- Rebecca, tem certeza de que quer ir? - Noey pergunta.
Ela está jogada na cama mexendo no celular, provavelmente jogando aquele jogo estúpido de sempre. Eu solto o ar dos pulmões depois de terminar a aplicação do batom na boca.
- Sim, Nop disse que nem vai dar muita gente. - Olho minha boca no espelho em minha frente, passando os lábios um contra o outro.
- Naquele dia do jogo nem tinha muita gente e você...
- No dia do jogo não eram só as pessoas, eu tava nervosa também. - Arrumo os de fios de cabelo atrás da orelha e tento ignorar o aperto no coração e o leve embrulhar do estômago ao lembrar do último ataque de pânico que tive no jogo da escola.
Essa é a razão da principal preocupação de Noey comigo essa noite. Ela acha que a festa de Nop pode ter muita gente, como se ele fosse algum universitário dando uma daquelas festas horríveis de fraternidade. Bom, espero que não seja. Ele não é de dar festas assim e também não é como se a casa dele fosse uma balada. Mesmo assim, Noey continua perguntando se eu tenho certeza de que quero ir. Eu gosto de festas, só não gosto de tumultos e Nop sabe disso, ele até me disse para ficar tranquila quanto à isso. Eu posso até ter um ataque lá caso ele esteja mentindo, mas quando passar eu esfolo ele vivo.
- Se a Freen vai, é claro que ela vai querer ir. - Irin está calçando os saltos perto da minha cama. Arremesso a primeira coisa que vejo na minha frente nela, que foi o meu rímel. - Ai, fodida!
- Parece até que meu mundo gira em torno dela, é aniversário do Nop se você não sabe, eu iria de qualquer maneira. - Volto a me olhar no espelho da penteadeira. Tão linda.
- Nem você acredita nessa fanfic. - Noey se levanta da cama. - Já estão prontas? Vamos logo, tô com fome.
- Quem já está por lá? - Eu arrumo meu cabelo pela milésima vez essa noite.
- Vi que Harry postou no stories umas fotos, tinha o Zayn, Louis, Harry... Aquele pessoal de sempre.
- Ela quer saber se a Freen já está lá, burrona. - Irin revira os olhos com um sorriso.
- Ai, nada a ver. - Eu digo com raiva, porque odeio que Irin esteja certa.
Irin se levanta e fica atrás de mim no espelho.
- Nossa, quem são essas gostosas? - Ela dá um tapa na minha bunda e caminha em direção à porta junto com Noey.
Solto uma risada enquanto me levanto para seguí-las. Minha mente me leva até Freen rapidamente. O que será que ela vai estar vestindo? E será que ela vai mesmo? As chances de eu ganhar um bolo são grandes. Pior que não tenho como me comunicar com ela desde que ela quebrou o celular, Noey até sugeriu que eu mandasse uma carta e eu como sou emocionada facilmente escreveria uma.
Queria conversar com ela por cartas e perguntar o que não tenho coragem frente a frente, se ela está realmente bem e se tem algo que a perturba. Tenho coragem de falar coisas sujas e imorais, mas perguntas pessoais e intimas relacionadas à alma e aos pensamentos me assustam um pouco. Mas algo me diz que por trás da máscara feliz e boba de Freen há algo obscuro. Espero estar errada.
Deixando as minhas paranoias um pouco de lado, no andar de baixo minha mãe listou uma série de coisas que eu não deveria fazer nessa festa, as principais foram: não beber, não chegar em casa bêbada e não deixar ninguém me embebedar. Ela leva essas coisas de alcoolismo muito a sério por conta do meu pai. Ele não bebe faz tempo, mas minha mãe acha que tenho a mesma inclinação que ele quando se trata de vícios. Falando no meu pai, ele nem chegou do trabalho ainda. Ainda bem, porque provavelmente ele seria a pessoa que iria me barrar de ir à festa. Como mamãe ama o Nop, ela sempre me deixa ir a qualquer lugar com ele. Ele poderia estar me convidando para uma orgia em Paris que ela me deixaria ir numa boa. Só que sem bebidas, Rebecca.