"Querido Diário" — por um momento, encarei o papel em branco, o que deveria escrever. Eu estava tão ansiosa para resgatar o diário, mas na verdade eu não sabia o que deveria escrever nele. — "Acho que vou explodir."
"As pessoas não me olham como antes, não como uma humana qualquer que as preocupações eram" — agora que penso. — "Banais".
"Eu sou um monstro, é isso que todos a minha volta pensam. Mas eles não estão errados.
Meu apelido por onde passo é Filha da Morte, e de certa forma faz sentido. Já que quem me trouxe a vida, pela segunda vez foi ela... A Morte.
Queria poder voltar como eu era antes, ou melhor nem voltar. Permanecer morta me parece uma proposta tentadora" — Mordisquei a tampa da caneta e então, continuei. — "Eu sei que tenho uma missão, mas não sei quem devo encontrar. Seria tão mais fácil se a própria morte me falasse, mas ela não faz questão de me dizer."
Assim que fechei o diário ouvi a voz de uma mulher chamando por "filha da morte", essa voz vinha do lado de fora. Sai para fora e a visualizei. Seus cabelos escuros e lisos, a pele branca e os olhos de um azul escuro. Ela chora compulsivamente. Não me aproximei, mas perguntei da patente da porta.
— Está tudo bem?
Seus olhos me fitaram e então questionou, quase com a voz inaudível.
— Você é a filha da morte, certo?
— Não! — gritei irritada. — Sou a Joanny, quem é você? O que quer de mim?
— Ele ordenou que eu a matasse assim que terminasse minha transformação — ela respirou profundamente e ao meio soluço disse. — Mas eu não quero fazer isso, porem cada parte de meu corpo diz que devo.
— Diga-me, quem é você? Quem ordenou que me matasse? E que tipo de transformação você se refere?
Ela ficou em silêncio por um momento, olhou para o céu que estava bem estrelado.
— Eu não sei quem sou, não me recordo. Não me lembro dele, apenas sua voz. Ele ordenou que eu a matasse, ele quer um exercito dispostos a fazer as vontades dele, ninguém precisa morrer, apenas seguir sua ordem — bruxo, ele era o bruxo que eu deveria encontrar. — Deixe-me ficar aqui, por essa noite — ela pediu.
— Você vem a minha casa, me ameaça e ainda assim quer uma morada por uma noite?
— Eu prometo que não farei nada, eu estou sozinha... Sozinha como você.
Suspirei, de qualquer forma eu era protegida pelo o que eu era.
— Certo, mas a regra é básica. Não chegue perto de mim, pois se chegar morrerá.
Ela assentiu e ainda com os olhos lacrimejando sorriu.
Entramos na casa e gesticulei para que ela sentasse no sofá. Ela usava um vestido preto e uma jaqueta jeans.
Antes que ela sentasse, respirou profundamente e suas mãos encostaram na região de seu abdômen, onde o vestido estava manchado de sangue.
— O que aconteceu?
— Ele... — ela respirou profundamente e sentou no sofá ainda com as mãos em seus abdômen. — Eu não me lembro dele, mas lembro que o mesmo fincou uma espada em mim — ela ficou em silencio por alguns minutos como se assim pudesse conter a dor que sentia. — Eu não sei como estou viva, assim que cai no chão, eu lembro que ele estava falando coisas que para mim não faziam o menor sentido, era como se ele rezasse em uma língua diferente. Uma língua a qual eu nunca havia ouvido. Depois, lembro-me de estar parada em frente à sua casa.
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Filha da Morte
FantasyCertos destinos não devem ser mudados, e Joanny descobre da pior forma. Destinada a morte, Joanny se vê tentada a aceitar as novas condições para voltar a vida, sem pensar no que isso poderia influenciar para si e para as pessoas a sua volta. Joanny...