Respira fundo.
Eu sei que você veio ler isso aqui achando que estariamos todos felizes e juntos numa realidade onde Freen e eu somos um casal amável, onde permanecemos apaixonadas e loucas uma pela outra. Mas não, não é isso que você vai encontrar nos relatos a seguir.
Eu não quero ser desagradável e destruir todas as suas fantasias e esperanças, mas preciso logo contar a verdade.
As pessoas mudam, as circunstâncias também, e infelizmente o amor é um sentimento traiçoeiro. Não é que tudo deu errado, é só que não estávamos mais naquela onda de paixão avassaladora. E a paixão acaba. Resumindo, foi por isso que eu e Freen terminamos, simplesmente porque os sentimentos românticos se foram, mas o amor e carinho continuaram ali. E eu acho que é sobre isso, sabe? Sobre amar, sobre se importar, mesmo que não estejamos mais juntas num sentido totalmente amoroso.
Agora respire fundo. Você acabou de cair numa brincadeira. Haha, alguém riu? Se você acreditou mesmo que eu deixaria Freen, pode ter certeza que não leu essa história direito. Arrisco a dizer que ela provavelmente nunca vai se ver livre de mim. É isso mesmo, sou um pouco obcecada por ela. Só um pouco
Agora que a palhaçada acabou, retornemos ao presente momento. Mais precisamente um ano depois de nos formarmos no ensino médio..
- Porque o frio tem que existir? - Devo estar com o maior bico do mundo nos lábios enquanto resmungo sem parar. Freen dá uma risadinha.
- Porque você tem que ser tão ranzinza às vezes? - Ela está com aquele sorriso completamente carinhoso no rosto e ajeita o gorro em minha cabeça com naturalidade.
Sinto minhas bochechas congelando meu nariz parece ser apenas um pequeno botão feito de gelo em meu rosto.
Claro que eu era a única pessoa infeliz o suficiente com o frio. Estamos há uma semana do natal, nos preparando para as festividades e tentando curtir as férias no clima aconchegante que se instalou sobre a cidade com essa data. Aconchegante segundo a minha mãe, é claro, ela diz que o frio nos faz ficar em casa com a família aproveitando momentos únicos ao invés de estarmos por aí na rua. Como eu detesto esse clima gelado, vou odiar o frio mesmo estando em casa ou na rua.
- Tá me chamando de chata, Freen? - Estreito os olhos para ela, observando seu rosto ganhar uma expressão surpresa e então risonha.
- Sim. - Ela me desafia. - Meu gnomo chato. - Freen completa a frase com um beijo exagerado em minha bochecha, aquecendo a pele com seus lábios mornos.
Mesmo que esteja fazendo um frio implacável em quase toda cidade, Freen permanece quentinha como sempre. Eu me desmancho imediatamente, como já era de se esperar. O poder que Freen e seus gestos carinhosos têm sobre mim é admirável, e com certeza é o motivo pelo qual aceitei sair com ela nessa tarde para brincarmos na neve.
Sim, ela me perturbou durante horas no telefone e me mandou incontáveis mensagens de áudio no celular cantando aquela música irritante do Frozen, "Você quer brincar na neve..." e o pior foi que até Irin se juntou à ela. Ela me ligou durante o almoço e já começou a cantarolar essa canção maldita antes mesmo que eu dissesse alô.
E aqui estamos, nos arrumando na porta da minha casa enquanto Nop e Heng brincam com Taylor lá fora no que antes era o meu jardim, mas agora é apenas um campo de neve grossa. Dá para ouvir as risadas estridentes da meia-irmã de Freen claramente, seus gritinhos infantis e os barulhos da neve se espatifando em algo.
Não, não é a querida ex da Irin, é que agora Freen tem uma meia-irmã mais nova que se chama Taylor e ela tem cinco anos de idade. E não, a Dra. Ella não tem muita criatividade com nomes.