Capítulo 02

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      Na sexta, acordei cedo já com uma mensagem do Bruno, me desejando um ótimo dia. Confesso que dei um sorriso bobo. Bruno sempre foi muito educado, prestativo e atencioso. Eu e Gabi nos arrumamos e seguimos para a Ufba. Chegando lá, mais uma vez, Thiago e Pedro chegam juntos de carro.

Eu: Vai ser todos os dias agora? - Perguntei baixo para Gabi.

Gabriel: Isso que pensei. - uma pausa - Thiago ficou olhando para você.

Eu: Foda-se! Quero que ele se lasque e suma da minha vida.

Gabriel: Você está melhor que essa gay, amigo! Saindo com um boy gatíssimo, muito gente boa e que é louco por você. - Eu havia contato sobre Bruno.

      Assisti duas aulas pela manhã e fui para a aula de monitoria. Como o semestre estava terminando, os alunos enlouquecidos pelas provas, eu acabei dando aula em qualquer horário vago.

Aluna: Phelipe do céu, eu vou ficar louca com tanta prova!!

Eu: Vocês só precisam se organizar, fazer uma rotina e seguir ela. Eu, por exemplo, estudo todos os dias quando chego da academia. Então fico livre dessa correria toda e ainda aproveito o final de semana, deixo ele livre para mim, raramente estudo nesses dias. Agradeçam a isto por eu estar com tempo.

Pedro: Não tenho como fazer isto todos os dias. Tenho vida pessoal e um namorado para dar atenção.

      Eu fingi não ter ouvido aquilo e nem perdi meu tempo respondendo. A outra aluna olhou para a minha cara revirando os olhos, pois ela tinha entendido a provocação. Eu tinha a absoluta certeza de que Pedro só ia para a minha aula de monitoria para me provocar de alguma forma. Minutos depois, eu recebo uma mensagem no celular:

"Quer almoçar comigo hoje?"

      A mensagem era do Bruno. Eu dei um sorriso bobo, todos viram, pois estavam prestando atenção na minha explicação e do nada eu parei e peguei no celular. Respondi a mensagem com um sim e ele respondeu que passaria para me pegar.
      A minha reação, e confesso que foi espontânea, de certa forma serviu para mostrar para Pedro que eu não estava por baixo e nem sofrendo por não estar mais com Thiago, a fase do sofrimento já havia passado.
      Avisei à Isa e ao Gabi que almoçaria com Bruno e, ao sair o setor da biologia e seguir para fora do prédio, dou de cara com Thiago, que me diz "oi" e eu o ignoro, fingindo não ter ouvido nada. Chego no estacionamento e Bruno já estava me esperando.

Eu: Bom dia!

Bruno: Bom dia, coisa linda! - Ele virou o rosto para eu dar um beijo em sua bochecha.

Eu: Demorei muito?

Bruno: Na verdade nada! Eu quem chegou cedo.

Eu: Onde nós vamos?

Bruno: Tem um restaurante no Campo Grande que eu gosto muito, servem uma comida muito boa.

Eu: Tudo bem então.

      Só para lembrarem que Bruno é um cara lindo. Branco, cerca de 1,90, ele era um pouco mais alto que o Thiago, cabelos num loiro mais puxado para o castanho e forte, aquele musculoso de academia. Bruno é libriano, estava com 25 anos e finalizando o oitavo semestre da graduação em Odontologia.
      O restaurante era muito bonito, eu ainda não o conhecia, logo um garçom chegou para nos servir, perguntando o que pediríamos.

Bruno: O que vai querer?

Eu: Não sei, não quero sair da dieta.

Bruno: Pare com isso. Você malha todos os dias. Já disse várias vezes o quanto você é lindo! - O garçom olhou sem graça.

Eu: Mas eu não quero sair do foco!

Bruno: Eu te acompanho. - Olhei para a cara dele com uma risada.

Eu: Quero um fettuccine com camarões. Para beber um suco de maracujá forte, gelado, mas sem pedras de gelo, com açúcar, por favor.

Bruno: Vou querer o mesmo prato, porém quero um suco de laranja sem açúcar.

Eu: Não consigo beber suco sem açúcar, por isso eu foco a dieta em outras coisas, rs.

Bruno: Mas o de laranja não precisa mesmo, por isso pedi sem. - Uma pausa. - Avisa quando for sair da faculdade que vou te pegar.

Eu: Eu já disse que não gosto de mudar a sua rota, Bruno!

Bruno: Lipe, não muda minha rota em nada, pois eu passo todos os dias pelo campus de ondina para ir para minha casa. E para eu ir até lá, eu também tenho que passar pela sua casa, então tá tudo certo.

Eu: Tá certo, me convenceu, rs.

Bruno: Como foi a sua manhã?

Eu: Foi tranquila, tive aula cedo e depois fui dar monitoria.

Bruno: Aquele cara estava lá?

Eu: Sim, estava. Ele não perde uma aula minha e em todas ele tem que me alfinetar de alguma forma.

Bruno: Tem visto Thiago?

Eu: É difícil não vê-lo. Estudamos no mesmo pavilhão. Antes de te encontrar, indo para o estacionamento, eu o vi, ele falou um oi e o ignorei.

Bruno: Ainda gosta dele?

Eu: Bruno, eu sei que não é o mesmo sentimento de antes, pois há muita chateação e mágoa.

Bruno: Tem chances de você voltar com ele?

Eu: Olha, eu não quero entrar nesse assunto sobre Thiago. Isso é desconfortável.

Bruno: Me desculpa, de verdade! É que preciso saber onde estou pisando.

Eu: Não, não há chances de voltarmos.

Bruno: Isto me deixa tranquilo. E o que preciso fazer para conquistar você? - Fiquei sem graça.

Eu: Você está no caminho certo. - Ele deu um sorriso largo.

      O almoço foi muito bom. Bruno é um cara super tranquilo e seguro dos seus sentimentos. Conversamos bastante e, vez ou outra, ele me deixava sem graça. Apesar de estar vulnerável e cheio de feridas, eu estava disposto a deixar fluir com Bruno. Terminamos o almoço, não demorou muito, pois nosso tempo era curto, ele pagou a nossa conta e seguimos para a faculdade. Quando ele me deixou no meu campus, demos um selinho mais demorado e ele me lembrou que iria me pegar no final da minha aula.

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