Estico meu braço esquerdo e suspiro fazendo uma careta. Mais uma vez, está fazendo um frio maldito.
Quando respiro, a lufada de ar fica visível no ar e os ventos me causam arrepios na espinha. Mas mesmo que esteja tão frio assim, ainda não foi o suficiente para o diretor cancelar o jogo do time de beisebol.
Como faço parte da equipe das líderes de torcida tenho que estar nesse frio maldito dançando e sorrindo como se eu não tivesse congelando até meu último fio de cabelo.
Estamos nos aquecendo no gramado e meus olhos não param de correr pela arquibancada cheia de gente que não tem mais o que fazer numa segunda à noite. Quem quer ver um bando de adolescentes batendo bolas com tacos? Eu não quero.
Ao que parece, aquela garota... Sabe, aquela garota que estou tendo relações nas últimas semanas? Pois é, ela também não curte esses jogos. Eu já sabia disso, já que nunca a vi num jogo antes, mas mesmo assim parece que agora eu sou uma idiota necessitada que precisa vê-la em toda oportunidade possível e uma pequena parte (okay, talvez uma parte muito grande) estava esperando ver aquele rostinho redondo por aqui.
- Ela está ali, perto da entrada. - Irin está ao meu lado, segurando uma de suas pernas na altura do rosto como se fosse a coisa mais fácil do mundo. E para ela era mesmo.
- Creio em Deus pai, garota. - Faço uma careta ao observar sua posição e também porque ela estava me stalkeando com seu olhar bisbilhoteiro, já sabendo que eu procurava por Freen. - Não sei do que você tá falando. - Estico meu outro braço para cima e tenho que fingir muito que não quero olhar para a entrada do campo aberto, onde ela disse que Freen está.
- Você é muito ridícula! - Ela me estapeia no ombro com uma risada.
- Sai fora, garota! - Empurro ela de volta, não conseguindo segurar um sorriso.
- Ela tá olhando pra cá. - Irin alonga o pescoço e seu rabo de cavalo moreno balança no frio. Seu nariz está vermelho e imagino que o meu já esteja igual.
Mesmo que eu tente não olhar, a ridícula ao meu lado segura meu rosto com as duas mãos e o vira na direção de Freen. A figura alta dela está encostada na parede ao lado da arquibancada, por onde os jogadores vão entrar daqui a pouco. Só fazem dois dias desde que não falo direito com ela.
Desde a festa de Nop ela não faltou mais nenhum dia restante daquela semana, mas mesmo assim não pude falar muito com ela, inclusive hoje de manhã.
Freen tem se dedicado bastante em pegar os conteúdos que perdeu quando faltou, e eu é que não vou atrapalhar a coitada. Nosso último contato foi um breve selinho perto da máquina de doces do refeitório na hora da saída.
- Vai logo lá, antes que o jogo comece. - Iria me empurra na direção dela.
Como se eu já não fosse fazer isso. Até parece que vou perder chance de falar com minha.... Minha amiga Freen.
Como você realmente é ridícula, Rebecca.
O vento frio continua a rodear pelo campo aberto nessa noite irritante e gelada. Já disse que odeio o frio? Porque eu odeio. Minhas coxas desnudas por conta da saia curta são as que mais sofrem junto do meu pescoço exposto por conta do rabo de cavalo bem alto que tive que fazer, já que meu cabelo está longo demais.
Freen vai ficando cada vez mais próxima, os braços cruzados e o torso agasalhado por uma jaqueta grande e um capuz cobrindo os cabelos, tanto que mal consigo enxergar as mechas.
- Com licença. - Eu digo quando já estou perto o suficiente.- Eu vi que você estava me vendo e eu queria que você visse que eu te vi também.
Freen dá um daqueles típicos sorrisos lindos que eu realmente fico sem ar só de ver. Seus olhos me encaram de cima para baixo.