capítulo 15

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- Porque você não vai dormir? Nós temos aula amanhã. - Minha voz sai baixa contra meu celular. Eu me cubro melhor com meu lençol e espero uma resposta de Freen.

Já se passaram dez minutos depois da meia-noite e estamos nas nossas costumeiras ligações noturnas. Freen estava falando pelos cotovelos sobre qualquer coisa aleatória que vinha em sua mente e acabou compartilhando que vinha tendo sonhos frequentes comigo.

Eu me animei querendo saber detalhes, mas Freen se absteve de me contar com risadinhas que poderiam ter me irritado se não fossem tão adoráveis. Fiquei um tempão insistindo para ela me contar, mas não aconteceu. Ela disse que um dia eu saberia. Hum, garota irritante.

Depois disso, Freen me contou que estava morrendo de sono e eu sabia que ela provavelmente dormiria a qualquer momento durante alguns dos meus discursos sobre os filmes de romance que assisti na Netflix essa semana. Eu adorava pagar de crítica de cinema e Freen era a única que costumava concordar com meus pontos. Ela amava quando eu ficava brava com algum enredo mal feito e começava a falar como a chefona de algum blog de críticas, Freen dizia que gostava quando eu parecia autoritária e mandona.

Voltando ao agora, meus olhos estão começando a pesar e escuto a voz de Freen ficar mais arrastada enquanto ela fala.

- Eu tenho que ficar de olho na minha mãe.

- Ainda tá ruim assim? - Eu pisco com força, tentando espantar o sono. A mãe de Freen estava melhorando, é claro, mas muito lentamente.

- Sim. - Freen costuma ficar monossilábica quando entramos nesses assuntos.

- Ela não tomou os remédios?

- Sim, mas eu não sei... - Ela está incerta e não gosto desse tom de voz mais baixo que ela usa quando fica frágil.

- Ela não vai acordar agora, Freen.- Afirmo tendo em mente que não é nem um pouco saudável para Freen passar noites em claro vigiando a mãe, mesmo que ela fosse acostumada a fazer essas coisas. Eu sei que ela se preocupa e entendo isso, mas agora que Freen pode comprar os remédios direitinho e dá-los para sua mãe, acredito que isso não seja mais necessário. Afinal, ela está melhorando. Freen solta um bocejo longo na linha. - Tá vendo? Por favor, dorme. Isso não é saudável pra você. - Volto a pedir.

- Não posso. Tenho medo de ter pesadelos. - Freen diz com uma vozinha pequena e posso imaginá-la fazendo um biquinho que eu adoraria beijar no momento.

- Mas você disse que tava sonhando comigo esses dias. - Me viro de lado na cama e abraço um travesseiro. Podia ser Freen aqui.

- Sonhei com você, mas também tive pesadelos com outras coisas depois.

- Credo, Freen.

- Antes eram só os pesadelos, pelo menos agora tenho os sonhos bons com Rebecca Armstrong. - Ela suspira.

- Com o que você tem pesadelos? - Me arrisco a perguntar, mas temo um pouco a resposta.

- Eu costumo esquecer, mas na maior parte das vezes sonho com algo de ruim acontecendo com a minha mãe. Ou pessoas tentando me matar.

Ela se demora com as palavras, o assunto claramente a deixando desconfortável.

E isso é a última coisa que quero, mas não posso deixar de pensar nisso. Devia ser horrível sonhar com essas coisas. Pior mesmo foi quando Freen começou a acreditar nisso.

- Mas você precisa dormir, bebê... - Uso a voz mais fina que está reservada somente para momentos em que estou sozinha com Freen e quero fazer manha.

- Não. - Freen ri. Por telefone é mais difícil tentar convencê-la.

- Idiota.

- É sério, Rebecca. - Mas ela ainda está rindo.

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