thirteen

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{Akyra pov's}

{08:30 PM} ~ {20:30}

Yuzumy estava demorando muito e eu já não aguentava mais ficar acordada. Estava cansada, mas não conseguia pegar no sono. A mente parecia em guerra comigo mesma. Fazia tanto tempo que eu não tinha sonhos. Quando eu conseguia dormir, o vazio me envolvia e eu acordava sem lembrança alguma. Até essa noite, quando acordei em pânico, a respiração acelerada e o peito apertado, como se estivesse prestes a desmoronar.

Tive um pesadelo terrível com Mihy. Eu via sua expressão angustiada, mas o pior não era isso. O pior era vê-la apontando para um homem que não conseguia distinguir. Ele estava nas sombras, sua silhueta borrada, mas a tensão no ar era palpável. O medo e a dor que sentia eram tão reais que meu corpo inteiro tremia. Despertei com o coração disparado, e o desespero tomou conta de mim. Eu não queria dormir novamente, não queria reviver aquele pesadelo. Só queria que Yuzumy chegasse logo para me trazer um pouco de paz.

{10:49 PM}~{22:49}

Eu ainda estava inquieta, pensando naquilo, quando ouvi o som da porta da frente se abrindo. Yuzumy finalmente chegou. Ela estava visivelmente cansada, com a testa franzida e as mãos segurando a cabeça como se uma dor insuportável estivesse se instalando ali. Eu sabia que ela tinha tido um dia difícil, então decidi não tocar no assunto do pesadelo ou sobre o que estava me atormentando.

— Como foi o trabalho? — perguntei, me sentando à mesa da cozinha enquanto ela preparava algo rápido para comer.

Ela suspirou, o cansaço estampado em seu rosto, mas respondeu com um sorriso fraco.

— Foi bem, achei que não ia conseguir decorar e fazer as coisas assim de uma vez, mas até que deu certo. — Ela se virou para mim, sua expressão aliviada, mas cansada.

Eu estava observando cada movimento dela enquanto preparava o macarrão com queijo, e uma ideia surgiu em minha mente. Eu precisava dizer o que estava me incomodando.

— Seu chefe que me trouxe para casa. Yuzumy, não é querer ser egoísta, mas não precisa disso. Eu sempre andei sozinha, e não é porque agora você tem um emprego importante que eu preciso de um "motorista particular". Sério, não ligo para essas coisas.

Yuzumy parou por um momento, e sua expressão ficou mais séria. Ela não respondeu imediatamente, mas logo continuou a preparar o jantar.

— O senhor Haruchiyo concedeu este favor porque o motorista não podia vir. Ele se ofereceu, e para não te deixar sozinha, eu aceitei. Não quero que você ande sozinha, Akyra. — Ela colocou dois pratos de macarrão na mesa, os olhos agora focados no que estava fazendo.

Eu respirei fundo, ainda sentindo a frustração crescer dentro de mim. Não gostava de ser tratada como uma criança, mesmo que as intenções de Yuzumy fossem boas.

— Mas eu não me sinto à vontade com esse sufoco todo. — Eu soltei, sem querer, e senti o peso da palavra assim que ela deixou minha boca.

Yuzumy arregalou os olhos por um segundo, mas logo sua expressão se fechou, e ela voltou a manter a calma.

— Coma. — Ela disse simplesmente, pegando o prato e colocando na minha frente.

Eu olhei para o prato, a comida estava boa, mas o desconforto que eu sentia era maior. Eu sabia que Yuzumy estava se esforçando para ser uma boa amiga, uma amiga responsável, então resolvi ficar quieta e não dizer mais nada. Ela estava tentando, e eu não queria ser ingrata.

— Yuzumy... Sinto saudades de comer comida japonesa. — Falei baixinho, tentando quebrar o silêncio, pegando o garfo e mexendo no prato, olhando para ele como se esperasse que a comida fosse resolver algo dentro de mim.

Tudo Começa Quando As Tardes Nunca Acabam Onde histórias criam vida. Descubra agora