capítulo 4

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Nos dias que se seguiram depois do meu encontro com Freen, ela faltou a escola na sexta e na segunda-feira.

Acho que ela gripou, não é? Acontece às vezes, ainda mais depois da noite que passamos no parque, que foi uma noite particularmente gelada. Também não é como se eu sentisse a falta dela.

Não, não senti nem um pouco a falta dela enquanto olhava pro nada durante as aulas de física (que eu já desisti de tentar prestar atenção), porque como não vou prestar atenção nas aulas, resolvia sempre ficar olhando pra ela. Mas eu não senti a falta dela.

Nas aulas de física, a única coisa que Freen fazia era dormir muito. Aquele sono que a cara fica toda amassada quando acordamos. Incrivelmente, ela é uma das poucas pessoas que conheço que não baba quando dorme na mesa. Não é como Irin, que só falta babar toda a água do corpo dela quando dorme nas aulas de matemática.

Outra coisa que notei é que ela dorme fazendo um bico e com os olhos meio abertos. A última característica pode ser um pouco assustadora se você olhar por muito tempo, porque dá a impressão de que Freen está morta ou desmaiada.

Parando um pouco de falar sobre Freen, meu final de semana foi bem legal. Não fiz nenhuma das minhas tarefas da escola, dormi a tarde inteira, ouvi minha mãe reclamar sobre meu uso excessivo de fone de ouvido, pintei as unhas da mão, me preocupei com as provas escolares da semana, mas decidi que ia estudar só um dia antes de cada uma, comi todo o macarrão da geladeira e levei um esporro do meu pai, ajudei minha mãe a retocar a tinta preta no cabelo dela (ela acha que ainda tem trinta anos de idade) e chamei minhas amigas pra passarem a noite aqui.

Irin dormiu na minha casa no sábado, e falamos mal de metade da escola e eu contei sobre meu encontro. Bom, ainda não parei de falar sobre Freen então esqueça a primeira linha daquele parágrafo. Irin disse que eu iria me apaixonar (olha a besteira), e chorou de rir, repito, ela chorou de rir, quando falei sobre os desastres na noite de quinta-feira.

Noey não foi porque tinha um campeonato de algum jogo online para participar, algo que agradeci porque não sei se aguentaria as piadas dela sem que acabássemos saindo na briga pra valer.

- Depois a freen ainda beijou ela, que alma boa, sinceramente. - Irin contou, abrindo seu potinho de plástico com vários pedacinhos de mamão cortados dentro. Roubei um pedaço com a mão, levando um tabefe dela. - Para de meter a mão na minha comida.

- Ai... - Massageio o local enquanto mastigo. Irin exagera com essa frescura dela.

- O quê? Teve beijo? - Noey se inclinou sobre a mesa do refeitório, nos puxando de volta para a conversa. Eu apenas fiz que sim com a cabeça enquanto mexia na minha unha, fazendo pouco interesse de toda aquela história. - De língua, Rebecca?!

Noey faltou na segunda-feira, ontem, porque disse que tinha batido o dedão do pé na quina da geladeira. Então só está sabendo dos maravilhosos detalhes do meu encontro hoje.

Na sala de aula não podemos falar muito sobre o assunto porque todo mundo escuta a voz de Noey, que não sabe falar baixo. O refeitório na hora do lanche é sempre mais seguro por conta do barulho.

- Verdade, não perguntei isso no sábado. Foi de lingua? - Irin perguntou, enfiando uns cinco pedaços de mamão na boca de uma só vez. Cruzes.

- Não. - Dou de ombros. Mas nossa, bem que eu queria que tivesse sido. Se tiver próxima vez, preciso tomar o controle e beijar aquela boca do jeito que eu bem entender.

- Esperava mais de você, amiga. - Noey apoia as costas no encosto da cadeira e pega a garrafinha térmica de Irin, a abrindo. - Aquele bocão da Freen e você me vem com selinho.

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