Capítulo 15

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Uma corda elástica estava amarrada em meu corpo, e presa na madeira da janela.

Eu tinha um objetivo, e se eu conseguisse cumprir, creio que seria a última coisa que seria feito sem ser escolha minha.

Ezequiel estava do outro lado da sala, com um sorriso estampando no rosto, estava confiante que eu não conseguiria concluir essa tarefa.

Eu teria que ser rápida e forte, para alcançar Ezequiel e encostar nele.

Por um momento pensei que fosse fácil, mas na primeira tentativa uma rachada de vento me atingiu fazendo com que o elástico me puxasse de volta até a janela.

— Você não disse que usaria sua "mágica" — acusei.

— Você deve estar preparada para tudo.

Após inúmeras tentativas fracassadas, eu desisti. Não sabia como vencer o poder dele.

— Eu desisto — sussurrei.

— Você o que? Está com medo de um vento? Sabe por quê? Porque você é fraca. Enoja-me de saber que você deve acabar com um bruxo. Que a morte lhe escolheu. Tantas pessoas melhores e escolheu logo você.

— Se você é tão forte e inteligente, por que não o encontra e o mate?

— Eu já tentei, porém infelizmente apenas o escolhido pode encontra-lo.

Antes sua expressão era puro deboche, agora ele se encontrava triste.

— Por qual motivo você quer a morte desse bruxo? Não adianta me dizer que ele é perigoso, pois posso ver em seus olhos que é por algo a mais.

Ele encostou uma de suas mãos em seu peito e disse.

— Infelizmente é pelo amor. Uma mulher linda foi manipulada facilmente, ela pensava que poderia me proporcionar um mundo melhor, sendo assim ela aceitava tudo o que ele dizia. Era só um experimento, obvio que ela não me escutou, ela queria ser igual a mim, queria possuir dons, poderes. Quando chegue em nossa casa, ela se encontrava deitada no chão com seu sangue manchando toda sua roupa, sua boca entreaberta era de onde saia mais sangue. Ela era sua primeira experiencia, e não deu certo. Agora ele se esconde de mim, pois sabe que se eu o encontrar ele será morto.

— Então você o conhece? — perguntei.

— Não, mas sei que saberei quem ele é, quando o encontrar.

— Sinto muito por sua perda.

— Também sinto, agora volte ao exercício — ordenou.

Eu assenti, assim que tentei, novamente o alcançar a rachada de vento me atingiu, mas finalmente tive uma ideia, o vento sempre vinha até mim, quando eu me movia na direção de Ezequiel.

Dessa vez não me movi em sua direção, e nem em direção oposta. Peguei a madeira que ficava na janela pra deixa-la fechada, e lancei em direção ao Ezequiel que sorriu ao perceber que eu havia entendido.

O vento não iria proteger ele de algo "material", ele protegeria Ezequiel de algo sobrenatural, da morte.

A madeira atingiu o ombro dele, não o machucou, ele poderia ter desviado, ou segurado em suas mãos.

Ezequiel queria mostrar para mim, que nem tudo deve ser contato físico.

— Joanny — A voz de Dimitri adentrou a sala com ele.

Soltei-me da corda e aproximei-me um pouco dele. Dimitri olhou para Ezequiel e perguntou a mim.

— Ele é um humano que você deve ceifar?

Olhei para Ezequiel que apenas encarava Dimitri.

— Juro que estou tentando mata-lo, mas ele não aceita a morte — sorri assim que ouvi Ezequiel rir.

Ele franziu a testa, mas ignorou.

— Vim trazer o recado de Anabella, ela está tentando te ligar, mas você não atende o celular.

Foi então que lembrei que meu celular estava descarregado.

— Droga, meu celular está sem bateria, mas qual seria o recado? — perguntei.

— Ela pediu para você ir até a casa dela.

Olhei para Ezequiel que disse.

— Vá, vou te deixar descansar por essa noite.

Dimitri olhou para Ezequiel e depois para mim, parecia irritado.

— O que? Agora precisa de permissão para sair?

— Criança, melhor você ir para sua casa — Ezequiel disse aproximando-se dele.

Dimitri soltou um riso e olhando para mim falou.

— Agora você tem alguém, para responder por você? Que bom — Dimitri deu as costas para mim e foi em direção à saída.

Eu não disse nada, apenas observei ele sair de minha casa.

— Não fale assim com ele, Dimitri é importante para mim Ezequiel, como aquela mulher era importante para você.

***

Estava no quarto de Anabella, ela havia comprado chocolates para eu devorar.

— Você não deveria estar aqui — Anabella falou.

— Você me convidou. Eu posso ir embora — falei levantando-me da cama.

— Não! — Anabella gritou. — Fique, por favor — suplicou.

— O que está acontecendo? — esse não era um comportamento comum dela.

— Eu quero que você vá embora e não volte. Para meu bem e para o seu.

Certo, ela estava me deixando assustada.

— Então eu vou embora — era exatamente isso que já havia sugerido.

— Não! — Anabella gritou novamente. — Não posso deixar você ir embora. Preciso que fique aqui.

— Anabella, diga-me o que está acontecendo — estava ficando irritando com o comportamento irracional dela.

— Eu não posso! Infelizmente Joanny, eu não posso. Eu só preciso que você fique aqui comigo, até que de o horário. Certo? Não é difícil fazer isso.

Ignorei seu pedido, e me encaminhei até a porta.

— Eu não ficarei aqui, se você não contar o que está ocorrendo.

— Certo. Sente-se ao meu lado, que explicarei — Ela sorriu para mim. Seu humor havia mudado rapidamente. Quando sentei ao seu lado, deparei-me com um ceifador ao outro lado de Anabella a encarando.

— O que faz aqui? — perguntei em direção a ele.

O ceifador não disse nada, apenas continuou encarando Anabella.

— Você é a melhor pessoa que eu já tive por perto Joanny.

Anabella, passou suas mãos em seus cabelos e então rapidamente se jogou em cima de mim para um abraço, e nesse mesmo momento o ceifador encostou nela, agora ela estava em meus braços e em minha frente em forma espiritual.

— Apenas siga-me — o ceifador ordenou.

Ela me olhou e então o seguiu deixando-me sozinha com o corpo sem vida dela em meus braços, e em choque apenas a visualizei desaparecer.

Filha da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora