- Vai logo. - Irin choramingou como uma criancinha mimada encostando seu queixo no ombro de Taylor. Então ela começou a pressionar os próprios lábios juntos como se fosse explodir. - Eu quero comer.
- Espera. - Taylor, que admiro muito por sua paciência, apenas riu enquanto continuava montando uma pequena casa com waffles em cima de seu próprio prato.
- Para de ser apressada. - Eu tento repreender Irin, mas ela nem me dá ouvidos ao que fica encarando a casinha de waffles sem piscar com a cabeça ainda deitada no ombro de Taylor.
Algumas semanas depois da nossa celebração atrasada do aniversário de Freen, estávamos todas reunidas em uma das mesas do refeitório naquela manhã de terça-feira. Taylor tem sentado conosco desde ontem, nos obrigando a parecermos civilizadas diante de sua presença em nosso meio. Ela era muito educada e dócil, sempre sorrindo e fazendo coisas gentis por nós, perguntando sobre como Freen estava e sempre se mostrando disposta a ajudar com o que pudesse. Eu gosto dela.
Enquanto isso eu estava tentando terminar um dever de história que deixei para fazer em cima da hora, como sempre. Eu não me orgulho disso, mas o bom é que sempre consigo realizar minhas tarefas, não importa o quão de última hora seja.
Freen está ao meu lado, se alimentando de um sanduíche natural enquanto também encara os waffles de Taylor com um olhar sonhador. Noey está fazendo o que você já deve imaginar: jogando aquele Animal Crossing maldito incessantemente sem nos dar atenção alguma.
- Taylor, eu posso comer também? - Freen pergunta, os olhos grandes e redondos soando tão piedosos que a fazem parecer uma criança de três anos pedindo um doce.
- Claro, nós três podemos dividir. - Taylor enfia um palito de dente em um pequeno pedaço de waffle que funciona como uma porta e sorri para Freen depois de finalizar seu trabalho. Uma casa modesta e pequena, feita inteiramente de waffles com a ajuda dos palitos. A garota tem muito talento - Pronto, comilona. - Ela vira o pescoço para olhar Irin, logo deixando um beijo em sua bochecha larga.
- Agora sim. - Minha amiga sorri puxando o prato para si.
- Ei, eu também quero. - Freen se intromete.
- Ai, eu ia te dar. - Irin revira os olhos para ela.
É difícil me concentrar no meu dever quando elas ficam falando assim sem parar e eu acabo me perdendo ao observar Freen ser adorável. Agora ela está com uma figurinha do Pikachu grudada na bochecha por obra de Noey, que só queria implicar com ela arrancando os adesivos de sua gravata e os colocando em todo seu rosto. Freen reclamou no início e tirou todos de sua cara, mas provavelmente esqueceu desse e nem deve lembrar mais dele.
Falando em Freen como se eu não falasse praticamente só dela aqui - acho que eu não poderia estar mais grata por ela estar tão bem. Depois que Freen fez todos os exames que a Dra. Ella Chen pediu e o tratamento foi iniciado, tudo tem estado em seu devido lugar. Ela fez um diagnóstico preciso, que era realmente tudo aquilo que suspeitava e prescreveu toda medicação necessária. Freen insistiu para ajudar no pagamento de seus remédios, chegando até mesmo a quase discutir com Noey sobre isso.
Ah... Os remédios. Feitos para diminuirem e depois eliminarem os sintomas como os delirios, alucinações e desorganização do pensamento. Foi difícil lidar com eles no início, porque obviamente tinham efeitos colaterais que deixavam Freen febril, com sentimentos de desassossego, inquietação e alterações dos batimentos cardíacos.
Ou seja, basicamente essa porcaria melhorava a esquizofrenia, mas dava defeito em outras coisas. Ella nos explicou que alguns pacientes são afetados pelos remédios diretamente no sistema nervoso e também podem ter perda ou redução de expressão emocional, mas disse que felizmente não era o caso de Freen depois de observar todas as reações dela aos medicamentos. E depois disso receitou alguns calmantes e outros remédios que ajudariam minha bunny quando os efeitos colaterais fossem intensos demais. E ainda bem que tem funcionado excepcionalmente.