Capítulo 13

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Limpar o local que me trazia a lembrança de uma pessoa que me ajudou, assim que me tornei uma ceifadora é uma sensação horrível.

Precisava de Ofélia comigo. Precisa sentir a confiança que ela tinha sobre minha pessoa, mas deveria convencer a mim mesma que não a teria de volta.

Joguei o corpo da garota em uma lona que encontrei, a amarrei e desci as escadas, levando-a comigo. Fiz o mesmo que havia feito com o irmão de Ofélia. Abri o buraco no terreno de minha casa e enterrei o corpo da garota que eu ainda não sabia o nome.

Agora fico pensando, se ela tiver uma família, como a mesma estará nesse exato momento? Despreocupada com o desaparecimento dela? Ou procurando por todos os lugares algum sinal dela. Talvez, até mesmo eles estejam conformados ao pensar que eu a filha da morte possa ter a matado.

— Joanny — ouvi a melhor voz do mundo.

Segui meu olhar em direção de onde vinha a voz e lá estava Dimitri com um sorriso esboçado no rosto.

Foi vendo ele que notei que eu estava desarrumada, suja de barro e com uma pá na mão após ter jogando toda a terra em cima do corpo da garota.

— Está tudo bem? — ele perguntou.

— Sim — respondi sem pensar, pois na realidade não estava nada bem.

Ele olhou para a pá que estava em minhas mãos e para a terra.

— Você tem certeza disso? — perguntou voltando sua atenção para mim.

— Acabei de enterrar uma garota, ela tentou me matar e matar meu irmão, mas diga-me. O que faz aqui?

Ele assentiu.

— Seu irmão, me procurou e pediu para que viesse até aqui ver como você está e pedir desculpar por ele ter fugido de você.

Assim que ouvi isso, sorri.

— Obrigada, pode avisar que estou bem. Agora, pode ir — sei que mandá-lo embora era a coisa mais ridícula de eu estar fazendo, porem de qualquer forma não era agradável ver ele na minha frente enquanto estava tendo turbilhões de pensamentos horríveis sobre minha pessoa.

Ele soltou uma risada e falou.

— Joanny hoje não sigo suas ordens, seu irmão pediu para que eu ficasse com você hoje, então desculpe você não tem escolha a não ser aceitar minha presença.

— Estão fazendo complô contra mim? — perguntei aguentando para não soltar uma gargalhada.

Dimitri sorriu e entrou em minha casa, lá de dentro gritou.

— Certamente, agora venha logo para dentro! — segui sua ordem e entrei em minha casa. Dimitri sentou no sofá e gesticulou para que eu sentasse ao seu lado, eu neguei imediatamente. Felizmente ele não insistiu. — Estava pensando — começou. — Bem, ultimamente o que eu mais faço é pensar... — Dimitri parou de falar e ficou olhando o vazio ao seu lado.

— Prossiga — incentivei.

Ele me olhou e então continuou.

— Você era para estar morta, mas está aqui — ele fez uma pausa, e nessa pausa eu apenas assenti e fiquei o encarando tentando saber onde ele queria chegar. — Conversei com uma pessoa e ela me ensinou como ajudar você.

Dimitri se levantou e deu alguns passos em minha direção.

— Conversou com quem? O que essa pessoa disse? — perguntei.

— Na realidade, não tem como eu salvar você, mas tem como eu ficar como você — Dimitri se aproximou mais alguns passos.

— O que você está dizendo Dimitri?

Filha da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora