Meu pai pode ser super-protetor, mas sei que é para meu bem. Não quer dizer que não doa, mas entender seu propósito alivia um pouco. Ele tenta ser mais durão para que eu não faça coisas erradas, mesmo que eu não vá fazer.

Nunca quis decepcionar ele, tive minha mãe como exemplo para nao fazê-lo passar pelo mesmo duas vezes.

O sonho dele é me ver com uma graduação em direito, assim como ele. Penso nisso todos os dias, se devo fazer algo que detesto para deixá-lo feliz, ou seguir meu coração.

Isso me faz ter inveja de Olívia.

A fama trouxe sua vida particular à tona, mesmo que eu já soubesse quem ela era. Filha de deputado, rica, pais complicados. Me lembra a minha vida um pouco.

Seu pai queria que ela fosse médica, mas ela é cantora. Seus pais não falam mais com ela, mas ela tem direito ao dinheiro da família. Trouxe decepção, mas é feliz fazendo o que ela realmente quer.

Queria ter essa coragem um dia.

Também queria que Dabi estivesse ao meu lado se isso acontecesse.

Apenas me sinto uma tola por ter esse tipo de pensamento. Uma criança frustrada, que reclama de ter o que tantas pessoas querem. Fútil.










Hello, como vocês estão?

Gente, como eu disse, essa fic é no mesmo universo de uma que eu tenho do Dabi! Então, para melhor entendimento, recomendo que leiam aquela também!

Sei que o cap tá curto, mas prometo que melhora.

Bjs, amo vocês <3

𝐌𝐮𝐬𝐢𝐜 𝐟𝐨𝐫 𝐦𝐲 𝐞𝐚𝐫𝐬 | ᴋᴀᴛꜱᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora