capítulo 18

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Tantas coisas aconteceram nessa semana que eu acho que é impossível que isso aqui seja curto, mas vou tentar resumir.

Por onde começo? Hum, ok, terça feira. O dia da consulta de Freen.

Na segunda, Taylor nos abordou na hora do lanche para dizer que já tinha conversado com o pai sobre tudo e que ele havia indicado uma colega de trabalho que teria um horário livre para atender nessa semana.

Mais especificamente no dia seguinte. Eu não poderia estar mais grata pela existência dessa garota e ainda mais grata por ela ter se encantado por Irin, fazendo assim favores para uma garota desconhecida como Freen com a pura intenção de conquistar minha amiga.

Depois tive que conversar com Freen e contar que marcamos uma consulta com uma psicóloga e acho que isso foi como um alívio para ela.

Freen estava silenciosa naquela manhã, os olhos cansados e ombros caídos, mas não me disse nada sobre estar se sentindo mal. Eu perguntei se estava tudo bem, a fiz prometer que não havia nada de errado, mas a coisa é que ela sempre foi boa em mascarar emoções.

De qualquer maneira, na terça-feira depois da escola, estávamos nós quatro adentrando o consultório pequeno e aconchegante da doutora Sandra, conforme o endereço que Taylor nos passou.

A consulta não era exatamente gratuita, mas tinha um desconto bem generoso, tornando possível que eu pagasse uma parte ao juntar minha mesada com a de Noey. O pai dela havia liberado Freen do Mariá mais cedo hoje, e eu pretendia ir para a casa dela depois da consulta para que pudéssemos estudar para a nossa prova de história em dupla. Ou podíamos fingir estudar e tentar colar de Irin lá na hora, mas ainda não decidi. Preciso incentivar Freen a ter bons comportamentos acadêmicos.

- Será que vou ter que fazer algum exame? Vou ter que tomar alguma injeção? - Freen apertou minha mão quando estávamos nos sentando no sofá da pequena sala de espera.

- E só uma consulta, garota. - Nego com a cabeça e olho na direção do balcão, onde Noey está encostada conversando com a atendente. Irin está ao lado de Freen, mexendo no celular como sempre.

- Vou ter que ir sozinha? - Freen realmente parecia uma criança às vezes.

- Acho que sim. - Levanto a mão para arrumar sua mecha e faço um carinho rápido na maçã de seu rosto.

Hoje ela parece bem melhor e isso me alivia de certa maneira. O ambiente ao nosso redor também é reconfortante, uma sala com cores mais vivas nas paredes, uma mesa de centro cheia de revistas, dois sofás verdes que definitivamente pareciam não se encaixar ali e o balcão branco onde a atendente conversava com Noey. O barulho tranquilo dos carros passando na rua é audível daqui, as buzinas não tão constantes também. Podia ter pelo menos uma televisão aqui, né?

- Não sei se contei pra vocês, mas eu tive um sonho estranho. - Irin finalmente parece lembrar que nós existimos e começa a falar enquanto enfia o celular no bolso da calça jeans. Antes que eu pergunte que sonho foi ou demonstre qualquer interesse em saber, ela continua: - Sabe aquela Irene da festa? Pois, é. Sonhei que a gente tava na casa da Noey, nós quatro, e de repente eu escutava um grito. Mas era bem alto. E de alguma forma eu sabia que era o grito dela, era um grito horrível, sabe? De horror mesmo. E então o sonho acabava, mas acordei com uma sensação ruim no peito. - Ela finaliza com uma careta, tremendo os ombros em desgosto ao relembrar.

- Credo, amiga. - Imito ela ao fazer uma careta confusa. - O que será que isso significa?

Eu acredito que sonhos tenham significados, inclusive, minhas experiências de vida me provam isso. Meus sonhos com Freen tinham pistas e os sonhos da própria Freen também, não era como se a vida real fosse imitar os sonhos, mas de alguma forma eles alertavam sobre algum acontecimento. No caso de Irin, foi uma premonição perfeita que me dá arrepios estranhos até hoje. Acho que só a ligação fortíssima que ela tem com Freen poderia explicar a forma como ela viu em sonho o que aconteceria.

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