Despertei-me quando a iluminação vinda do sol se fez presente na casa.
Sentei-me, e percebi que minhas roupas estavam sujas por conta do tecido úmido que forrava o sofá.
Em outro momento, isso seria algo para me deixar irritada, mas eu não estava podendo fazer muitas reclamações, já que não tinha nem para quem reclamar.
— Bruxo — Sussurrei para o vazio em minha frente. Era uma missão que eu teria que cumprir, acabar com um bruxo, mas onde encontraria ele? Quem seria esse bruxo?
Outra preocupação, era minha promessa para libertar a garota, mas se ela ainda havia algo a se fazer na terra, como ceifaria sua alma?
— Eu pago depois — ouvi uma voz conhecida ao lado de fora.
— Não, ou paga agora, ou não terá — outra voz masculina falou.
Sai da casa sem medo de quem estava ao lado de fora. Os dois tinham olheiras profundas, a respiração pesada, um era alto, e ruivo, seu rosto era dominado por sardas. Já o segundo, era conhecido. Os cabelos estavam bagunçados, sua roupa se encontrava amassada, seus lábios finos e os olhos cinzentos. Dimitri se encontrava a passos de mim.
— Dimitri — sussurrei.
— Então gata — disse o ruivo — Você veio comprar também? — Me perguntou.
— Comprar o que?
— Cocaína — falou, mas dessa vez me lançou um olhar desconfiado.
Ótimo, agora Dimitri estava se drogando. Era isso que faltava para minha vida se tornar perfeita — pensei comigo.
Olhei para Dimitri e perguntei.
— Desde quando?
— Desde que a garota a qual amei morreu, e voltou como uma assassina — cuspiu as palavras.
— Essa garota não tem culpa — falei, mesmo que em parte me sentia culpada, já que fui eu quem aceitou voltar.
— Não importa, pois tudo o que eu sentia por ela se foi, se afogou naquelas águas.
— Se tudo o que sentia se afogou naquelas águas, significa que todo o seu sentimento foi uma mentira.
O homem ruivo impaciente questionou.
— Vocês vão querer ou não?
— Não! — gritamos juntos.
Ele saiu irritado, deixando apenas nos dois se encarando.
— Essa casa é minha única morada, então, por favor, vá embora — gesticulei com as mãos para que ele fosse em direção à rua.
— Você mudou muito, como quer que ainda goste de você?
— Eu entendo que você não tem mais sentimentos em mim, ainda mais pelo simples fato que se eu o tocar, você morrera. Porém o que me incomoda ainda mais, não é seu sentimento ter acabado e sim seus olhos que demonstram medo de mim, medo da aberração a qual me tornei.
Dessa vez, eu pude perceber que seu medo havia ido embora de sua expressão, e a tristeza havia o dominado. A tristeza por mim.
Algumas lagrimas escorreram de meus olhos, mesmo que eu tentasse contê-las.
— Joanny... — sussurrou. — Tudo vai ficar bem — usou o mesmo tom de voz que usava comigo antes, uma voz suave que demonstrava carinho e afeto.
— Não vai, sei que não vai. Sei que isso tende a piorar.
— Não pense desse jeito minha pequena.
Fechei meus olhos para conter novas lagrimas e sussurrei após abri-los.
— Acho melhor você ir embora.
Dei meia volta e entrei novamente naquela casa assombrada, sem esperar vê-lo partir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filha da Morte
FantasyCertos destinos não devem ser mudados, e Joanny descobre da pior forma. Destinada a morte, Joanny se vê tentada a aceitar as novas condições para voltar a vida, sem pensar no que isso poderia influenciar para si e para as pessoas a sua volta. Joanny...