- Ai, Deus.- Noey reclama pela milésima vez nessa manhã. - Como eu odeio educação física.
É quinta-feira, e nosso primeiro tempo de aula é a tão amada educação física. Eu realmente não me importo porque até gosto de esportes no geral, mas Noey reclama mais do que respira durante cada momento da aula. Irin só fica rindo da maneira horrorosa como Noey se alonga e eu fico rindo da risada de Irin. É uma tipica manhã ensolarada, sendo essa a única coisa que eu realmente odeio nas aulas de educação física: esse calor horrível dos infernos.
De longe eu consigo ver minhas colegas líderes de torcida, todas se alongando e cochichando vez ou outra. A minha candidata do encontro de um dólar está entre elas, mesmo que não seja uma líder de torcida. Apesar de que Freen tem o padrão de beleza de uma garota popular - ela é alta, chama a atenção e é bastante atraente - o seu jeito totalmente desengonçado nunca permitiria que ela executasse os movimentos corretamente.
Mas imagina só ela com aquele informe.
- Você está encarando. - Noey diz meio baixo. Desvio meu olhar de Freen na mesma hora. Na verdade, eu nem estava olhando para ela.
- Ela está obcecada. - Irin comenta desnecessariamente.
- Agora não se pode mais nem olhar pra ninguém. - Eu reclamo esticando os braços acima da cabeça. Noey quase se desequilibra enquanto alonga a perna.
- Já sabem para onde vão no encontro? - Ela fala após se recuperar.
- Parque de diversões. - Digo reunindo todas as minhas forças para não olhar para onde Freen está novamente.
Irin me olha como quem diz "essa tem coragem".
Tento não me imaginar pagando mico com Freen no parque, mas é quase impossível, dado que tudo que Freen faz sempre dá errado de alguma maneira, ninguém precisa conhecê-la tão bem para saber disso. Tenho quase certeza de que vamos acabar dando errado também. Mas tudo bem, podíamos apenas dar uns beijos, nada muito sério. Eu estava morrendo de vontade de beijar ela, mesmo que nunca fosse admitir isso em voz alta.
- Fátima, segura meus braços. - Noey fica de costas para mim e põe seus dois braços para trás.
- Fátima é sua bunda. - Digo puxando os dois braços dela para trás. Desde que contei à elas que Freen me chamou assim de novo, meu pesadelo com elas me chamando de Fátima recomeçou.
Quero olhar para Freen de novo, porque ela está linda com o cabelo preso em um rabo de cavalo e roupas esportivas, mas sei que Irin está pronta para me zoar se eu o fizer.
- Eu sei que você quer olhar pra ela.- A maldita diz como se tivesse lido minha mente.
- Claro que não. - Digo, mas já estou olhando para ela.
Freen me olha de volta no mesmo segundo, depois desvia. Ela perde a meada da conversa com as meninas, coisa que me arranca um meio sorriso.
Olhe pra mim, idiota.
- Isso parece coisa de filme. - Acho que Irin está falando. Não consigo pensar direito porque Freen está me olhando agora mesmo.
- Se preserva, becky. - Noey diz com ar de riso. Puxo seus braços com força. - Ai!
Em um momento, Freen é a única coisa que consigo olhar. Fico até meio nervosa porque desde que nos falamos perto da máquina de doces (há dois dias atrás) mal tínhamos nos olhado durante as aulas ou nos corredores. De repente, tudo que vejo é uma bola de futebol americano atingir a cabeça de Freen. Ela perde o equilíbrio por alguns instantes enquanto segura a cabeça. Noey está morrendo de rir à minha frente. As líderes de torcida que conversavam com ela se dispersam segurando risadas.